“O IMORAL ESCÂNDALO DA PROSTITUIÇÃO DE ESCRAVAS”: PENSANDO A PROSTITUIÇÃO A PARTIR DAS MULHERES NEGRAS NO RIO DE JANEIRO (1871)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/transversos.2020.54799

Palavras-chave:

Prostituição, mulheres negras, moralidade, historiografia.

Resumo

 O presente artigo tem como objetivo falar sobre a prostituição de mulheres negras na cidade do Rio de Janeiro, a partir da campanha moralizadora do juiz e delegado Miguel José Tavares em 1871, que pretendia acabar com o meretrício. Apoiado por alguns jornais e seus leitores, a intenção desta empreitada, contudo, não era focada na prostituição como um todo, mas apenas na praticada por escravizadas. A ação de Tavares desequilibrou a dinâmica senhor-escravo a partir do momento em que a justiça interferiu numa relação até então privada. Assim, é por meio desta interferência que o texto pretende iluminar e pensar a presença das mulheres negras na prostituição levantando a hipótese de que elas agiam em favor de si mesmas através das brechas da disputa de poder entre os senhores e a justiça.

Biografia do Autor

Beatriz do Nascimento Prechet, PUC-Rio

Licenciatura e Bacharelado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Mestre em Historia Social da Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUC-Rio.

Referências

Fontes:

A Pátria: Folha da Província do Rio de Janeiro, 24 de novembro de 1871.

Diário de Notícias, 24 de fevereiro de 1871.

Diário de Notícias, 28 de março de 1871.

Diário de Notícias, 27 de abril de 1871

Jornal do Commercio, 21 de novembro de 1870

Jornal do Commercio, 22 de novembro de 1870

Bibliografia:

ABREU, Martha C. Sobre mulatas orgulhosas e crioulos atrevidos: conflitos raciais, gênero e nação nas canções populares (sudeste do Brasil, 1890-1920). Tempo, v. 16, p.143-174, 2003. Disponível em: https://www.historia.uff.br/tempo/artigos_livres/artg16-7.pdf. Acessado em: 01 set 2020.

ALBUQUERQUE, Wlamyra. O jogo da dissimulação: abolição e cidadania negra no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

BRASIL. Lei nº 2.040, de 28 de Setembro de 1871. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lim/lim2040.htm. Acessado em: 02 set 2020.

CARNEIRO, Sueli. Mulheres em movimento. Estudos Avançados, v. 17, n. 49, p. 117-133, Dec. 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142003000300008. Acessado em: 01 set 2020.

CHALHOUB, Sidney. Visões da liberdade. Uma história das últimas décadas da escravidão na Corte. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

ENGEL, Magali. Meretrizes e doutores: o saber médico e a prostituição na cidade do Rio de Janeiro. São Paulo: Editora Brasiliense, 1989.

GONZALEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. Ciências Sociais hoje, nº2, 1983. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4584956/mod_resource/content/1/06%20-%20GONZALES%2C%20L%C3%A9lia%20-%20Racismo_e_Sexismo_na_Cultura_Brasileira%20%281%29.pdf. Acessado em: 01 set 2020.

GRAHAM, Sandra Lauderdale. Slavery’s impasse – Slave prostitutes, small-time mistresses, and the Brazilian Law of 1871. Comparative Studies in Society and History, v.33,n.4, out.1991.

HOOKS, bell. Mulheres negras: moldando a teoria feminista. Revista Brasileira de Ciência Política, nº16, Brasília, janeiro - abril de 2015, pp. 193-210. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-33522015000200193. Acessado em: 01 set 2020.

KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Trad. Jess Oliveira. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.

KUSHNIR, Beatriz. Baile de Máscaras – mulheres judias e prostituição: as polacas e suas associações de ajuda mútua. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

SANTOS, Inaê Lopes dos. Global porque escravista: uma análise das dinâmicas urbanas no Rio de Janeiro entre 1715 e 1815. Almanak, n. 24, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S2236-46332020000100305&script=sci_abstract&tlng=pt . Acessado em: 01 set 2020.

MARQUESE, Rafael; SALLES, Ricardo. “A escravidão no Brasil oitocentista”. In: MARQUESE, Rafael; SALLES, Ricardo (orgs.) Escravidão e capitalismo histórico no século XIX: Cuba, Brasil, Estados Unidos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2016.

MATTOS, Hebe. Das cores do silêncio: os significados da liberdade no sudeste escravista – Brasil, século XIX. 3ªed., Campinas SP: Editora da Unicamp, 2013.

MENEZES, Lená M. Os estrangeiros e o comércio do prazer nas ruas do Rio de Janeiro (1890-1930). Rio de Janeiro: Arquivo Nacional/Ministério da Justiça, 1992.

MUNANGA, Kabengele. “Uma abordagem conceitual das noções de raça, racismo, identidade e etnia”. IN: BRANDÃO, André Augusto P. Programa de Educação Sobre o Negro na Sociedade Brasileira, Ed. EDUFF, Rio de Janeiro, 2004.

NASCIMENTO, Álvaro Pereira do. Trabalhadores negros e “paradigma da ausência”: contribuições à história social do trabalho no brasil. Revista Estudos Históricos, v.29, nº59, 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0103-21862016000300607&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt . Acessado em 02 set 2020.

PAES, Mariana Armond Dias. O procedimento de manutenção de liberdade no Brasil oitocentista. Estudos Históricos,v. 29, n. 58, p. 339-360, 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-21862016000200339&script=sci_abstract&tlng=pt. Acessado em: 02 set 2020.

PEREIRA, Leonardo Affonso de Miranda. Negociações impressas: a imprensa comercial e o lazer dos trabalhadores no Rio de Janeiro da Primeira República. Historia, v. 35, p. 1-21, 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-90742016000100508&script=sci_abstract&tlng=pt . Acessado em 03 de set 2020.

PERROT, Michelle. “As mulheres, o poder, a história”. In: Os excluídos da História: operários, mulheres e prisioneiros. Trad. Denise Bottmann. Rio de Janeiro: Paz e Terra,1988.

REIS, João José. Rebelião escrava. São Paulo: Companhia das letras,2003.

SILVA, Marinete dos Santos. Escravidão e Prostituição: das várias utilidades de uma negra escrava. Revista do Departamento de História, nº 6, Julho de 1988. Disponível em: https://static1.squarespace.com/static/561937b1e4b0ae8c3b97a702/t/572763a22eeb8180abd04e2d/1462199203764/7_Silva%2C+Marinete+dos+Santos.pdf . Acessado em: 01 set 2020.

¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬¬_________________________. Gênero, cidadania e participação política: as aventuras e desventuras de uma “cocotte” no movimento abolicionista. Caderno Espaço Feminino,v,21,n.1,2009. Disponível em: https://www.sumarios.org/revista/caderno-espa%C3%A7o-feminino?page=2 . Acessado em: 01 set 2020

SCOTT, Rebecca; HÉBRARD, Jean M. Provas de Liberdade: uma odisseia atlântica na era da emancipação. Trad. Vera Joscelyne. Campinas,SP: Editora da Unicamp, 2014.

SCHETTINI, Cristiana. Que Tenhas Teu Corpo: uma história social da prostituição no Rio de Janeiro das primeiras décadas republicanas. Rio de Janeiro: Ed. do Arquivo Nacional, 2006.

__________________. Clichês baratos: sexo e humor na imprensa ilustrada carioca do início do século XX. Campinas,SP: Editora da Unicamp, 2020.

SOARES, Luiz Carlos. Rameiras, ilhoas, polacas: a prostituição no Rio de Janeiro do século XIX. São Paulo : Editora Ática, 1992.

SOIHET, Rachel. Condição Feminina e Formas de Violência - Mulheres Pobres e Ordem Urbana (1890-1920). Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1989.

OLIVEIRA, Cristiane Moura de. A construção identitária no Cais do Valongo: expressão de resistência social negra na região portuária carioca. Dissertação de Mestrado, PUC-Rio, 2017.

Downloads

Publicado

2020-12-17