EDITORIAL

Teias elegeu para seu segundo número o eixo temático currículo–cultura–cidadania e, a partir de diferentes enfoques, discute questões relevantes da educação brasileira. A política de formação de professores, os sentidos de cultura nas propostas curriculares, a recepção das diretrizes curriculares pelos professores, a concepção de infância em livros que informa e conforma práticas pedagógicas, a história das disciplinas e a avaliação são objeto de cuidadosa análise nos artigos de Elizabeth Macedo, Helena Ponce Maranhão, Iza Locatelli, Maria Cristina Gouvêa, Maria Célia M. de Moraes e Patrícia Laura Torriglia, Alice Casimiro Lopes, Monique Franco e Alicia Bonamino e nas resenhas de Maria Helena Camara Bastos, Mirian Paura S. Zippin Grinspun, Marlucy Alves Paraíso, Pedro Benjamin Garcia, Jair Ferreira dos Santos e Marly de Abreu Costa.

Com o intuito de cultivar um diálogo que já se faz presente em muitos periódicos da área, Teias tem a colaboração de autores estrangeiros. Os artigos de José Pacheco e Antonio Viñao sobre as reformas em Portugal e na Espanha, respectivamente, exemplificam, nas referências que fazem a textos de pesquisadores brasileiros, o quanto a aposta nesse diálogo pode ser profícua para ampliar a compreensão a respeito da história do currículo, da profissão docente e da cultura escolar.

A arquitetura escolar, tema até bem pouco tempo silenciado na literatura educacional, é abordado em "Elos" pelo historiador da educação Agustín Escolano Benito em seu artigo sobre o espaço escolar como cenário e como representação.

Inaugurando a seção "Em Foco", o arquiteto Roberto Conduru examina as escolas projetadas pela engenheira Carmen Portinho – professora que dá nome ao prêmio de produção acadêmica discente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – e por Affonso Eduardo Reidy, no Rio de Janeiro, nas décadas de 30 e 40 do século XX.

Em "Entrevista", Pablo Gonzales Casanova – da Universidade Autônoma do México – traz, a partir de uma análise acerca das conseqüências da política neoliberal, interessantes questionamentos sobre os principais desafios para que a universidade possa se contrapor à concepção de educação superior como mercadoria. No instigante diálogo mantido com Nilda Alves, Regina Leite Garcia, Guadelupe Terezinha Bertussi e Neila Guimarães Alves, ele propõe que a luta pela universidade pública inclua, entre outros desafios, "uma combinação de métodos tradicionais de educação com os métodos modernos e não opor o diálogo pessoal ao diálogo pela internet".

Discutindo as políticas voltadas para a infância brasileira em "Ensaios", Sônia Kramer ressalta o descompasso existente entre o avançado conhecimento teórico e a incapacidade de responder às suas imperiosas necessidades e convida leitores e leitoras a escrever outra história.

Este número de Teias só foi possível pela colaboração inestimável de todos aqueles que participaram do planejamento, da execução, do financiamento, da avaliação e da divulgação, a quem agradecemos. O nosso agradecimento muito especial à Sociedade Brasileira de História da Educação que, gentilmente, propiciou o lançamento nacional da nossa revista durante o I Congresso Brasileiro de História da Educação, realizado na Universidade Federal do Rio de Janeiro, em novembro de 2000 e, também, à Sociedade Espanhola de História da Educação que no número 33 de seu Boletín de Historia de la Educación destacou a nossa revista, com a seguinte referência:

Saludamos desde estas páginas la aparición de una nueva revista sobre temas educativos, editada, en este caso, por la Facultad de Educación de la Universidad Estatal de Rio de Janeiro. Y ello, de um modo especial, por haber dedicado su primer número a la memoria y la historia de la educación. Asi, todas las secciones de la revista -editorial, artículos, entrevista, ensays, reseñas- giran en torno al tema tratado. De ahi que en el mismo puedan hallarse trabajos sobre la memoria y sus relaciones con la identidad individual y colectiva, la historia de la formación docente, la historia de la formación de lectores en el siglo XIX en Brasil o de diversas instituiciones educativas brasileñas, las vivencias pedagógicas de las professoras, la figura de Anísio Teixeira, la literatura autobiografica en España, la escuela en el Portugal de mediados del siglo XIX o la memoria de los professores y las transformacines de la universidad argentina entre 1968 y 1976".
Esperamos contar cada vez mais com a participação, o apoio e a crítica da comunidade acadêmica.

Ana Chrystina Venancio Mignot
p/Comissão Editorial – abril de 2001