Indiciamento das mulheres pela prática do abortamento: a (des)continuidade do discurso punitivista

Autores

  • Ana Carolina Januário Silva
  • Lisandra Moreira Espíndula Universidade Federal de Minas Gerais
  • Paula Rita Bacellar Gonzaga

Palavras-chave:

aborto, criminalização, decisões judiciais, direito penal.

Resumo

O objetivo deste trabalho foi analisar os argumentos empregados na condenação ou absolvição das mulheres acusadas de abortamento, especialmente os processos que foram suspensos. Analisamos sentenças e acórdãos referentes ao autoaborto (art. 124 do Código Penal) dos Tribunais de Justiça dos estados de São Paulo e de Minas Gerais. Como resultado do levantamento, constatamos a reiterada concessão da suspensão condicional do processo ou da pena, o que poderia ser considerado medida despenalizadora, por acarretar a extinção da punibilidade. No entanto, ante a aceitação e devido cumprimento das condições impostas pelo prazo fixado, o conteúdo das decisões de suspensão (de processo e de pena) explicita o caráter moral das sentenças, bem como a discriminação de gênero e a violência institucional. Assim, discute-se os fins da criminalização do abortamento e as consequências para o exercício pleno dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres.

Biografia do Autor

Ana Carolina Januário Silva

Graduada em Direito da Universidade Federal de Minas Gerais.

Lisandra Moreira Espíndula, Universidade Federal de Minas Gerais

Doutora em Psicologia e Professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas

Paula Rita Bacellar Gonzaga

Doutora em Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais e professora da Universidade Federal do
Sul da Bahia.

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Publicado

2021-08-27

Edição

Seção

Artigos