Microcirculação na sepse: aspectos fisiopatológicos e diagnósticos

Autores

  • Marcos L. Miranda Serviço de Clínica Médica. Centro de Tratamento Intensivo Geral. Hospital Universitário Pedro Ernesto. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
  • Daniella M. L. Caixeta Unidade de Pacientes Graves. Instituto Fernandes Figueira. Fundação Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
  • Eliete Bouskela Departamento de Ciências Fisiológicas. Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.12957/rhupe.2013.7527

Resumo

Pela sua alta incidência, morbidade, mortalidade e custos ao sistema de saúde, a sepse se destaca entre as diversas indicações de internação em unidade de terapia intensiva. A disfunção da microcirculação tem papel central na gênese e manutenção da síndrome séptica, sendo um marco fisiopatológico desta síndrome. De fato, pode-se dizer que a sepse é uma desordem da microcirculação, sendo este o primeiro órgão a falhar durante a progressão da sepse para a síndrome de disfunção de múltiplos órgãos e morte. Sabe-se atualmente que, a despeito de um tratamento adequado da macro-hemodinâmica, existe pouca correlação entre a melhora hemodinâmica sistêmica e a correção das anormalidades microcirculatórias, sendo a presença destas anormalidades mais comum entre os pacientes não sobreviventes que naqueles sobreviventes. A razão para esta disparidade entre a macro e a micro-hemodinâmica é a presença de shunts funcionais na microcirculação que “escondem” a disfunção microcirculatória da circulação sistêmica. Por não avaliarem os eventos intrínsecos que ocorrem na microcirculação, os sistemas de monitorização hemodinâmica convencionais disponíveis na prática clínica falham em detectar estas anormalidades e a resposta aos tratamentos. Este conhecimento aponta para uma grande necessidade no diagnóstico e tratamento da sepse: a avaliação diagnóstica da disfunção da microcirculação. Felizmente, existem alguns métodos diagnósticos direcionados especificamente para a avaliação das alterações microcirculatórias. Estes métodos podem ser divididos em biomarcadores, técnicas de videomicroscopia, técnicas para a avaliação da oxigenação tissular e técnicas para avaliação da microcirculação a partir da pressão parcial de gás carbônico. Visando um melhor entendimento dos processos fisiopatológicos envolvidos na disfunção microcirculatória secundária à sepse e dos meios diagnósticos atualmente disponíveis, alguns conceitos fundamentais são apresentados.

Revista HUPE, Rio de Janeiro, 2013;12(3):21-30

doi:10.12957/rhupe.2013.7527

Downloads

Publicado

2013-09-30