Noema, Idealismo e Metafísica na Fenomenologia de Husserl
DOI:
https://doi.org/10.12957/ek.2017.28789Resumo
O presente estudo se propõe abordar o estatuto do idealismo transcendental-fenomenológico de Husserl em sua relação com possíveis implicações metafísicas (ou a ausência destas). Para tanto, procuraremos situar o debate a partir de dois famosos artigos de Harrison Hall (1982; 1989) que apresentam a tese de que o idealismo de Husserl é metafisicamente neutro, e que mesmo o uso da expressão ‘idealismo’ seria potencialmente enganadora. A fim de discutir esta interpretação, colocaremos sob escrutínio o conceito husserliano de noema, visto que é sob a chancela de uma determinada concepção desta noção que a leitura de Hall é desenvolvida. O resultado alcançado será o de que há uma ambiguidade na resposta à pergunta sobre o caráter metafísico do idealismo husserliano, o que faz com que certo sentido de ‘metafísica’ seja abandonado por Husserl; mas, como o filósofo assinala nas Meditações cartesianas, não há a denegação de toda e qualquer metafísica. É a este respeito que procuraremos, por meio da investigação do conceito de noema, alcançar maior clareza.