Estudos e Pesquisas em Psicologia
2025, Vol. 25. e78509, doi:10.12957/epp.2024.78509
ISSN 1808-4281 (online version)

 

CLIO-PSYCHÉ

 

Reencontro Intelectual com Karen Horney

 

Intellectual Reunion with Karen Horney

 

Reencuentro Intelectual con Karen Horney

 

Lara Araújo Roseira Cannone a, Suely Aires Pontes b

a Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
b Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA, Brasil
Endereço para correspondência

 

RESUMO

Dentre as referências psicanalíticas, algumas permanecem menos populares que outras. Como exemplo está Karen Horney e suas extensas contribuições mais conhecidas entre teorias da personalidade e no feminismo do que na psicanálise, campo ao qual dedicou sua trajetória profissional. Esse artigo tem como objetivo divulgar o trabalho de Karen Horney, sobretudo a partir de informações biográficas e exposição da obra teórica da mesma através de escritos autorais e de comentadores. Partindo de discordâncias e releituras da obra freudiana, seu pensamento atuou como precursor da psicanálise nos Estados Unidos e de proposições sobre a sexualidade feminina que rompem com paradigmas patriarcais. Este segundo ponto também se encontra elucidado em sua biografia, enquanto mulher intelectual nascida no século XIX, quando seguir na carreira acadêmica se tornou um desafio devido à presença escassa de mulheres em ambientes universitários, intensificado pelas críticas tecidas a partes da teoria a respeito da diferença sexual do prestigiado Sigmund Freud e seus seguidores. Sendo assim, tomar conhecimento da trajetória de Horney e de seu legado, além de ser útil do ponto de vista da história das mulheres na ciência, também suscita reflexões sobre rumos epistemológicos para a psicanálise.

Palavras-chave: Karen Horney, sexualidade feminina, história da psicanálise.


ABSTRACT

Among psychoanalytic references, some remain less popular than others. As an example to that is Karen Horney and her extensive contributions better known among theories of personality and feminism than in psychoanalysis, even though it was the field to which she had dedicated her professional career. This article aims to promote the work of Karen Horney, mainly based on biographical information and exposition of her theoretical work through authorial writings and commentators. Starting from disagreements and reviews of Sigmund Freud's work, her thought acted as a precursor of psychoanalysis in the United States and as propositions about female sexuality that break with patriarchal paradigms. This second point is also elucidated in her biography, as an intellectual woman born in the 19th century, when belonging in an academic career became a challenge due to the scarce presence of women in university environments, intensified by her criticisms made to parts of the theory about sexual roles of the prestigious Freud and his followers. Thus, learning about Horney's trajectory and legacy, in addition to being useful from the point of view of the history of women in science, also raises reflections on the epistemological directions for psychoanalysis.

Keywords: Karen Horney, female sexuality, history of psychoanalysis.


RESUMEN

Entre las referencias psicoanalíticas, algunas siguen siendo menos populares que otras. Como ejemplo está Karen Horney y sus amplias contribuciones más conocidas entre las teorías de la personalidad y el feminismo que en psicoanálisis, campo al que dedicó su carrera profesional. Este artículo tiene como objetivo promover el trabajo de Karen Horney, basado principalmente en información biografica y exposición de su trabajo teórico a través de escritos autorales y de comentaristas. Partiendo de desencuentros y relecturas de la obra de Sigmund Freud, su pensamiento actuó como precursor del psicoanálisis en Estados Unidos y de proposiciones sobre la sexualidad femenina que rompen con los paradigmas patriarcales. Este segundo punto también se aclara en su biografía, como mujer intelectual nacida en el siglo XIX, donde seguir una carrera académica se convirtió en un desafío debido a la escasa presencia de mujeres en los ambientes universitarios, intensificada por críticas a partes de la teoría sobre diferencias sexuales del prestigioso Freud y sus seguidores. Así, conocer la trayectoria y el legado de Horney, además de ser útil desde el punto de vista de la historia de las mujeres en la ciencia, también suscita reflexiones sobre los rumbos epistemológicos para el psicoanálisis.

Palabras clave: Karen Horney, sexualidad femenina, historia del psicoanálisis.


 

 

(...) um bom bisturi não pode ser responsabilizado pelas operações mal feitas realizadas com o seu auxílio.
Karen Horney, (1939/1966, p. 29)

 

O presente artigo é fruto de investigação sobre a intelectual Karen Horney e das inquietações que instigaram sua obra. Inquietações vindas, sobretudo, da história de vida e trajetória profissional pouco populares no meio psicanalítico ou, mais especificamente, na psicanálise clássica. O uso da palavra "intelectual" refere-se ao desafio de ter participado e contribuído para a dinâmica das trocas de teorias e práticas no cenário científico. Assim sendo, o objetivo aqui pretendido é divulgar o trabalho de uma das tantas figuras icônicas da psicanálise, porém não pertencente aos saberes predominantes.

Sabe-se que vários e várias psicanalistas estiveram presentes e colaboraram ativamente para o movimento desse campo, todavia, muitos e muitas repousam inquietos em uma certa invisibilidade. Tal realidade se aplica a Karen Horney (1885-1952), autora de vastas colaborações desde obras teóricas e técnicas à representatividade de mulheres intelectuais em um período um tanto quanto truculento, sendo ela contemporânea a mudanças estruturais de gênero na sociedade tradicional europeia. Contudo, isso não evitou que permanecesse rara em citações, ou até mesmo fosse quase desconhecida na atualidade.

Na pesquisa bibliográfica realizada no intuito de agregar referências teóricas para esta investigação, as produções encontradas estiveram em sua maioria associadas ao feminismo, a terapias de base humanista ou a críticas a conceitos específicos de Freud em contraste com a produção de Horney. Em nossa pesquisa, optamos por realizar as buscas em plataformas de conteúdos científicos voltados para os saberes psi, onde "Karen Horney" foi a palavra-chave utilizada. Os resultados a evidenciaram pouco como protagonista dos textos e citações.

Longe de idealizá-la, haja vista que a direção da ciência sob uma perspectiva crítica é impulsionar as revisões dos estatutos de verdade, este texto é um convite a reencontrar a pensadora que jamais permitiu ser apagada da memória da psicanálise. Aquela que ousou discordar do freudismo vigente sem abrir mão de uma postura científica e também se colocou, inevitavelmente, passível de críticas - positivas e negativas.

Para apresentar a intelectual Karen Horney, o seguinte artigo está dividido entre um panorama da história de vida e de suas proposições teóricas.

Quem foi Karen Horney?

Nascida em 16 de setembro de 1885, em Hamburgo, Alemanha, foi a filha mais nova entre quatro meio-irmãos, do casamento anterior de seu pai, e um irmão com o qual cresceu. Karen Clementine Danielsen, como até então se chamava, teve como pai Berndt Henrik Wackels Danielsen, norueguês naturalizado alemão e um conservador capitão de navio, devoto à Bíblia e, como mãe, Clotilde Marie van Ronzeten, conhecida pela inteligência, pelo gosto em ler e por ser uma pensadora indomável (Kelman, 1967; O'Connell, 1980).

Berndt era 18 anos mais velho que Clotilde e se casaram após a viuvez dele no primeiro casamento. Os pais compartilhavam de outras diferenças além da discrepância de idade, as quais frequentemente causavam brigas e confusões, sendo esse o cenário familiar posto para a jovem Karen. Em meio às dificuldades de conciliação, chegou-se à dissolução do matrimônio e saída do genitor de casa, o qual continuou a ter contato com os filhos.

A família Danielsen era abastada e vivia em uma cidade portuária devido à profissão de Berndt. Tal contexto oportunizou diversas viagens à filha do marinheiro, que levou o apreço por viagens para o resto da vida. Para a visão de mundo de Karen Horney, as viagens marcaram presença no entendimento sobre a variedade de organizações sociais em conjunto com a inclinação para o cinema, a pintura, a gastronomia e, claro, os estudos acadêmicos (O'Connell, 1980).

A escolha da profissão de médica veio ainda criança, aos 12 anos. Dizia que, já que não era bonita, ao menos seria inteligente; frase esta não aleatória se for levado em consideração o imperativo estético para as mulheres através dos séculos. Uma outra função dos estudos foi afastá-la dos diversos conflitos familiares e nutrir esperanças de transformar sua vida. Informações como essas constam em diários pessoais usados como recurso para lidar com as querelas dos 14 aos 26 anos, publicados postumamente pela filha, Renate (Amorim, 2021).

Karen Horney entrou no Gymnasium aos 15 anos a fim de se preparar para seus objetivos acadêmicos, oportunidade promovida por um coletivo de feministas radicais e defensor da educação igualitária para meninas chamado Frauenwohl. Envolveu-se também com outro grupo que inspirou seus valores, Mutterschutz, o qual priorizava a liberdade das mulheres para estudar, ter relacionamentos, exercer a maternidade, obter direitos sexuais e se profissionalizar (Amorim, 2021).

Conseguiu cumprir os planos feitos em tenra idade, mas não sem angústias frente à família. Carregou o fardo de não ter o apoio paterno, pois o mesmo sempre foi contrário aos estudos para as mulheres. No entanto, foi baseada no encorajamento por parte da mãe que começou a faculdade de Medicina aos 21 anos, em 1906.

Além disso, ela pertenceu ao seleto grupo de 58 mulheres dentre os 2.350 estudantes da Universidade (Amorim, 2021). Tal disparidade se justifica devido ao período histórico ainda em transição acerca das restrições acadêmicas baseadas no gênero. Sendo assim, as opções eram reduzidas a poucas universidades e vagas abertas para a formação de mulheres médicas. Mesmo enfrentando tal adversidade, enquanto aluna sempre esteve entre os destaques das turmas e diversificou seu curso ao passar pelas Universidades de Friburgo, Göttingen e Berlim, esta última onde começou a estudar psicanálise.

O sobrenome Horney lhe foi atribuído ao casar-se com Oskar Horney, ainda no período da graduação, em 1909, na idade de 24 anos. O papel da maternidade também lhe chegou durante a faculdade, ao dar à luz às três filhas: Brigitte nascida em 1909, Marianne em 1911 e Renate em 1915. Formou-se em medicina em Berlim, aos 30 anos, ao defender o trabalho de conclusão sobre contribuições clínicas para traumas na psicose (O'Connell, 1980).

Ao se graduar, a recém-médica começou a carreira trabalhando em uma clínica psiquiátrica, migrando posteriormente para o Hospital Militar para se dedicar a pacientes neuróticos advindos da Primeira Guerra Mundial. Seguiu adquirindo uma vasta experiência: foi professora, terapeuta, fundadora de associações psicanalíticas, editora e autora em periódicos científicos.

Karen Horney tentava combinar a vida profissional com a vida social, sempre rodeada de amigos, revezando os bons momentos com os percalços em conciliar as ocupações de mãe, esposa e médica. Essa multiplicidade de funções era também motivo de fadiga, ainda mais por não contar com o apoio de Oskar, o qual sugeria sustentar a família com sua carreira bem-sucedida de advogado enquanto ela se dedicaria somente ao lar. Esses e outros impasses conjugais culminaram em divórcio após 17 anos de relacionamento, em 1926, porém sem inviabilizar um laço amigável entre ambos.

Outro ponto difícil em sua trajetória foi a convivência com a depressão e ideações suicidas, agravada pelas mortes precoces da mãe e do irmão, a ponto de incapacitá-la para o trabalho em algumas circunstâncias (O'Connell, 1980). Em meio às perdas e recomeços, mudou-se para Chicago aos 47 anos, após receber um convite de emprego por Franz Alexander para ser sua assistente em um instituto de psicanálise. De início, levou a filha mais nova, Renate, depois indo ao seu encontro a do meio, Marianne, para começar a faculdade de medicina; já Brigitte, a mais velha, continuou na Alemanha no intuito de prosseguir na profissão de atriz.

Aos poucos, foi possível construir uma carreira sólida no meio estadunidense e dar prosseguimento às atividades iniciadas na Alemanha como analista. Esses percursos renderam uma série de parcerias e rompimentos profissionais e pessoais, como a relação com Erich Fromm, Harry Stack Sullivan e Clara Thompson, responsáveis pela fundação conjunta da Associação Americana para o Avanço da Psicanálise (Costa & Bonfim, 2014; O'Connell, 1980).

Em 1934, completados dois anos da sua estadia em Chicago, mudou-se para Nova Iorque, onde permaneceu até o fim da vida aos 67 anos, em 1952, quando faleceu devido a um câncer no abdômen (Kelman, 1967; O'Connell, 1980). Em sua homenagem, na mesma cidade de seu falecimento, funciona desde 1955 a clínica Karen Horney, que oferece atendimentos psicanalíticos e psicoterapêuticos de baixo custo e formação profissional.

Para Começar, o Freudismo

Algo imprescindível para esta investigação é elucidar que a emergência do pensamento de Karen Horney se deu em tempos de predominância da psicanálise freudiana. 29 anos mais nova do que Sigmund Freud, não esteve presente nos primeiros passos da psicanálise, mas certamente acompanhou de perto os efeitos iniciais desse projeto, circulou entre pupilos proeminentes e compôs a segunda geração de analistas.

Começou filiando-se ao Instituto de Psicanálise de Berlim, onde realizou sua análise pessoal, seguindo para a prática clínica. Seu primeiro analista, Karl Abraham, era publicamente recomendado por Freud e costumava tecer elogios a ela enquanto uma promissora psicanalista, o que chegou aos ouvidos do fundador da psicanálise (Silva & Espírito Santo, 2015; O'Connell, 1980). No entanto, a relação analítica veio a ruir quando Abraham apresentou seu caso clínico associando sua depressão ao genitor, Berndt Danielsen, a partir do conceito da inveja do pênis. Em seguida, Karen Horney iniciou a segunda análise com Hanns Sachs, também apreciado por Freud (O'Connell, 1980).

As divergências da trilha freudiana foram se consolidando paulatinamente. Todavia, isso não significou o distanciamento de temas em comum, e sim a proposta de outras chaves de leitura para desenhar o seu próprio perfil intelectual. O respeito por Freud se manteve intacto, por vezes utilizando passagens dele em seus escritos, juntamente com o recurso metodológico e didático de apresentar suas ideias a partir das semelhanças e contrastes com a teoria freudiana.

Os encontros entre ambos não foram apenas indiretos, chegaram a partilhar o mesmo espaço físico em Berlim durante o Congresso Internacional de Psicanálise, quando Horney apresentou um trabalho na sessão presidida por Freud, intitulado "Sobre a gênese do complexo de castração nas mulheres", publicado em 1922, após dez anos de prática clínica. Esse foi o único texto de sua autoria a ser citado por Freud, curiosamente o único divulgado na presença dele, deixando rumores sobre a omissão de outras menções a ela.

Conforme indica o título da apresentação, as discordâncias em relação ao pensamento freudiano foram introduzidas sobretudo no que concerne às discussões sobre a sexualidade feminina. Questão essa não exclusiva de Horney, visto que a partir da década de 1920 emergiram contestações inclusive em congresso da Associação Psicanalítica Internacional (IPA), vindo a repercutir nas formulações de Freud publicadas em datas posteriores (Cossi, 2020). Os motivos para tal efervescência são internos e externos à instituição psicanalítica, já que o movimento de emancipação das mulheres vinha ganhando força coletiva nos mais variados espaços.

Em vista disso, concentrando-se particularmente na chamada psicologia feminina, Karen Horney pretendeu desenvolver uma teoria apartada da promulgada por homens e discutiu a estrutura patriarcal e a cultura universalizante em que a concepção vigente sobre mulheres e feminilidade se pautava (Simões, 2017). O compilado "Psicologia Feminina" veio como fruto dessa dedicação, tendo sido organizado por Harold Kelman em 1967, contando com quinze textos divididos entre palestras, ensaios e assuntos sobre matrimônio, maternidade, problemas sociais envolvendo o ser mulher e conflitos subjetivos oriundos destes (Amorim, 2021). É interessante notar que o trabalho da psicanalista foi reconhecido não apenas por mulheres, muito embora fosse o público mais expressivo de suas teorias, mas também contou com o apoio de colegas homens para sua divulgação.

Para a autora, nas palavras de Simões (2017, p. 2), "uma teoria construída pela perspectiva masculina só pode resultar em ver na mulher o que ela não tem". Nesse sentido, suas propostas retiraram a masculinidade do lugar de referência, disfarçada sob o argumento da neutralidade, evidenciaram os efeitos dessa ótica na psicanálise e na elementar teoria das diferenças sexuais. Aderir à lógica das diferenças sexuais sem criticidade, em seu ponto de vista, enquadraria os sujeitos dentro da ordem masculina - e patriarcal, diríamos hoje - ao invés de suscitar mudanças no campo das produções psicanalíticas.

No livro "Novos rumos na psicanálise", a psicanalista conta que se encorajou para tecer seu pensamento próprio após tentativas frustradas de achar explicações para a "insatisfação que sentia com os resultados terapêuticos obtidos" (Horney, 1939/1966, p. 11), algo que atribuía inicialmente à inexperiência pessoal e falta de domínio da disciplina.

As condições de possibilidade de seu tempo foram outro fator relevante para sua obra progredir. Viveu na conjuntura berlinense e, em seguida, estadunidense, da segunda década do século XX em diante, adepta à interação entre analista, ambiente e paciente, do reconhecimento das ciências humanas e das verdades provisórias (Kelman, 1967). Horney ressaltou o descontentamento com interpretações da psicanálise que tendiam ao teor anátomo-fisiológico e, por sua vez, acabavam por desvalorizar a plasticidade da biologia através do contexto ambiental, cultural e relacional.

Junto a isso, advertiu para o perigo da estagnação dos casos clínicos e do campo psicanalítico ao forçar a todo custo encaixes em um modelo teórico, repercutindo assim em pressuposições infundadas sobre os pacientes, o que faz ecoar a desastrada leitura feita por Abraham de seu próprio caso. Pensava em um trabalho em conjunto com os pacientes, mudando a leitura teórica, se fosse preciso (Horney, 1937/1959).

A Intelectual Karen Horney

Conforme apresentado anteriormente, a inclinação para a intelectualidade fez-se presente desde a infância de Karen Horney, instigada pela referência materna, pela escolha de dedicar-se aos estudos e pelo incentivo de coletivos de mulheres.

De acordo com O'Connell (1980), a trajetória da psicanalista pode ser dividida em dois momentos. O primeiro refere-se ao início da carreira e à atuação na Alemanha, o contato inicial com a psicanálise e com os estudos sobre a feminilidade. Já o segundo concerne à ida para os Estados Unidos e o incremento das teorias sobre psicanálise, psicologia feminina e outros temas, incluindo a personalidade.

Em termos formais, a inauguração do seu pensamento autoral deu-se por meio do artigo de 1917, "A técnica na terapia psicanalítica". Nele, abordou a viabilidade da psicanálise para desamarrar sujeitos atados em verdades constitucionais partindo da ideia de bloqueio. O bloqueio do sujeito seria oriundo das privações de oportunidades no meio social e a saída estaria na promoção de novas oportunidades, de alternativas para outras direções (Horney, 1917 apud Amorim, 2021).

Ao valorizar o meio, entendia os conflitos e defesas do sujeito como repercussões frente às especificidades do ambiente. Devido à perspectiva não-usual no meio psicanalítico, despertou o interesse de estudiosos sobre teorias da personalidade, humanismo, feminismo e psicologia em geral.

Em seu percurso teórico-clínico, chegou a ser supervisora e analista de Fritz Perls, conhecido por idealizar a Gestalt-terapia, esteve à frente do grupo dos neofreudianos, da psicologia do ego e escola cultural. Dentre seus referenciais, circulava desde a psicanálise à literatura, história, antropologia e sociologia, além das viagens e conexões com culturas ocidentais e orientais (Silva & Espírito Santo, 2015).

A mudança para um país fora da conjuntura europeia ampliou diferenças frente à escola vienense, culminando na adesão ao culturalismo característico dos Estados Unidos. Mais fatores se adicionaram à tal inclinação, a exemplo da proximidade com Margaret Mead e Ruth Benedict, figuras centrais no trabalho sobre Cultura e Personalidade, eixo de investigações científicas que teve seu auge entre 1910 e 1950.

A proposta dessa escola estava em não hierarquizar as culturas, nem universalizar os costumes de um povo, além de compreender os padrões de cada cultura e suas interferências nas reações emocionais e cognitivas dos indivíduos. O estudo das culturas seria elementar, pois elas "são projeções ampliadas da psicologia individual, dotadas de proporções gigantescas e de uma longa duração" (Benedict, 1932/2015, p. 104). Ou seja, os grupos possuem referências sobre o que é valorizado ou ignorado, repercutindo naqueles que estão mais ou menos ajustados; logo, há sempre uma tensão entre as regras do coletivo e as expressões singulares.

Ainda acerca das influências vindas do novo país, Karen Horney ressaltou que a "grande emancipação dos pensamentos dogmáticos que encontrei nos E.U.A. facilitou-me a tarefa de não aceitar, como certas, as teorias psicanalíticas" (Horney, 1939/1966, p. 15). Com tal fala notam-se três aspectos que merecem ser ressaltados: o desafio enfrentado pela autora ao propor novas leituras na psicanálise; o dogmatismo na área; e, por fim, a leitura particular da psicanálise nos Estados Unidos, a qual coloca em evidência o freudismo vigente enquanto biologicista.

Além do culturalismo, um outro aspecto relevante em sua trajetória foi a postura de, acima de tudo, vincular suas investigações à função de analista. Tendo como paixão a clínica, estava mais interessada em testar, revisar e mudar suas hipóteses teóricas do que apresentar os casos clínicos em conformidade com premissas já estabelecidas, um dos motivos da ruptura com seu primeiro analista.

Talvez sua maior contribuição se deva à ênfase dada ao entendimento dos papeis sexuais. Segundo Horney (1939/1966), a mulher se desenvolve a partir da dependência afetiva, do amor e proteção de um homem, tendo o sentido da vida dado por terceiros, tornando quase impossível a tarefa de escapar da posição masoquista e impedindo um lugar ativo em sua própria narrativa.

O masoquismo feminino, anteriormente trabalhado por Freud, foi encarado pela psicanalista sob uma ótica a ser compreendida através das teias patriarcais da cultura. A partir da sua interpretação do freudismo, criticou a teoria-modelo por reiterar a ideia de um ímpeto sexual na mulher em temer a perda do amor, ser dependente e submissa. Como uma compreensão mais plausível, em sua perspectiva, propôs a supervalorização do amor para as mulheres enquanto uma consequência da privação de outras responsabilidades, sobretudo na esfera pública, política e econômica (Horney, 1939/1966).

É relevante evidenciar, contudo, que ela não chegou a se autodeclarar feminista (Amorim, 2021), embora suas ações e teorizações recusassem a divisão sexual vigente. É possível contextualizar muitos dos seus interesses com os percalços da vida pessoal, como por exemplo: estudos sobre a feminilidade; o papel da maternidade; o matrimônio e sua dissolução; os desafios de ser uma mulher com carreira consolidada; a estrutura do patriarcado nas relações conjugais; subjetivação distinta entre homens e mulheres; a inferiorização da mulher em relação ao homem; o masoquismo e a sexualidade de mulheres; a educação das crianças; os efeitos da cultura no psiquismo.

A exploração de tais temas eventualmente trouxe à tona assuntos permeados por tabus. A monogamia foi um deles, rendendo cinco anos consecutivos de pesquisas e seis artigos. Em 1928, Karen Horney publicou "O ideal monogâmico", apontando para a semelhança do matrimônio monogâmico com uma tutela, em que um está fadado a completar as necessidades do outro, fator desfavorável para uma relação genuinamente duradoura. Ademais, defendeu o trabalho feminino para a autorrealização e não somente em ocasiões de complemento da renda do marido, ideia que precisou sustentar em sua vida, visto ter vivenciado as objeções do pai e do cônjuge à sua carreira (O'Connell, 1980).

Em "O Medo de Mulher", também de 1928, abordou o desconhecimento e aflição dos homens em relação à vagina, dando prosseguimento em "A Negação da Vagina", de 1933. Esses textos assumiram grande relevância para a época e continuam pertinentes até os dias atuais, visto que Horney promoveu pesquisas que contradisseram a passividade sexual feminina e a justificativa biologicista desta pela composição do corpo anatômico.

Apoiada nos estudos oriundos da prática clínica, observou o uso da vagina e da masturbação para obtenção de prazer desde a infância até a fase adulta por meninas e mulheres, algo frequentemente encarado como raridade, sendo considerado como habitual somente entre meninos e homens. Na tentativa de desnaturalizar rótulos essencialistas, fomentou estudos sobre a relação entre questões emocionais e as queixas de mulheres com vaginismo, frigidez, menstruação, masturbação e maternidade (Kelman, 1967).

Em "Algumas consequências psíquicas da distinção anatômica entre os sexos", Freud faz menção a Karen Horney, qualificando como valioso e abrangente seu texto "Sobre a gênese do complexo de castração nas mulheres", juntamente com trabalhos de Karl Abraham e Helene Deutsch, autores criticados por Horney. Com a alusão a Horney no final de seu texto, há a evidência de diálogo, mas, ao mesmo tempo, o fortalecimento de algo já sabido: a ausência de completa concordância entre as teorias. No referido escrito, Freud traz à tona novamente o complexo de Édipo, mas dessa vez reformulando ideias sobre o processo para meninos e meninas ao reconhecer o uso da referência primordial do menino em textos anteriores (Freud, 1925/2018).

A psicanalista contradisse a proposição freudiana da passagem das sensações do clitóris para a vagina como etapa em direção à normalidade, assim como a marca psíquica na menina ao descobrir que não terá um pênis. Karen Horney acentuou a vagina como algo além da falta de um pênis, destacou a grande negligência na importância deste órgão e notou uma queda do juízo de valor desigual com o avanço de uma educação menos patriarcal. Outra proposição trazida por Horney diz respeito à omissão teórica sobre o frequente desejo de meninas em ter seios em contraste com a atenção ao desejo de ter pênis, fazendo coincidir preconceitos culturais com desdobramentos teóricos (Horney, 1939/1966).

A partir da sua revisão do conceito, considerou que a inveja do pênis influencia na libido da mulher e no seu mal-estar à medida em que é tomada como uma condição estruturante, quando a feminilidade é encarada com precariedade e se hipervaloriza uma fictícia masculinidade (Amorim, 2021). Sendo assim, a famosa crítica de Horney à inveja do pênis é guiada pelas desigualdades na valorização de meninos e meninas, suscitando na mulher o desejo de obter os mesmos privilégios que enxerga o homem adquirir com maior facilidade: "força, coragem, independência, sucesso, liberdade sexual" (Horney, 1939/1966, p. 91).

Para ela, há definições culturais das bases sexuais, as quais são influenciadas pelo puritanismo vigente. Para a mulher, tal incidência tem efeitos de degradação e associação com o pecado, caso exerça uma sexualidade satisfatória para si. Ademais, a autoconfiança feminina repousa em bases restritas e, portanto, fáceis de moldar a uma dependência emocional, desvalorizando seus desejos e atitudes.

Por meio de todos esses feitos, Karen Horney defendeu que a psicanálise, até então, não obtinha fundamentação suficiente para responder às questões levantadas pela feminilidade, tornando-se necessárias novas perspectivas.

A década de 1930 inaugurou novos temas em sua obra, encontrados nos livros "A personalidade neurótica do nosso tempo" (1937) e "Novos rumos na psicanálise" (1939). Foi a partir deste último que seus posicionamentos se tornaram inconciliáveis com o Instituto Psicanalítico de Nova Iorque, gerando expulsão definitiva em 1941 devido à acusação de desviar os estudantes da teoria, visto apresentar uma teorização sobre a etiologia da neurose que se mostrava em discordância ao cânone freudiano.

Ao invés de tomar a infância como referencial indispensável para pensar a neurose, considerou principalmente as condições e os reflexos da cultura em necessidade de afeição e sentimento de culpa como produtores de adoecimento. Em suas palavras, a neurose é uma "luta pela vida em circunstâncias difíceis" (Horney, 1939/1966, p. 14).

Nessa direção, desvinculou a neurose do complexo de Édipo para teorizá-la como busca por segurança, defesa contra a hostilidade, ameaças do mundo e desamparo. Por ser fruto de conflitos, para Horney, a meta da neurose é a segurança. O apego a um dos pais se justifica pela tentativa de acalmar uma angústia, delegar a alguém a satisfação dos seus desejos, ter proteção não apenas dos medos culturais, mas também dos medos decorrentes da história particular de cada pessoa (Horney, 1937/1959).

A divisão dos neuróticos, para ela, está entre a busca por poder e afeição, por vezes alavancando o dilema de aspirações entre os desejos expansivos e os agressivos. A cultura coloca o indivíduo em uma série de dilemas que se retroalimentam, como a admiração pelo sucesso e pelo individualismo, ao mesmo tempo em que se cultua o altruísmo e a modéstia. As neuroses, portanto, seriam "causadas pelo caráter conflitante das demandas que a cultura impõe aos indivíduos" (Horney, 1936/2007, p. 154).

Ainda segundo Horney, o neurótico se desdobra entre seus conflitos, medos e defesas. Imerso em dilemas, eventualmente parte em busca de soluções conciliatórias, essas envoltas em sofrimento para que possam ser alcançadas. Por sua vez, o parâmetro qualitativo e quantitativo da manifestação neurótica está nos padrões da cultura em que o indivíduo se encontra, não podendo ser analisada fora desse contexto (Horney, 1937/1959).

Horney correlacionou a ansiedade com características comuns às neuroses: competição ou rivalidade; ânsia em se provar o melhor; relacionamento com o outro baseado em comparações; ambições de atender às fantasias do ideal de eu, em que o fracasso implicaria em reações depressivas; sensação de derrota frente ao sucesso do outro, demandas rígidas e/ou excessivas ao eu; sensação de ameaça em ser superado pelo outro e hostilidade. Sobre isso, comenta:

Nós vivemos em uma cultura competitiva e individualista. Se os gigantescos progressos econômicos e técnicos de nossa cultura foram e são possíveis somente na base do princípio da competição é uma questão para economistas ou sociólogos decidirem. O psicólogo, entretanto, pode avaliar o preço pessoal que pagamos por isso (Horney, 1936/2007, p. 152).

O preço a ser pago passa a ser entendido como distúrbio de caráter, a exemplo da inferioridade frente ao outro e autodepreciação. Todavia, Horney não era favorável a justificativas únicas e recomendava a identificação clínica, reprimida e manifesta, do círculo vicioso no funcionamento da neurose.

A autora propôs um modelo de mal-estar chamado a "tirania do deveria", dizendo respeito a uma vida guiada pelo que é socialmente idealizado, passando por cima das particularidades em prol de agradar o outro e provocando conflitos no sujeito (Amorim, 2021).

Contudo, acreditava na educação infantil progressista como uma forma de prevenção das neuroses, uma educação que não fosse atrelada ao medo, e sim à capacidade de resistência e autonomia frente às exigências de adaptabilidade social, pensamento esse típico do modelo estadunidense. A prioridade estava em aliviar o sofrimento a partir de uma concepção de humanidade baseada em potencial ilimitado, busca por segurança nas relações interpessoais e aprimoramento do eu (O'Connell, 1980). Na tentativa de pôr em prática esse modelo de profilaxia com as próprias filhas, recorreu a Melanie Klein para analisá-las (Amorim, 2021).

Mantendo sua independência intelectual e crítica, Karen Horney sugeriu aos seus leitores que fizessem o que fosse de seu interesse com a obra: aceitar, rejeitar, modificar ou acentuar (Horney, 1937/1959), deixando seu legado aberto a reinterpretações. Conforme mencionado, esteve ciente das críticas que recebia e se propunha a debater os questionamentos sobre estar ou não no escopo psicanalítico, o que se dá a ver na seguinte declaração sobre a psicanálise:

Se a pessoa julga que ela é constituída inteiramente pela soma total das teorias propostas por Freud, o que é aqui apresentado não é psicanálise. Se, entretanto, crê que a parte essencial da psicanálise jaz em certas tendências básicas ideológicas relativamente ao papel dos processos inconscientes e às maneiras por que eles se expressam, bem como em uma forma de tratamento terapêutico que faz esses processos aflorarem à consciência, então o que apresento é psicanálise (Horney, 1937/1959, p. 10).

 

Considerações Finais

Através deste artigo, pôde-se conhecer mais da vida e obra de Karen Horney. Mulher, filha, esposa, ex-esposa, mãe, amiga, médica, professora, psicanalista, intelectual. No que tange à função de intelectualidade, esta se desenvolveu principalmente no campo psicanalítico, marcando sua história com uma série de parcerias e desavenças. Seus grandes feitos foram, ao mesmo tempo, propiciadores do seu apagamento no fluxo hegemônico: propor mudanças estruturais distintas das premissas de Sigmund Freud e de sua recepção no ambiente estadunidense; considerar as influências culturais nas neuroses e radicalizar a visão sobre a feminilidade.

Pertencente à segunda geração de psicanalistas, esteve à frente de todos os espaços nos quais circulou, fosse em Berlim, Chicago ou Nova Iorque. Acompanhou a expansão da psicanálise nos EUA ativamente, fazendo ela mesma parte do movimento através do revisionismo e da associação com a disciplina da Cultura e Personalidade.

Viveu imersa em desafios desde a tentativa do pai em restringir os estudos quando menina; provar seu potencial em um curso universitário no início da liberação da medicina para mulheres; conciliar as esferas pessoal, profissional e cuidados com a própria saúde mental; conseguir inserção em um campo do conhecimento por vezes androcêntrico; seguir praticando a psicanálise mesmo sendo expulsa de uma instituição e desviar da ortodoxia.

Dito isso, cabe destacar que a psicanálise brasileira tem muito a ganhar com a abertura para o conhecimento dos trabalhos de Karen Horney e de outras figuras não convencionais, haja vista que, no início do século XX, há registros de uma psicanálise tomada pelo conservadorismo, elitismo, machismo e racismo (Guerini & Costa, 2019), a qual mantém certo lugar ainda no século XXI. Para um campo tão potente para o senso crítico, para ser intrinsecamente comprometido com a leitura avessa do promulgado, essa tarefa vem como uma prática permanente, não como algo tranquilamente garantido.

A figura de Karen Horney certamente convida a todas e todos que tomaram conhecimento de seu trabalho a refletir sobre rumos promissores para a psicanálise. Dentre seus ensinamentos, estão a revisão da teoria e prática por um viés crítico, convocando a caminhada como parte de um coletivo capaz de ir além da consolidação de uma teoria intocável.

 

Referências

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Endereço para correspondência
Lara Araújo Roseira Cannone - laracannone@gmail.com

Recebido em: 15/08/2023
Aceito em: 07/10/2024

 

 

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