Chamada aberta para o volume 19, n.1 (2026)

13-03-2025

A revista Arcos Design está com chamada aberta de artigos para o volume 19, n.1 - Design e tecnopolíticas

Prazo de envio dos textos: 31 de agosto de 2025. 
Previsão de publicação: início do primeiro semestre de 2026.

Proposta

As primeiras duas décadas do século XXI são marcadas por um intenso processo de mudança no qual o capitalismo de vigilância foi se tornando modelo hegemônico. Podcasts, redes sociais e noticiário televisivo apresentam entusiasmadamente inovações tecnológicas ao mesmo tempo, em que nos alertam sobre os perigos da tecnologia. O processo de desmaterialização da vida invade rapidamente nossa realidade mais imediata, da mesma forma como a sensação da compressão tempo-espaço parece intensificar-se. Em uma sociedade conectada por redes, a presença dos efeitos do uso de tecnologias digitais de informação e comunicação se dá em praticamente todas as esferas da vida social.

Benção ou maldição, a tecnologia digital (e as práticas que se dão ao seu redor) parece ser a “religião” dos nossos tempos, o fator coercitivo da sociedade. Os modos “tecnológicos” de vida assumem o protagonismo e ditam as regras desse viver na segunda década do presente século. Um clima de suspensão no ar parece se estabelecer em relação a tudo que não conseguimos compreender neste sentido. A lógica neoliberal se une à razão algorítmica.

O campo do design absorve com voracidade as novidades tecnológicas no afã de se sintonizar com os novos modos de produção e comunicação. Uma vertente instrumentalista da técnica parece marcar a maneira como designers “dominam” softwares na construção de soluções pretensamente inovadoras. Ao carregar crenças e valores do campo design, o uso de tecnologias digitais de informação e comunicação torna-se força expressiva para seus membros.

Como “cereja no bolo”, nos últimos anos, a IA generativa traça um cenário de maravilhamento e terror. Novas possibilidades tecnológicas surgem como forma de agilizar ou potencializar a criatividade em paralelo ao processo de demissão em massa. O discurso do fim da humanidade pela ação de uma inteligência geral que encerraria a luta entre homens e máquinas rompe as telas do cinema. A crise ambiental se acirra com o gasto energético do treinamento de dados. Encantamento e sedução, pânico e vertigem.

Como pensar aquilo que queremos como valores sociais mediante a hegemonia econômica, ideológica e midiática das Big Techs? De que forma enxergar possibilidades de uma soberania nacional de tecnologia? Como se constituir como sujeito não capturado pelos discursos redutores da subjetividade? Como ressignificar nossos corpos em tempos de modelização comportamental? É possível nos apropriarmos das práticas massificadoras de uma forma singular?

Em sintonia com o esforço empreendido por laboratórios de pesquisa e coletivos da sociedade civil que trabalham criticamente tecnopolíticas como forma de tensionamento ou resistência à situação vigente, abrimos espaço para a reflexão e discussão dessas políticas da vida contemporânea. São possíveis temáticas vinculadas a esta edição: capitalismo de vigilância; colonialidade de dados; IA, ética e regulamentação; racismo e viés algorítmico; redes sociais e modelização da subjetividade; movimento software livre; inclusão digital e direitos humanos; tecnologias ancestrais; culturas periféricas e tecnologia; soberania digital; filosofia da técnica; multiplicidade do pensamento tecnológico, dentre outras. Convidamos todos a participarem da reflexão da relação do campo do design com as tecnopolíticas.