Diabetes: como as funções neurocognitivas influenciam na adesão ao tratamento

Autores

  • Letícia M. G. Japiassú Disciplina de Diabetes, Departamento de Medicina Interna, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
  • Simone H. de Castro Disciplina de Diabetes, Departamento de Medicina Interna, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
  • Priscila C. Ribeiro Disciplina de Diabetes, Departamento de Medicina Interna, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
  • Gilberto N. O. Brito Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental, Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil. Departamento de Pesquisa, Instituto Fernandes Figueira, fiocruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.12957/rhupe.2015.20042

Resumo

A presente revisão tem como objetivo apresentar evidências sobre o impacto dos mecanismos fisiopatológicos do diabetes tipo 1 (DM1) e 2 (DM2) no cérebro com repercussão importante na função neurocognitiva, e como esta repercussão interfere na adesão ao tratamento. No DM1, episódios de hiper e hipoglicemia durante o desenvolvimento provocam alterações estruturais e metabólicas no cérebro, enquanto que no DM2 um estado de relativa resistência insulínica associado à diminuição da atividade da enzima de degradação de insulina no cérebro levaria à degeneração neuronal. Tanto no DM1 quanto no DM2, a agressão ao neurônio provocada pelos mecanismos fisiopatológicos do diabetes provoca fraturas no funcionamento neurocognitivo, que podem se apresentar como dificuldades da atenção, dismnesia e síndrome disexecutiva. Como o tratamento do diabetes é bastante complexo, estas dificuldades neurocognitivas interagindo com as dificuldades intrínsecas (pré-mórbidas) prejudicam a adesão do paciente ao tratamento. Como enfatizado neste artigo, o analfabetismo, pleno e funcional, representa um dos mais importantes fatores pré-mórbidos que dificulta esta adesão. A estratégia de tratamento de pacientes diabéticos, independentemente do tipo, inclui um esquema complexo de orientações medicamentosas e não medicamentosas que devem ser implantadas no seu cotidiano. Educação em saúde é fundamental para o eficaz manejo de qualquer doença e, mais ainda, do diabetes. De forma mais ampla, indivíduos com pouca escolaridade mostram baixo entendimento sobre a própria doença e, consequentemente, pior autocuidado e condição clínica. Cabe ao provedor principal de saúde determinar a forma mais adequada de apresentar a estratégia de tratamento através do conhecimento do perfil pré e pós-mórbido das funções neurocognitivas e também das características intrínsecas (ex.: analfabetismo, personalidade) ao paciente. O dilema atualmente imposto ao sistema de saúde é como fazer chegar ao paciente diabético os benefícios dos avanços científicos na área, apesar de toda a complexidade da estratégia do tratamento.

Descritores: Diabetes mellitus; Fisiopatologia; Atuação (Psicologia); Terapia comportamental; Mortalidade.

 

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Publicado

2015-12-30

Edição

Seção

Artigos