Associação entre consumo de álcool, quedas e internação em idosos
DOI:
https://doi.org/10.12957/rhupe.2018.40810Resumo
Introdução: O envelhecimento associado a perdas cognitivas,
como velocidade de processamento e tempo de reação, e
ao alto consumo de álcool aumenta o risco de quedas tendo
como desfecho a internação. Objetivo: Analisar a associação
entre o consumo alcoólico de risco e quedas em idosos, relacionando
a incidência de quedas a períodos de internações
anteriores verificando diferenças no consumo alcoólico de
risco entre homens e mulheres. Materiais e métodos: Estudo
do tipo transversal, descritivo, utilizando dados do projeto
FIBRA-JF com idosos que declararam consumo de álcool.
Foram analisados dois subgrupos (M e F) relacionando o
consumo de risco com quedas e internação por pelo menos
uma noite nos últimos doze meses. Resultados: A amostra
composta por 128 idosos que relataram consumir álcool foi
de 73 mulheres e 55 homens. Os resultados demonstraram
que não houve diferença significativa para o consumo de
risco de bebidas alcoólicas tanto nos homens (n=16,51%)
quanto nas mulheres (n=37,16%) com (p≤0,05). Não houve
correlação entre consumo de risco e quedas nos homens
(p=69,41%), sendo observada diferença estatisticamente
significativa nas mulheres, com p= 99,55%). Os idosos que
consumiram de 2 a 3 doses por dia sofreram 3 quedas nos
últimos 12 meses e aqueles que consumiram de 4 a 5 doses,
sofreram 2 quedas nos últimos 12 meses. O consumo de risco
de álcool em homens e mulheres associado à internação por
pelo menos uma noite não apresentou relevância estatisticamente
significativa. Com relação ao número de doses
consumidas entre homens e mulheres, não se atingiu o nível
de significância estabelecido inicialmente (p=0,07, para
p≤0,05), sendo que os homens ingerem maior quantidade
de bebidas alcoólicas em relação às mulheres. Conclusões:
O consumo de risco de bebidas alcoólicas em idosos pode
estar relacionado com maior ocorrência de quedas nesta
população, principalmente no gênero feminino devido a
diversos fatores biológicos. Sendo assim, as mulheres possuem
maior predisposição a sofrer quedas.
Descritores: Acidentes por quedas; Alcoolismo;
Envelhecimento.
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