O Cordel Filosófico de Raimundo: Farias Brito, a Filosofia do Espírito e a Índia
DOI:
https://doi.org/10.12957/ek.2022.63185Abstract
A consolidação da Filosofia do Espírito como Filosofia da Consciência é o centro nevrálgico de um diálogo entre Farias Brito e as tradição filosóficas indianas. Ao invés de uma “influência”, esse encontro sinaliza um caminhar paralelo, solidário e contemporâneo, que dá testemunho de um filosofar original na América Latina. Se, livre das tentações eurocêntricas, a avaliação comparativa da proposta britiana com as filosofias críticas europeias – e.g., o existencialismo, a fenomenologia, a hermenêutica – contribui, por certo, para aclarar aspectos de seu pensamento, por outras tantas razões, a avaliação comparativa com as filosofias dos Upaniṣads e do Budismo pode igualmente trazer aportes inovadores. Um dos aspectos fundamentais desse encontro, é a critica contundente de Farias Brito ao niilismo de Schopenhauer e sua apropriação equivocada das tradições indianas. Num contexto em que a principal fonte de acesso à Índia é o próprio Schopenhauer, a postura crítica de Farias Brito surpreende na adequação à propositividade das filosofias indianas. É, finalmente, em sua Filosofia do Espírito e, em especial, na afirmação de uma razão moral, eminentemente soteriológica, e em conexão estreita com o universo da religião, que percebemos o compromisso de Farias Brito com sua circunstância latino-americana, marcada por teleologias comunitaristas “deste mundo”, que predispõem a uma irmandade civilizacional não-iluminista com a Índia.