Terminalidade humana na UTI: reflexões sobre a formação profissional e ética diante da finitude
DOI:
https://doi.org/10.12957/rhupe.2013.7542Resumo
Profissionais de saúde convivem, no contextoda unidade de terapia intensiva (UTI), maisdiretamente com os pacientes graves e seus familiarese lidam constantemente com a presençade suporte biotecnológico a órgãos vitais, istoé, entre possibilidades de manutenção da vida eenfretamento da morte. Diante dessa realidade,surgem profundas tensões emocionais relacionadasàs expectativas e frustrações advindasda luta cotidiana contra a finitude humana. Noentanto, observa-se, no processo de formaçãodos diferentes profissionais atuantes em terapiaintensiva, a ausência de qualquer abordagemnas diferentes disciplinas que discutam aspectoscognitivos e afetivos relacionados ao processo damorte. Ainda que a reflexão sobre os aspectosenvolvidos no melhor preparo para lidar coma morte seja estimulada por diversos autores, éinegável que as escolas de formação em saúdeainda enfrentam dificuldades para assumir ocompromisso educacional com essa temática.Tal realidade demonstra a falta de repertóriosadequados para lidar com decisões inerentes àatuação dos profissionais de saúde: a determinaçãode quem ocupa um leito – de quem vive ede quem morre – corresponde e resgata dilemaséticos a serem tratados. Isto implica uma discussão multidisciplinar no ambiente de formaçãoe de atuação, o que explica a crescente presençade profissionais da psicologia e da saúde mentalnas UTIs, abrindo espaço para a discussão damorte com os membros da equipe de saúde, que frequentemente lidam com sentimentosde perda, sofrimento, dor e fracasso, mas também com os pacientes e seus familiares. Nesse panorama, é possível perceber a importância, complexidade e especificidades das situações vividas por profissionais de saúde e pacientesno contexto de uma UTI. A sistematização de discussões relacionadas ao tema da morte podeconstituir um meio eficaz de articulação entrea prática vivenciada e as perspectivas pessoale profissional de médicos, enfermeiros, fisioterapeutas,entre outros, que testemunham ou testemunharão o complexo morrer humano.
Revista HUPE, Rio de Janeiro, 2013;12(3):147-153
doi:10.12957/rhupe.2013.7542