A literatura de individuos e grupos alterizados
figuração de sujeitos que andam de ônibus
DOI:
https://doi.org/10.12957/arcosdesign.2024.84400Resumo
Para dialogar com a proposta do Seminário “Designs por Vir” e da Roda de Conversa “Praticar, imaginar e representar outros mundos”, busco em minha fala pensar a representação de sujeitos marginais, periféricos e subalternizado, sujeitos diversos que trazem uma experiência raramente contemplada pelas produções da literatura ou pelas das representações discursivas, de modo geral. Por esse tema tenho me interessado há algum tempo. Sobre ele tenho me debruçado com particular interesse, embora essa dedicação não tenha assumido a forma de uma pesquisa acadêmica. Prefiro considerar essas especulações simplesmente como o resultado de meu interesse de leitor, uma constelação de ecos das leituras de alguém que está tentando problematizar sobre determinado assunto à medida que vai acumulando olhares sobre diferentes obras. Interessa-me, portanto, pensar outro tipo de cultura, outro tipo de relação que a cultura estabeleceu a partir de um determinado momento com os sujeitos que estão nas margens da cidade e da sociedade. No contexto do Rio de Janeiro ou de São Paulo, por exemplo, as periferias e favelas constituem um universo no qual se observa uma rica produção cultural que conta com uma difusão e um reconhecimento cada vez maiores. A cultura, poderíamos dizer já não está reservada a uma minoria. Aliás, a minoria que no passado dominou a cena cultural hoje já não ocupa o primeiro plano nas representações.
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