Sobre os obstáculos discursivos para a atenção integral e humanizada à saúde de pessoas transexuais

Autores/as

  • Rodrigo Borba Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palabras clave:

Processo Transexualizador, análise do discurso, humanização, integralidade, despatologização

Resumen

Sobre os obstáculos discursivos para a atenção integral e humanizada à saúde de pessoas transexuais

Resumo: Este artigo problematiza alguns obstáculos discursivos para o cuidado integral e humanizado à saúde de pessoas transexuais no Processo Transexualizador brasileiro. Para tanto, faz-se o cotejamento das experiências de Agnes, uma participante da Clínica de Gênero da UCLA na década de 1950, e Vitória, atual usuária de um dos programas de transgenitalização brasileiros, com instâncias classificadoras. Argumenta-se que, embora estejam temporal e geograficamente distantes, Agnes e Vitória engajam-se em performances identi- tárias muito semelhantes balizadas por uma política narrativo-essencialista que patologiza e homogeneíza as transexualidades. Defende-se que tal política pode ser desafiada por microrresistências narrativo-performativas, i.e., histórias de vida que mostrem às instâncias classificadoras/diagnosticadoras in situ as multiplicidades que constituem nossa vida generificada e possam, enfim, produzir, performativamente, novos regimes identitários em consonância com a fragmentação que nos é constitutiva. Com isso, argumenta-se que a despatologização da transexualidade é central para a construção de relações intersubjetivas entre equipes médicas e usuários/as transexuais baseadas em confiança mútua, salientando, assim, seu potencial para a humanização do cuidado à saúde.
Palavras-chave: Processo Transexualizador; análise do discurso; humanização; integralidade; despatologização


Acerca de los obstáculos discursivos para la atención integral y humanizada de la salud de personas transexuales

Resumen: Este artículo problematiza algunos obstáculos discursivos en el Proceso Transexualizador brasilero para el cuidado integral y humanizado de la salud de personas transexuales. Se realiza, para ello, el cotejo de las experiencias de Agnes, participante de la Clínica de Género de la UCLA en la década de 1950, y Victoria, actual usuaria de uno de los programas de transgenitalización brasileros, con las instancias clasificadoras. Se argumenta que, aunque temporal y geográficamente distantes, Agnes y Victoria se compromenten en performances identitarias muy semejantes, demarcadas por una política narrativo-existencialista que patologiza y homogeneiza las transexualidades. Se sostiene que dicha política puede ser desafiada por microrresistencias narrativo-performativas, es decir, historias de vida que muestren a las instancias clasificadoras/diagnosticadores, in situ, las multiplicidades que constituyen nuestra vida generificada y puedan, finalmente, producir performativamente nuevos regímenes identitarios, en consonancia con la fragmentación que nos es constitutiva. Se argumenta con ello que la despatologización de la transexualidad es central para la construcción de relaciones intersubjetivas entre equipos médicos y usuarios/as transexuales basadas en la confianza mutua, destacando así su potencial para la humanización del cuidado de la salud.
Palabras clave: Proceso Transexualizador; análisis del discurso; humanización; integralidad; despatologización



On the discursive obstacles for a comprehensive and humanized trans-specific healthcare

Abstract: This paper discusses some discursive obstacles for a comprehensive and humanized trans-specific health care in the Brazilian context. To this end, it compares the experiences with classifying agencies established by Agnes, a participant at the UCLA Gender Clinic in the 1950’s, and Vitória, a user of one of the sex reassignment clinics in Brazil. It is argued that although Agnes and Vitória are temporally and geographically afar, they produce very similar identity performances, which are guided by a narrative-essentialist policy that pathologizes and homogenizes transsexualities. The paper defends that this narrative policy may be challenged by narrative-performative microresistances, i.e. life stories that show the classificatory/ diagnostic institutions the multiplicities that constitute our gendered life. These stories may performatively construct new identity regimes in accordance with the chaos that constitutes our identities. It is argued that depathologizing transsexuality is a central strategy to build more trusting intersubjective relations between physicians and transsexual users of the clinics. It is concluded that the depathologization of transsexuality offers a potent alternative for the humanization of trans-specific health-care.
Keywords: Processo Transexualizador; discourse analysis; humanization; comprehensive healthcare; depathologization

Biografía del autor/a

Rodrigo Borba, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Rodrigo Borba É Professor de Língua Inglesa no Depto de Letras Anglo-Germânicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Possui graduação em Letras Licenciatura Plena em Inglês pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS(2005). É mestre em Lingüística Aplicada pelo Programa Interdisciplinar de Lingüística Aplicada da UFRJ (2008) e doutorando pelo mesmo programa. Seus interesses de pesquisa estão voltados à construção de identidades, gêneros e sexualidades a partir de perspectivas da Antropologia Lingüística, da Análise da Conversa e da Sociolingüística Interacional. Desenvolve pesquisas etnográficas nas quais investiga os mecanismos discursivo-identitários emergentes de interações médico-paciente em Programas de Disforia de Gênero de hospitais públicos e projetos de ONGs que visam à prevenção de DST/aids.

Publicado

2014-08-04

Número

Sección

Artículos