O horror à vida interior e o romance filosófico A Náusea
DOI:
https://doi.org/10.12957/ek.2018.38299Resumen
O objetivo do presente trabalho consiste em explicitar os fundamentos da crítica de Sartre ao determinismo psicológico e à noção de intimidade, citados pelo filósofo como pertinentes à obra de autores como Proust e Balzac, e apresentar o romance filosófico A náusea como uma proposta alternativa de literatura que estabelece uma descrição compreensiva de como os homens vivem, sem recorrer a determinismos ou à ideia de intimidade. Para tanto, inicialmente, busca-se apontar a teoria fenomenológica da consciência desenvolvida por Sartre em A transcendência do ego, e como o modo de aparição do “Eu” enquanto um objeto correlato de uma intenção reflexiva, é constituído como polo passivo e inerte de estados, de tal modo que a consciência, espontaneidade impessoal, permanece inafetável, argumento que fundamenta a crítica ao determinismo psicológico. Em seguida, a partir do texto Uma ideia fundamental da fenomenologia de Husserl: A intencionalidade, desenvolve-se a crítica de Sartre à noção de intimidade, presente, por exemplo, na obra de Proust. Por fim, apresentam-se as características do romance A náusea que a constituem como uma proposta alternativa de literatura, uma possibilidade compreensiva da realidade humana livre de pressupostos deterministas e da noção de intimidade.