Neuropatia autonômica no diabetes: a importância de uma complicação pouco investigada

Autores

  • Lucianne R. M. Tannus Departamento de Medicina Interna. Faculdade de Ciências Médicas. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.12957/rhupe.2015.20060

Resumo

A neuropatia autonômica cardiovascular (NAC), apesar de ser considerada uma complicação crônica comum no paciente com diabetes mellitus (DM) e associada com o aumento de morbimortalidade cardiovascular (CV), ainda permanece subdiagnosticada. A presente revisão tem o objetivo de descrever os critérios diagnósticos da NAC, os fatores clínicolaboratoriais relacionados com a sua presença e as estratégias terapêuticas disponíveis. A NAC está presente em 25% dos pacientes com DM tipo 1 (DM1) e em 34% dos pacientes com DM tipo 2 (DM2). Encontra-se associada à neuropatia periférica, assim como à presença de hipertensão arterial sistêmica (HAS), dislipidemia, nefropatia, retinopatia diabéticas, doença vascular periférica (DVP) e os principais fatores de risco são idade, duração do DM e presença de controle glicêmico inadequado. A NAC pode se manifestar através de taquicardia de repouso, hipotensão postural, intolerância à atividade física, isquemia miocárdica silenciosa, aumento do intervalo QT, cardiomiopatia diabética e ausência de descenso noturno de pressão arterial sistólica (PAS). Os sinais e sintomas associados à presença da NAC surgem tardiamente na evolução da doença, tornando necessária a utilização de testes reflexos CV para identificação precoce da NAC (teste da respiração profunda, teste de Valsalva, teste do ortostatismo e pesquisa de hipotensão ortostática). De acordo com as recomendações atuais, é necessária a presença de pelo menos dois testes reflexos CV alterados para o diagnóstico definitivo de NAC. As estratégias terapêuticas disponíveis são tratamento dos fatores de RCV (HAS, dislipidemia e diabetes), além da prática de exercícios físicos, uso de betabloqueadores, inibidores da enzima conversora de angiotensina (iECA) e ácido alfalipoico. A NAC ainda permanece subdiagnosticada. O rastreamento é recomendado para o diagnóstico de pacientes com DM2 e após cinco anos do diagnóstico de pacientes com DM1 para permitir o diagnóstico precoce tratamento adequado e prevenção e reversão das alterações autonômicas de CV.

Descritores: Diabetes mellitus; Risco; Doenças cardiovasculares; Neuropatias diabéticas; Angiopatias diabéticas.

 

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Publicado

2015-12-30

Edição

Seção

Artigos