Fatores angiogênicos e antiangiogênicos na fisiopatologia da pré-eclâmpsia e seu uso na prática obstétrica atual
DOI:
https://doi.org/10.12957/rhupe.2014.12134Resumo
A pré-eclâmpsia é uma das principais causas de morbimortalidade materna, morte perinatal, parto pré-termo e restrição de crescimento intrauterino. Apesar de a maioria das gestantes apresentar um bom desfecho, o atraso no seu diagnóstico pode favorecer a evolução para sua forma mais grave, a eclâmpsia. Um grande número de pesquisas já foi publicado sobre este assunto, no entanto, a etiologia da pré-eclâmpsia continua desconhecida. O estudo dos fatores angiogênicos, como o fator de crescimento vascular endotelial (VEGF) e o fator de crescimento placentário (PlGF), e dos fatores antiangiogênicos, como o receptor fms-like tirosina quinase-1 solúvel (sFlt-1), permitiu a ampliação do conhecimento sobre a fisiopatologia da pré-eclâmpsia. Pacientes analisadas após o diagnóstico de pré-eclâmpsia possuíam níveis séricos maiores de sFlt-1 e menores de PlGF e VEGF que o grupo controle pareado por idade gestacional. O sFlt-1 funciona como antagonista ao se ligar aos fatores angiogênicos e prevenir a interação com seus receptores de superfície celular. Essas alterações foram mais pronunciadas quando a paciente apresentou pré-eclâmpsia precoce (< 34 semanas) ou restrição do crescimento intrauterino. Estes fatores já estão sendo utilizados no rastreamento da doença no primeiro trimestre de gestação, principalmente para as apresentações precoces da doença, e mostraram-se promissores para o auxílio no diagnóstico diferencial entre pré-eclâmpsia e doenças que apresentam o quadro clínico similar, como o lúpus eritematoso sistêmico (LES). Esta doença autoimune acomete principalmente mulheres em idade reprodutiva e está associada a resultados gestacionais adversos. Poucos estudos avaliaram os fatores angiogênicos e antiangiogênicos em gestantes com LES. Aparentemente, há um aumento do sFlt-1 em pacientes com LES e pré-eclâmpsia, entretanto, os resultados ainda não podem ser aplicados na prática clínica considerando a escassez de dados. Estudos prospectivos em gestantes com LES estão sendo desenvolvidos para o diagnóstico diferencial de síndromes hipertensivas durante a gestação, podendo influenciar diretamente a assistência prestada às gestantes de alto risco.
Descritores: Pré-eclâmpsia; Lúpus eritematoso sistêmico; Fatores de crescimento do endotélio vascular; Nefrite lúpica; Hipertensão.
Revista HUPE, Rio de Janeiro, 2014;13(3):25-31
doi: 10.12957/rhupe.2014.12134