Síndrome de transfusão feto-fetal

Autores

  • Paulo Roberto N. de Carvalho

DOI:

https://doi.org/10.12957/rhupe.2015.18421

Resumo

A presente revisão discorre sobre a síndrome de transfusão Feto-fetal (STFF), patologia rara, que acomete cerca de 10-15% das gestações gemelares monocoriônicas/diamnióticas (MCDA). A mortalidade perinatal da STFF, quando ausente o tratamento antenatal, gira em torno de 90% para ambos os fetos. Observa-se déficit neurológico importante em 50% dos sobreviventes da STFF, como consequência da prematuridade ou do óbito unifetal. A identificação precoce da corionicidade das gestações gemelares permanece um desafio para o correto manuseio das prenhezes MCDA ao longo da gestação. A gravidade desta patologia justifica a organização de serviços de referência especializados para seu diagnóstico e tratamento, apesar da sua relativa raridade. Nas últimas duas décadas a fetoscopia para coagulação a laser das anastomoses placentárias se tornou o padrão ouro para o tratamento intrauterino da STFF. Tal dado foi corroborado por um dos únicos ensaios clínicos randomizados realizados na área de cirurgia fetal e por vários estudos prospectivos longitudinais. Ao contrário de outras propostas terapêuticas, como a amnioredução, septostomia e mais raramente o feticídio seletivo, a laserterapia por fetoscopia promove o tratamento da causa patogênica primária da STFF. A conduta expectante pode ser considerada como primeira opção terapêutica nos casos iniciais de STFF (estágio I de Quintero). Resultados recentes identificam uma sobrevida global de 67,4% para ambos os fetos e de 90,6% para pelo menos um dos fetos. Trabalhos recentes também reportam taxas de atraso neurológico menores que 5% em gemelares tratados através da laserterapia.

Descritores: Transfusão feto-fetal; Gravidez de gêmeos; Gravidez múltipla; Fetoscopia; Fotocoagulação a laser.

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Publicado

2015-12-30