Textos Escolhidos de Cultura e Arte Populares,
v. 10. n. 1, mai. 2013
Ricardo
José Barbieri (UFRJ)
O Festival
de Parintins pode ser observado sob diversos aspectos dada a
multiplicidade dos planos simbólicos que orientam a festa. Um dos
principais mecanismos de articulação desses planos
simbólicos se constitui das pessoas que se movimentam e incentivam seus
bois em performances coreografadas nas arquibancadas − a
chamada galera dos bois, importantíssima no julgamento do festival. Aqui
a galera do Boi Caprichoso é tomada como ponto de partida para
percorrermos os circuitos articulados por integrantes desse grupo ao longo dos
ensaios e mobilizações diversas em Parintins e Manaus.
FESTIVAL DE PARINTINS;
BOI-BUMBÁ; SOCIABILIDADE.
Ricardo
José Barbieri (UFRJ)
The
Parintins Festival can be regarded in several aspects given the
multiplicity of symbolic plans that per pass the
party. One of the main
mechanisms in the symbolic articulation of these plans
is composed by the people
who engage
and encourage their ox in choreographed
performances from the bleachers – the so-called ox crowd,
an important part in the judging
of the festival. In this article the
Caprichoso Ox crowd is taken as a starting
point through the circuits articulated by members of
this group over the various rehearsals
and demonstrations in
Parintins and Manaus.
PARINTINS FESTIVAL; BOI
BUMBA; SOCIABILITY.
Introdução: a
preparação para a viagem
Viajar para Parintins foi a primeira experiência de distanciamento pleno que
vivi. Antes meu horizonte se limitava a observar minha cidade, tudo que a cerca
e como se movimenta num contexto bastante familiar para mim, o do carnaval
carioca e das escolas de samba. No fim de mais um dia de pesquisa voltava para
o conforto de minha cama, de minha casa. Foram 15 dias de distanciamento nunca
antes experimentado. O Estado do Amazonas, a cidade de Parintins e sua festa
representavam exotismo inédito. Meu contato com a festa até
então consistia em alguns documentários e artigos, e visualização,
durante dois anos, de alguns trechos transmitidos pela televisão.
O item “galera”
Assim fui pesquisar a galera do
Boi Caprichoso. Atualmente são 22 os itens em julgamento na
competição do Festival Folclórico de Parintins. Um dos
mais disputados é o de melhor “galera”, considerado,
aliás, relevante a ponto de todos os anos o principal jornal do
Amazonas, A Crítica, ressaltar o vencedor do item na planilha
após a apuração das notas.
O julgamento em cada noite
é efetuado por 12 jurados específicos, que julgam de acordo com
sua especificidade (musical, artístico,
cênico/coreográfico). A nota mínima de cada item é
sete, e a máxima, dez, podendo ser fracionada na forma decimal e devendo
ser lançada na folha de votação, numericamente e por
extenso. Sobre o item “Galera” o artigo 39 do regulamento do
Festival Folclórico estabelece os seguintes critérios, que os
jurados devem considerar na votação:
DEFINIÇÃO:
Elemento de apoio do espetáculo, estímulo de
apresentação, massa humana que forma uma das
maiores coreografias uníssonas do mundo.
MÉRITOS: Alegria,
energia contagiante, sincronia, garra, evolução e
empolgação.
ELEMENTOS COMPARATIVOS:
Animação, alegria, calor humano, participação e
sincronia (Anteprojeto do regulamento do XXXVIII Festival Folclórico de
Parintins 2003. Regulamento do concurso de bumbas).
Entre as principais
características desse item estão a
polêmica e as paixões despertadas em torno dele. Por seu
julgamento extremamente subjetivo e pela passionalidade nele representada, esse
item é objeto de contestação de muitos torcedores.
Simultaneamente é elemento de distinção do Festival por
denotar seu caráter participativo (Figura 1).
Apesar de o termo galera ser
importado das galeras funk cariocas (cechetto,
1997), o tipo de sociabilidade característico das galeras dos bois de
Parintins difere em muito do mundo funk carioca. A começar por
seu tipo de organização, que remete muito mais ao das torcidas
organizadas. Assim como as torcidas organizadas, as galeras de Parintins
são “organizações heterogêneas agregando
indivíduos com diferenças de idade, classe social,
profissão e visão de mundo” (câmara, 2000). Essas
organizações, entretanto, identificam-se mais com jovens entre 13
e 25 anos, que compõem sua maior parte.
Estudar a galera do Boi
Caprichoso seria, portanto, estudar os jovens que dela fazem parte e são sua maioria. Meu principal contato no local seria
Gean, 20 anos, apresentado por Alessandro, webmaster
da página do Boi Caprichoso (www.boicaprichoso.com.br), como
coreógrafo da galera. Eu entrara em um fórum do site, onde
os mais variados assuntos são discutidos, e recebi poucas horas depois
um e-mail do webmaster Alessandro com o endereço
eletrônico e o telefone de Gean. No dia
seguinte, o próprio Gean fez contato. Foi
muito solícito por e-mail e por MSN. Mesmo assim conversamos
pouco, mas ele adiantou muitas coisas que me esperavam em Parintins. Um dia
antes de viajar telefonei para ele a fim de acertarmos um possível
encontro, que acabou não acontecendo em Manaus. Nesse primeiro contato
ele já pareceu bem mais à vontade. Nessa ligação
além de combinarmos o primeiro encontro falamos um pouco sobre a
relação dele com a galera do Caprichoso. Segundo seu relato, Gean começou a trabalhar com a galera aos 17 anos,
mas torce para o Caprichoso desde os nove anos de
idade, por influência de sua mãe, que “sempre foi
Caprichosa”.
Sorteio dos estados dos
julgadores: começa a competição
O sorteio dos estados de origem
dos jurados foi meu primeiro contato de fato com o Festival, ainda em Manaus.
Ali as dicotomias já são encenadas, e a rivalidade se faz
presente. Os representantes de cada boi fazem questão de trajar as cores
do seu e sentar-se em lados opostos. O clima é de tensão e
ansiedade, embora travestidas em sorrisos amarelos de uns e outros. Até
mesmo entre os funcionários do governo a tensão é latente.
De fato, tudo é disputado na festa, até quem será o
primeiro a vetar um estado sorteado, disputa por meio de um par ou ímpar
e vencida pelo representante do Garantido. Na presença do
secretário estadual de Cultura, de funcionários da secretaria e
da imprensa, foram sorteados os estados do Ceará, Tocantins, Rio de
Janeiro, Rio Grande do Sul e Piauí. O Garantido vetou o estado do
Ceará, e o Caprichoso, o Piauí. A seguir o estado do Tocantins
foi sorteado para ter o presidente do júri, ou seja, mandar um
representante a mais, completando quatro jurados. Todos parecem ter
saído satisfeitos e otimistas com os estados escolhidos. A partir
daquele momento os bois enviariam um representante de cada para cada um dos
estados sorteados, onde escolheriam de forma consensual os jurados e os
convenceriam a participar do Festival que aconteceria em uma semana. Isso
envolve a articulação de tão grande e intensa rede de
interesses, que abarca estudiosos de folclore e cultura popular, dramaturgos, bailarinos,
músicos e artistas com potencial para julgamento do Festival. Os dois
bois mobilizam pessoas influentes entre seus simpatizantes nos estados
escolhidos para formação do júri especulando seu interesse
a partir do momento em que são anunciados.
Eventos dos bois em Manaus
Já naquela segunda noite
em Manaus pude conhecer os eventos dos bois, nesse caso o Garantido. Os ensaios
do Garantido na cidade são realizados atualmente no sambódromo,
organizados pelo Movimento Amigos do Garantido MAG, e os do Caprichoso, no
mesmo local, organizados pelo Movimento Marujada. A trajetória e o
desenvolvimento desses eventos e sua mobilização junto aos
moradores de Manaus explicitam sua forte ligação com o Festival
Folclórico de Parintins. O formato do sambódromo de Manaus inclui
área circular em que, nos desfiles, acontece a dispersão dos
grupos e, fora deles, são realizados esses ensaios com a
instalação de um palco na pista, fechando totalmente o
círculo.
Nos ensaios geralmente se
apresenta um grupo musical que canta toadas ligadas a
cada um dos bois, antigos levantadores de toadas e jovens promessas que em
alguns casos fazem parte do grupo vocal de arena. Assisti a apenas um ensaio, o
último do Garantido em Manaus. Nesse caso o levantador de toadas oficial
vinha sendo poupado pois passava por uma série
de complicações de saúde. Assim, ele não se
apresentou no evento do Garantido em Manaus; uma parte da batucada do
Garantido, composta por moradores de Manaus, cuidou da animação
em seu lugar e constituiu o ápice da apresentação. O
evento chamado Curral do Garantido1 é realizado no
sambódromo e compreende todo o ciclo de preparação dos
bois, configurando-se como importante veículo de publicidade.
Basicamente é evento de divulgação e
arrecadação, no qual as coreografias e a música são
atrações. As coreografias apresentadas no palco são bem
mais complexas que as executadas no Festival. Um bom público ocupava a
parte final do monumental sambódromo de Manaus, uma construção
circular que quando ocupada pelo palco central tem traços
característico de uma arena a céu aberto. Nas arquibancadas
vazias que circundam a arena improvisada com a montagem do palco para os shows,
um enorme bandeirão da facção
que organiza a galera do Garantido, o Comando Garantido, foi aberto. Na
ocasião, entretanto, vi poucas camisas da galera em
comparação com o número de camisas da Batucada e do MAG.
Chamou atenção nesse evento a presença de um jovem com
camisa do Caprichoso que dançava as coreografias das músicas
animadamente.
Desembarque em Parintins
No dia seguinte aconteceu o
tão esperado embarque para Parintins. A viagem de avião
Manaus-Parintins é curta, nem um pouco cansativa. No aeroporto
encontramos algumas personalidades, como o apresentador e a sinhazinha do
Caprichoso, e o famoso varejista de artigos carnavalescos Chiquinho do Babadão.
Excetuando-se o monumental bumbódromo, a cidade é simples, e ficamos
hospedados em seu lado azul, um pouco distante do aeroporto. Por esse percurso,
ainda que menor do que o correspondente em Manaus, nos foi
cobrado valor igual: 40 reais. A casa em que ficamos é excelente em
relação aos padrões da cidade, cujas famílias no
período do Festival, quando se estima que duplique o tamanho da
população, costumam alugar casas simples ou apenas quartos aos
visitantes. As almofadas nas cores azul e branca demarcam território:
é uma casa caprichosa. Os detalhes são impressionantes. Da janela
de meu quarto é possível ver a bandeira do curral do Caprichoso
tremular, uma imagem marcante e inspiradora.
À tarde encontramos Gean, um dos coreógrafos de uma facção
da galera, a FAB − atualmente no Boi Caprichoso são duas as
organizações que coordenam a galera, como núcleos
centrais: a Raça Azul e a Força Azul e Branca, conhecida pela
sigla FAB. A formação desses dois grupos mostra seu dinamismo e
até determinada autonomia em relação ao funcionamento
institucional do boi. Na administração do Boi Caprichoso vigente
em 2010, o presidente Carmona tentou unificar as facções criando
a Raça Azul. A Força Bravura Independente (FBI) aderiu à
nova organização e se diluiu oficialmente. A FAB inicialmente
também aderiu à nova torcida, mas continuou existindo
organicamente e separou-se novamente em 2009. Em 2010 seus torcedores e
núcleos foram cadastrados nas cidades de Manaus, Parintins, Terra Santa,
Itacoatiara, Maués, Barreirinhas e Rio de Janeiro (o único
núcleo fora do Estado do Amazonas). Apesar da organização,
nenhum membro sabe precisar o número de filiados; visualmente,
entretanto, pode-se estimar, tanto pela quantidade de torcedores uniformizados
pelas ruas de Parintins quanto por sua presença uniformizada nas
arquibancadas nos eventos do Festival, que seja a maior facção da
galera do Caprichoso. A Raça Azul, por sua vez, tem núcleos em
Parintins e Manaus. No último Festival despontou como núcleo a
“comunidade do Caprichoso” no Orkut (a principal rede social da
internet), ainda que sem organização formal e de menor
presença na arquibancada Seus membros, entretanto, são convocados
a participar das reuniões de distribuição dos efeitos e
adereços nas arquibancadas durante as apresentações no
festival.
Voltando ao encontro com Gean em Parintins, ele nos recebeu com Taynah,
moça extremamente simpática e fanática pelo Caprichoso.
Apesar de meu contato inicial com Gean, foi Taynah quem cooptou nossas atenções no
caminho para a casa em que assistiríamos ao jogo da
seleção pela Copa do Mundo − uma oportunidade maravilhosa
para conhecer aquele grupo tão ligado ao Caprichoso, até porque
falamos horas sobre o assunto predileto deles: o Boi Caprichoso. As derrotas
injustas, as grandes vitórias, os momentos marcantes, os trágicos
incidentes tudo isso em um discurso cuidadosamente construído para
enaltecer o capricho e a dedicação de seu boi.
Dedicação que torna os papéis dos brincantes
fluídos e norteados pela pergunta “onde posso ser útil ao
boi?” Um deles, aliás, utilizou essa frase ao explicar-nos, em
19.6.2010, sua opção por comprar cadeiras e não ficar nas
arquibancadas gratuitas da galera:
Já fiz de tudo no boi.
Participei do corpo de dançarinos na arena, já fui da galera...
Ano passado estava na galera, mas estou cansado. Ano passado tive que ficar
jogando lata e empurrando quem ficava parado, saí de lá irritado
e cansado. Este ano vou para a cadeira onde posso ficar mais
tranquilo”.
As facções da
galera do Caprichoso
A seguir fomos ao bumbódromo para acompanhar o ensaio de
posicionamento do “espetáculo tribal”. Alguns dos
integrantes da galera, atentos, faziam críticas ou teciam elogios ao que
assistiam. Enumeravam as possibilidades diante da coreografia apresentada e do
entrosamento dos dançarinos, o que poderia ou não dar certo. Um
dos mais interessados era Cadu, extremamente
crítico. Lá aconteceu também uma reunião
prévia da galera com definição de posicionamento e outros
detalhes.
A galera do Caprichoso
está dividida em três facções, como indicado no
esquema de sua distribuição nas arquibancadas do bumbódromo. A comunidade do Orkut chama
atenção no entanto pelo papel importante
que desempenha reconhecidamente com participação ativa de boa
parte de seus 20 mil membros. Os que assistem e marcam presença no
festival se dividem com funções na arena, na FAB ou
independentemente. Um intrincado sistema de conflitos orienta a
formação e organização de cada uma das três
facções. Quem me explicou um pouco da formação
desse sistema complexo que vigora atualmente foi o torcedor Rafael (depoimento
em 21.6.2010), de 23 anos membro da comunidade do Caprichoso no Orkut e que
revelou “nunca ter feito parte de nenhuma das facções”:
A FAB é a maior e mais
organizada atualmente, mas surgiu de uma dissidência da FBI [Força
Bravura e Independência]. A briga lá aconteceu por que a FBI era
comandada ditatorialmente. Na nova administração do Caprichoso o
presidente Carmona tentou unificar as duas na Raça Azul. A FBI perdeu força
e acabou, mas a FAB, apesar de ter-se juntado à Raça Azul
continuou existindo como FAB. Neste ano as duas estarão separadas.
As facções
organizadas da galera são os centros irradiadores de todos os movimentos
desse item durante as apresentações do boi. E comandam desde as
coreografias, orientadas por quatro membros distribuídos em dois
pequenos palanques na parte inferior da arquibancada, até a
confecção de adereços e sua distribuição ao
público durante as apresentações.
O núcleo manauara da
FAB, por exemplo, aluga todos os anos uma casa em Parintins durante a semana do
Festival em que ficam hospedados mais de 40 jovens dos 70 cadastrados na
FAB-Manaus. A casa sempre movimentada é identificada com a bandeira do
núcleo pendurada no muro frontal. Lá dentro uns dez cômodos
abrigam os hóspedes distribuídos em redes, colchonetes, barracas
e sacos de dormir. A cozinha, bastante organizada, é suficientemente
espaçosa para acomodar o preparo de refeições em grandes
quantidades. A comida é preparada por alguns pais dos jovens hospedados
ou seus responsáveis, entre eles dona Fátima, mãe de Gean e presidente desse núcleo, que nos explicou que
um grupo de adultos dirige e coordena a torcida, formada, entretanto, em sua
maior parte por jovens. Essa direção que ressalta um aspecto bem
familiar da organização se reflete, por exemplo, na
presidência da FAB, hoje ocupada por Hyleandro,
de 42 anos.
Os ensaios da Galera
Ensaio no curral
Nessa noite o Garantido faria
sua passagem de som no bumbódromo.
Simultaneamente o Caprichoso realizaria seu último ensaio no curral. Um
ensaio de fato! Com todas as tentativas e possibilidades testadas. Aqui uma
apresentação semelhante a show é reservada para o
final do ensaio. Era a oportunidade de se sentir na galera pela primeira vez.
Gastar energias, vibrar e pular, como se o boi já se estivesse
apresentando no bumbódromo. A coreografia
é bem mais simples do que as executadas pela Troup
Caprichoso2; ainda assim, as mais de duas horas ininterruptas de
movimentos de braço e saltos são extremamente cansativas. O
elemento mais evidente de diferenciação entre as coreografias
complexas da Troup e as da galera é o uso
significativo dos braços, com a finalidade de causar maior impacto
visual na arquibancada durante as apresentações. As toadas, aliás,
evocam a presença quase constante dos movimentos de braço:
braços erguidos, minha Galera /
balançando pra lá e pra cá / eu sou a raça, sou a
força da Galera / sou a voz, a garganta, o cantar (“Chegada do meu
boi”, de Adriano Aguiar).
Braços, bandeiras se
movem / Num terno instante / O vento que sopra / Nos traz o encanto / Na
força de ver a nossa paixão (“Amor e paixão”,
de Cyro Cabral).
Os braços tocam as
estrelas / E livremente balanceiam / A voz do povo ecoa no ar há,
há, há / O suor beija a camisa / Da raça azulada
(“Apogeu Azul”, de Mendes, Geandro
Pantoja, Marcelo Reis e Junior Mendes).
Levanta Galera os braços
para o ar / Balançando pra lá e pra cá / Na palma da
mão / Quero ver você dançar / Na palma da mão /
Quero ver você cantar (“Boi Estrela”, de Robson Jr, Marcelo
Reis, Mailzon Mendes).
eu sou da raça, sou da Galera /
Parintins está em festa e ninguém vai me segurar / minha Galera
vem no compasso / nossas bandeiras são nossos braços
(“Parintins em Festa II”, de Adriano Aguiar, Geovane Bastos e
Michael Trindade).
E outros inúmeros casos
recorrentes todos os anos comprovam essa predominância na coreografia com
os braços. A Marujada de Guerra3, no entanto, é um
incentivo a mais para a execução das coreografias e continuidade
da empolgação da galera que, por esse motivo, ensaia no curral de
frente para o palco, e a Marujada está localizada um pouco abaixo do
palco, mas acima do nível da galera e do público. De frente para
o público e situados em pequenos palanques no
nível da Marujada ficam os coreógrafos da galera, que se
revezam em duplas durante todo o ensaio. A posição de
coreógrafo é semelhante a de um animador
que usa apenas seu corpo na performance. Esse é posto bem
disputado pelos jovens segundo alguns interlocutores. Sua
ocupação resulta de arranjos políticos entre os dirigentes
dos núcleos das facções das galeras, mas geralmente recai
em homens de aptidão ou formação atlética, a
maioria de Parintins, embora alguns sejam de Manaus (Figura 2).
A galera, posicionada de frente
para o palco, é organizada em fileiras no centro do curral de forma a
destacar-se do público geral. Inicialmente o grupo vestido com camisas
da Raça Azul era maior nas primeiras fileiras; em pouco tempo,
porém, a FAB já era maioria no grupo. Nas últimas fileiras
e nas laterais ficam os mais jovens e as pessoas não uniformizadas. Todo
o roteiro de toadas é acompanhado por esse grupo, enquanto o grande
público revela ou indiferença por suas coreografias ou
adesão às da Troup, localizada em
grupos formados por meninos e meninas ao lado do palco principal. Em
determinado momento os animadores abandonam a coordenação das
coreografias e deixam o grupo organizado livre para acompanhar a complexa
coreografia da Troup. Nesse momento o entusiasmo dos
jovens é maior, e o ensaio torna-se mais livre, até para os
cantores, que abandonam o roteiro musical programado para o Festival.
Não há, entretanto, quebras ou intervalos até que a
Marujada pare de tocar e o palco seja ocupado por um grupo musical que canta toadas do Caprichoso. Após a apresentação
desse grupo, de cerca de duas horas, o ensaio é encerrado.
Ensaio da Galera na passagem
de som do bumbódromo
Na arena pude assistir a uma
reunião da FAB para a definição de alguns detalhes. A
questão mais importante era a mobilização do pessoal para
a montagem dos kits com adereços a ser usados na festa,
distribuídos na entrada para as arquibancadas gratuitas pela FAB e
Raça Azul. Essa montagem, envolta em mistérios, é em parte
feita pelo pessoal da FAB no galpão, em parte pela Raça Azul no
curral. Quem comandou essa reunião mais uma vez foi Hyleandro,
que concedia alguns apartes para esclarecimento de detalhes à
Fátima, mãe de Gean. Em torno dos dois
em pé, próximos da entrada de serviço da arena já
bastante movimentada nesse dia, estavam 30 jovens uniformizados da FAB. que não se manifestaram, apenas ouvindo as
orientações, e vez por outra um ou outro se dispersava. Eles
comemoraram logo a seguir o anúncio de uma festa no dia seguinte,
quinta-feira, restrita aos jovens da FAB e com hora para começar e
acabar, segundo Hyleandro, pois todos teriam que
estar em condições de dar o máximo na sexta-feira.
Após encerrar a reunião, Hyleandro saiu
rapidamente e tentei conversar com Fátima, que dessa vez mostrou-se
esquiva e desconfiada. Perguntei se poderia acompanhar a festa, e ela disse ser
“melhor não, pois é uma pequena comemoração
dos meninos, nada demais”. Logo a seguir vetou também minha ida ao
galpão para acompanhar a preparação dos kits,
alegando que “acabaria rapidamente, provavelmente em poucas horas e na
quinta e na sexta eles seriam apenas embalados”.
À noite pudemos observar
pela primeira vez a performance da galera nas
arquibancadas da arena durante a passagem de som do Boi Caprichoso. Nesse
evento seus membros ocupavam toda a arquibancada azul e uma parte do lado
vermelho. Todos os integrantes executaram as coreografias e cantaram as toadas
dos três dias de apresentação, com integrantes da chamadas tribos, vaqueiradas e, nas arquibancadas, a
galera. Com grandes bandeiras e uniformizados, sua atuação
parecia a das torcidas organizadas nos estádios de futebol: um pequeno
núcleo uniformizado executava coreografias e incentivava o
público a acompanhá-lo. No início ainda conseguiu boa
adesão, mas 40 minutos depois o público começou a
dispersar, até invadindo a arena. Em determinado momento, já
perto do fim da apresentação apenas o núcleo uniformizado
permanecia executando coreografias na arquibancada. A passagem de som foi,
portanto, mais uma festa de confraternização e apoteose do que um
ensaio (Figura 3).
No dia seguinte participei da
reunião do pessoal da FAB com integrantes da comunidade do Caprichoso. A
reunião novamente foi comandada por Hyleandro,
que antevia uma importante contribuição dos membros da comunidade
do Caprichoso para organização da galera nas arquibancadas.
Segundo suas palavras, a intenção era reverter dois anos de
“galera fraca”. Curioso é que, mesmo sendo título
simbólico, é importante a ponto de ser anunciado antes da declaração
oficial do campeão do festival; e, há pelo menos nove anos, a
galera do Caprichoso perde para a do Garantido. Os participantes da
reunião logo reclamaram, culpando os coreógrafos de Parintins que
segundo eles são muito confusos.
De qualquer forma a
reunião servia também para informar mudanças repentinas no
roteiro de apresentação do boi no primeiro dia de festival.
Segundo Hyleandro, o roteiro das três noites do
Caprichoso havia vazado, fazendo com que o Garantido mudasse também suas
apresentações de acordo com a do Caprichoso. Outra
informação dizia respeito à presença de Daniela
Mercury para a abertura da primeira noite do Garantido: ela cantaria o hino
nacional, a galera formaria um mosaico de velas e de retângulos de tecido
nas cores da bandeira brasileira. As outras duas manifestações
ativas e impactantes da galera foram apresentadas, e um ousado e complicado
deslocamento pelas arquibancadas foi testado.
Hyleandro recomendava chegar às 10 horas
da manhã na fila, embora a abertura dos portões estivesse
prevista para 16 horas, e o início das apresentações
às 21 horas. A questão da ocupação de lugares
é componente direto na decisão da chegada na
fila, e a disputa por lugares dá uma dimensão da festa; afinal,
naquele espaço da galera, são 3.750 pessoas.
Os dias de festival
Enfim, é chegada a hora de
a batalha começar, especialmente a batalha por lugares dentro do bumbódromo.
A fila funciona como
espaço profícuo para desenvolvimento de diversas redes de
sociabilidade. Ela reúne diversas pessoas de diferentes classes sociais
que, em decorrência da relação estabelecida na fila, ocupam
lugares próximos na arquibancada e, pelo fato de o festival se estender
por três dias, combinam encontros nas próximas filas.
Cheguei na
fila pouco antes das 10 horas da manhã e logo me enturmei com
Júnior, funcionário da manutenção do prédio
da Câmara Municipal de Manaus, que estava na minha frente e era o quarto
da fila do Caprichoso. Na fila do Garantido parecia haver um número
maior de pessoas; afinal de contas, seria o primeiro grupo a se apresentar
naquela noite. O primeiro da fila era Rubens de aproximadamente 50 anos,
conhecido por seu nome artístico nos shows de drag-queens
de Manaus, Rubileia, e reconhecido pelos torcedores
também por suas recorrentes aparições na televisão,
instalado nas arquibancadas durante o Festival. Ele me revelou que fazia
questão de chegar antes das 7 horas da manhã para garantir um
lugar de frente para a câmera posicionada no alto da arquibancada. Por
outro lado, Junior buscava melhor visão das apresentações.
Pouco depois de minha chegada na fila começou a
chover. As pessoas se abrigavam com caixas de papelão logo
destruídas, dividindo capas de chuva ou nos bares próximos. Havia
na fila quem apenas guardava lugar para outros, que chegariam posteriormente.
Pareciam ser amigos, sem negociação de lugares na fila que pude
observar no segundo dia o morador de Parintins Raimundo que disse viver de
“bicos”, por exemplo, levou seus cinco
filhos e três sobrinhos para guardar lugares que ele vendera previamente.
Cobrava 20 reais por lugar, mas se “sentisse que o sujeito estava
desesperado cobraria 50 reais”. Não satisfeito em ocupar um dos
primeiros lugares vez por outra os que estavam na fila chamavam
atenção para tentativas de Raimundo de “furar fila”.
As conversas entre os
recém-conhecidos na fila são as mais variadas, e nas mais de seis
horas de cada um dos dias de fila que acompanhei ouvi desde palpites sobre
minha vida amorosa até o cenário político do Amazonas. O
tema predominante, entretanto, obviamente é a apresentação
dos bois. Os torcedores se deliciam com as recordações de outros
festivais ou falando mal do “contrário”. As expectativas e
especulações sobre a apresentação do Caprichoso
entusiasmam e são sempre otimistas, seguidas da
constatação das deficiências do contrário.
Na parte da tarde, com a fila
já circundando quase toda a arena, a diversão dos que aguardam a
abertura dos portões é vaiar e jogar objetos nos que insistem em
passar de vermelho ou com a camisa do Garantido. Segundo Júnior, um dos
motivos para a proibição da entrada nas arquibancadas com frutas
é sua utilização como arma; “era comum”, ele
observou, “guardar cascas e caroços para jogar nos
contrários dos camarotes que provocassem ou no pessoal deles que passa
na frente da fila e na passagem de som”.
Pouco antes das 14 horas a
expectativa aumenta com a montagem das barreiras para organização
de duas filas que facilitem a revista da polícia militar. Começam
também as discussões sobre os lugares na fila e
reclamações da demora da abertura dos portões. Finalmente
às 16 horas os portões são abertos. Quando as pessoas
passam pela revista começam a correr buscando subir a rampa o mais
rápido possível e chegar logo nas arquibancadas; antes disso,
porém, passam por outra barreira formada por membros da FAB e
Raça Azul que entregam os kits com os adereços usados na
noite de apresentação (Figura 8). Finalmente acomodados na
arquibancada do bumbódromo, basta esperar a
noite chegar.
O período de
permanência nas arquibancadas antes das apresentações dos
bois é revestido de grande ansiedade. Mesmo em números reduzidos
as galeras permanecem agitadas cantando toadas de desafio ou gritando
provocações e xingamentos ao “contrário”. O
público enche inicialmente o pedaço com sombra da arquibancada
azul, mais próximo do centro da arena.
Por volta de 17 horas com as
arquibancadas completamente tomadas, começa a passagem de som do
primeiro boi a se apresentar. No primeiro dia foi o Garantido
que levaria Daniela Mercury, famosa cantora baiana, para abrir o
Festival. Ela apareceu para a passagem de som, que foi aberta com
provocações do apresentador Israel Paulain
exclamando “Xô Urubu” em referência ao touro negro que
representa o Caprichoso. Esse é o momento em que as
provocações são abertas e permitidas na arena. A galera do
Caprichoso obrigada a permanecer calada durante a apresentação do
contrário pelo regulamento iria rebater assim que a cantora Daniela
Mercury começasse a cantar com um uníssono “É
Timbalada!”. O fato de o Garantido levar uma cantora de fora do Amazonas
era visto como desprestígio pelos brincantes do Caprichoso. Cada
passagem de som dura aproximadamente 40 minutos. Na passagem de som do
Caprichoso algumas das coreografias e ações da galera foram combinadas publicamente pelo microfone através
do amo do boi Edilson Santana, que pediu a participação do
público gritando pouco antes do anúncio do levantador de toadas
David Assayag. Entre a execução de uma
toada e outra, David respondia às provocações feitas pouco
antes pelos integrantes do Garantido com novas provocações. A
passagem de som do segundo dia, por exemplo, foi encerrada com uma toada de
desafio feita pelo próprio David.
No primeiro dia de
apresentações o Garantido foi o primeiro a se apresentar, e, a
cada erro seu, como quando sua cunhã-poranga
caiu, uma euforia contida era revelada no lado azul, que deveria, em
obediência ao regulamento, permanecer calado durante toda a
apresentação. No primeiro dia o Garantido ainda estourou o tempo,
e nesse momento quase que um grupo se manifesta com satisfação
pela desgraça do contrário.
A apresentação do
Caprichoso começou com movimentos de braços para o alto
incentivados pelo apresentador Júnior Paulain
cantando a toada “Sentimento Caprichoso” e ressaltando que
“esse seria o diferencial, nossas bandeiras serão nossos
braços”. Logo a seguir o amo do boi apresentou o levantador de
toadas, e, aos primeiros toques da Marujada, o público pulava em frenesi
enlouquecedor, sendo difícil para quem está perto não se
emocionar. A participação dos núcleos uniformizados
é fundamental nesse momento, pois um espaço é criado no
limite entre as duas facções, que se vão unindo de acordo
com os versos da toada.
Em todos os dias de
apresentação os centros de irradiação das
coreografias e das formas de utilização dos adereços, que
podem surgir arremessados do alto da arquibancada por um membro uniformizado da
FAB, eram os dançarinos em palcos posicionados de costas para a arena e
de frente para a arquibancada da galera. Ocasionalmente Hyleandro
percorria a arquibancada com um megafone dando instruções ao
público. No primeiro dia especialmente ele reforçou várias
vezes os pedidos para que as cordas que delimitavam uma bandeira do Brasil a
ser formada com quadrados de tecido não fossem desatadas pelo
público. No segundo dia de apresentações pude constatar
que alguns dos membros da FAB circulam credenciados pela arquibancada,
verificando se alguma irregularidade estava sendo cometida, como, por exemplo,
um torcedor do Garantido à paisana infiltrado na
arquibancada. Parece que não é raro
a arquibancada do rival do boi que se apresenta em primeiro lugar receber
alguns torcedores não identificados do contrário.
No terceiro dia as pirotecnias,
como a luz de candeais, e grandes botos apelam para o
impacto visual que, após dois dias de apresentação, pode
aliviar possível cansaço da galera, nem por isso, entretanto,
menos emocionada do que nas apresentações precedentes.
Apuração e a
festa do Boi vencedor
Encerrado o festival a
apuração reserva emoções ainda mais inusitadas; ela
acontece no bumbódromo e é cercada de
tensões. Chegamos um pouco antes do horário programado, mas
até isso é cercado de mistérios. Antes do festival
não conseguíamos informação exata sobre o
horário da apuração, tampouco sobre o local de sua
realização. Durante o festival continuamos tentando, mas sem sucesso;
só na madrugada do último dia de apresentações
Alessandro mandou uma mensagem de texto pelo celular informando que aconteceria
às 10 horas da manhã seguinte no bumbódromo.
No dia de fato da apuração a arena estava completamente vazia o
que nos causou estranheza. Procuramos nos informar com alguns
funcionários que nos indicaram uma entrada entre o centro da arena e a
entrada da galera do Garantido. Por lá torcedores com camisa do
Garantido em torno de duas dezenas aguardavam o inicio da
apuração. Já combalido da maratona das três noites,
mesmo febril resistiu de pé durante as quase duas horas de atraso do
inicio da mesma. No primeiro anúncio pelo sistema de som de que a
apuração começaria em 30 minutos nos dirigimos para as
arquibancadas da galera do Caprichoso. Lá encontramos três meninos
da Marujada já aguardando a apuração. O sol sobre quase a totalidade da arena pode ser uma explicação
para a ausência de público naquele momento. Quando o sistema de
som anunciou que faltavam cinco minutos para o início da
apuração muitos torcedores começaram a ocupar as
arquibancadas da arena, ainda que timidamente. A apuração
começa com o anúncio da impugnação das notas dos
jurados de Tocantins, que pediram para sair do júri. Curiosamente os
torcedores dos dois bois comemoraram a notícia. Do lado do Caprichoso um
torcedor explicava a comemoração: “Devem ter sido comprados
pelo Garantido. Eles sempre fazem isso”. Posteriormente os jornais
anunciaram que a razão para a saída de parte do júri seria
pressão dos fiscais do Garantido por suspeitas de ligação
do presidente do júri com o Caprichoso.
Quando a apuração
começa as arquibancadas contam com a presença de algumas dezenas
de torcedores dos dois lados. Um cordão de isolamento do Batalhão
de Choque da Polícia Militar divide a arena. À medida que as
notas são anunciadas ofensas são trocadas, e conforme um dos bois
vai tomando a dianteira o seu lado da arena vai recebendo mais público.
As provocações vão aumentando. Em determinado momento uma
nota 8 para o Garantido foi o suficiente para que
alguns torcedores descessem das arquibancadas para dançar perto dos
policiais. A distância entre os pontos dos dois bois foi aumentado, chegando, ao final da apuração, a
10,2, considerada grande no histórico do festival. Enquanto alguns
comemoravam se abraçando e entoando cânticos de
provocação ao rival, outros, mais tensos, esperam a
confirmação do resultado oficial pelo sistema de som. Antes do
anúncio do campeão, houve a da galera vencedora, do Garantido, o
que provocou breve comemoração no lado vermelho da arena. Logo a
seguir o campeão foi anunciado, iniciando-se uma sequência
alucinada de regozijos na arquibancada azul, que segue em caminhada até
seu curral (Figura 4).
Em cena inusitada, o
antropólogo, despido de todo o seu pudor e distanciamento
científico, solta impropérios dos mais diversos junto à
turba que se agita. A cena é mais surpreendente ainda se imaginarmos que
quilômetros de distância separam o antropólogo da residência
dos envolvidos na arena de agressões mútuas. É mais
estranho ainda imaginar que todo o vocabulário de impropérios
traz em seu conteúdo uma série de palavras e símbolos
evocados apenas por quem se acostumou com aquele universo cosmológico e
só fazem sentido para os que compartilham daquele universo. Regozijar-se
de uma vitória em um universo ritual tão complexo, em tão
pouco tempo de convivência nos leva a uma série de
reflexões sobre essa festa, esse ritual que todos os anos acontece na Ilha Tupinambarana.
Referências
bibliográficas
CÂMARA, Rosana da. Torcidas jovens: paixão, amizade e aventura. In:
ALVIM, Rosilene; GOUVEIA, Patricia (orgs.). Juventude nos anos 90. Rio de Janeiro:
Contra Capa Livraria, 2000.
CAVALCANTI, Maria Laura. As
grandes festas. In SOUZA, Márcio de; WEFFORT, Francisco (orgs.). Um olhar sobre a cultura brasileira. Rio de
Janeiro: Funarte/Ministério da Cultura, p. 293-311, 1998.
__________. O boi-bumbá
de Parintins, Amazonas: breve história e etnografia da festa. História,
Ciência e Saúde − Manguinhos, v. 6 (suplemento), p.
1019-1046. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2000.
__________. The Amazonian Ox Dance Festival: An Anthropological Account. Cultural Analysis,
2, p. 69-105. The University
of California. 2001.
__________. Os sentidos no
espetáculo. Revista de Antropologia. São Paulo,v. 45, n. 1, p. 37-80. 2002.
CECHETTO, Fátima. As
galeras funk cariocas: entre o lúdico e o violento. In: VIANA,
Hermano (org.). Galeras cariocas: territórios de conflitos e
encontros culturais. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1997.
1 O Caprichoso realiza evento da mesma
natureza no mesmo local chamado Bar do Boi.
2 Um núcleo de dançarinos
do Corpo de Dança do Caprichoso que executa os passos específicos
de cada toada no palco dos ensaios do Boi. São uma espécie de
referência para o público que dança conforme a coreografia
por eles executada.
3 Marujada de Guerra é o grupo
rítmico do Boi Caprichoso.
Ricardo José Barbieri é doutorando do Programa de
Pós-Graduação em sociologia e antropologia da UFRJ.
Recebido em: 10/12/2011
Aceito em: 28/02/2012
BARBIERI, Ricardo José.
Etnografia da galera do Caprichoso: simbolismo e sociabilidade entre jovens no
festival de Parintins. Textos escolhidos de cultura e arte populares,
Rio de Janeiro, v.10, n.1, p. 63-80, mai. 2013.
Figura 1: Galera do
Caprichoso durante apresentação 2010 Foto do autor
Figura 2: A galera de
braços erguidos no ensaio, 2010 Foto do autor
Figura 3: A galera durante a
passagem de som na Arena, 2010 Foto do autor
Figura 4: A
comemoração ainda na arena após a apuração,
2010 Foto do autor