Estudos e Pesquisas em Psicologia
2024, Vol. 24. e76356, doi:10.12957/epp.2024.76356
ISSN 1808-4281 (online version)

 

CLIO-PSYCHÉ

 

Experimentação Natural, Formação de Professores e Democracia: Uma Experiência Realizada na Escola de Aperfeiçoamento (1945)

 

Natural Experimentation, Teacher Training and Democracy: An Experiment Carried out at the Escola de Aperfeiçoamento (1945)

 

Experimentación Natural, Formación del Profesorado y Democracia: Un Experimento en la Escola de Aperfeiçoamento (1945)

 

Riviane Borghesi Bravo a, Raquel Martins de Assis b, Regina Helena de Freitas Campos b

a Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil e Centro Universitário Newton Paiva, Belo Horizonte, MG, Brasil
b Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil
Endereço para correspondência

 

RESUMO

O artigo é uma pesquisa em História da Psicologia que descreve como Helena Antipoff, professora da Escola de Aperfeiçoamento de Belo Horizonte, se apropriou do método da Experimentação Natural de Alexandre Lazurski como instrumento didático de formação de professoras, criando um exercício de educação democrática. A fonte selecionada evidencia a apropriação do método, permitindo discutir uma utilização diversa daquela realizada na URSS. A análise da fonte obedeceu às seguintes etapas: leitura e descrição da Experimentação Natural proposta por Antipoff; comparação com o método de Lazurski a fim de investigar possíveis apropriações e transformações; análise do uso do instrumento para fins de formação de professores e de criação de exercício de democracia. Entendeu-se apropriação a partir de Chartier: uma operação ativa caracterizada por maneiras específicas de internalizar um motivo intelectual, transformando-o e fazendo usos diversos desse material. Os dados obtidos dessa experiência evidenciam uso de conceitos como autojulgamento, heterojulgamento e egocentrismo e possibilitaram que Antipoff trabalhasse o tema da personalidade, evidenciasse a importância do método científico para avaliar diferenças individuais e propusesse a reflexão sobre o desenvolvimento do espírito democrático.

Palavras-chave: personalidade, avaliação psicológica, educação, formação de professores, História da Psicologia.


ABSTRACT

The article is a study in the History of Psychology that describes how Helena Antipoff, a teacher at the Belo Horizonte School of Education, appropriated Alexandre Lazurski's Natural Experimentation method as a didactic tool for training teachers, creating an exercise in democratic education. The source selected shows the appropriation of the method, allowing us to discuss a different use to that made in the USSR. The source was analyzed in the following stages: reading and description of the Natural Experimentation proposed by Antipoff; comparison with Lazurski's method in order to investigate possible appropriations and transformations; analysis of the use of the instrument for the purposes of teacher training and creating an exercise in democracy. Appropriation is understood according to Chartier: an active operation characterized by specific ways of internalizing an intellectual motive, transforming it and making different uses of this material. The data obtained from this experience shows the use of concepts such as self-judgment, hetero-judgment and egocentrism and enabled Antipoff to work on the theme of personality, highlight the importance of the scientific method for evaluating individual differences and propose a reflection on the development of the democratic spirit.

Keywords: personality, psychological assessment, education, teacher training, History of Psychology.


RESUMEN

El artículo es un estudio de historia de la psicología que describe cómo Helena Antipoff, profesora de la Escuela de Educación de Belo Horizonte, se apropió del método de Experimentación Natural de Alexandre Lazurski como herramienta didáctica para la formación de profesores, creando un ejercicio de educación democrática. La fuente seleccionada muestra la apropiación del método, permitiendo discutir un uso diferente al que se hacía en la URSS. La fuente fue analizada en las siguientes etapas: lectura y descripción de la Experimentación Natural propuesta por Antipoff; comparación con el método de Lazurski para investigar posibles apropiaciones y transformaciones; y análisis del uso del instrumento para fines de formación de profesores y creación de un ejercicio de democracia. La apropiación se entiende según Chartier como una operación activa caracterizada por formas específicas de interiorizar un motivo intelectual, transformarlo y hacer diferentes usos de este material. Los datos obtenidos en esta experiencia muestran la utilización de conceptos como el autojuicio, el heterojuicio y el egocentrismo y permitieron a Antipoff trabajar el tema de la personalidad, destacar la importancia del método científico para evaluar las diferencias individuales y proponer una reflexión sobre el desarrollo del espíritu democrático.

Palabras clave: personalidad, evaluación psicológica, educación, formación del profesorado, Historia de la Psicología.


 

 

Danziger (2006) afirma que a construção histórica da Psicologia possui mecanismos de apropriação do conhecimento que estão condicionados ao ambiente e ao contexto em que se dá a produção científica. Assim, é importante investigar saberes e práticas elaboradas ao longo do tempo para cada local, partindo do pressuposto de que teorias ou instrumentos científicos sofrem adaptações e apropriações, quando recebidos em um contexto social diverso daquele em que foram originalmente produzidos. Esse movimento de circulação das teorias e práticas oferece a chance de identificar as características de cada conhecimento que esteve presente em um território com culturas e hábitos diferentes do contexto da teoria original (Raj, 2016). Considerando os deslocamentos que instrumentos científicos podem sofrer em seus processos de circulação, esse artigo tem como objetivo apresentar uma apropriação do Método de Experimentação Natural para fins didáticos de formação de professores. Essa atividade foi realizada na Escola de Aperfeiçoamento de Professores de Belo Horizonte, sob coordenação de Helena Wladimirna Antipoff (1892-1974), e publicada na Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos em 1945. A publicação se intitula Dos perfis caracterológicos como elemento de educação democrática e descreve como a psicóloga e educadora russa se utilizou da Experimentação Natural, método de avaliação da personalidade criado pelo psicólogo e psiquiatra russo Alexandre Lazurski, como instrumento didático para criar uma experiência de formação democrática entre professoras. Nesse sentido, o método da Experimentação Natural pode ser considerado como tendo sido adaptado às demandas do local onde foi aplicado, podendo evidenciar alguma originalidade a partir da apropriação de Antipoff.

Alexandre Fedorovich Lazurski (1874-1917) foi um psicólogo e psiquiatra russo que desenvolveu investigações sobre a personalidade humana e sobre as diferenças individuais no Instituto de Psiconeurologia 1, dirigido por Vladimir Mikhailovich Bekhterev (1857-1927), um local de referência para a Psicologia Experimental da Rússia e da União Soviética 2. Em 1904, Lazurski iniciou seus estudos sobre personalidade (Yarovitsky, 2004), um campo que investigava a constituição do ser humano na perspectiva caracterológica, isto é, as características específicas de um indivíduo que expressavam seu caráter. Seu trabalho se situava nos estudos sobre psicologia individual, considerada uma elaboração importante para o desenvolvimento de teorias sobre formação da pessoa (Slotina, 2008). Para investigar as individualidades, Lazurski criou a Experimentação Natural, ou seja, um experimento semelhante a um estudo clínico realizado a partir da observação de um grupo em atividades diversas. A finalidade das observações era explorar determinado grupo em seus processos psicológicos ocorridos em ambientes naturais, utilizando técnicas laboratoriais que incluíam o uso de protocolos, de formas específicas de observação e de registro, tornando-se uma experiência controlada.

No Brasil, o método de Lazurski foi divulgado por Helena Antipoff e ensinado em disciplinas de Psicologia Educacional (Almeira & Assis, 2018). Segundo Campos (2012), a psicóloga russa acompanhava os debates da época sobre as limitações dos métodos de observação e de experimentação utilizados pela Psicologia e escolheu ensinar a Experimentação Natural de Lazurski a suas alunas, pois acreditava se tratar de uma terceira metodologia que sintetizava a observação e a experimentação e privilegiava os ambientes naturais da criança, evitando o ambiente artificial do laboratório. O método, também chamado de Observação Sistemática, parecia ser a melhor alternativa para que as professoras pudessem conhecer os seus alunos. Desse modo, além dos testes psicológicos ensinados na Escola de Aperfeiçoamento, as professoras aprendiam a aplicar a Experimentação Natural: em pares ou trios, elas investigavam, por meio do instrumento criado por Lazurski, o trabalho pedagógico realizado em cada disciplina e nas diversas classes dos grupos escolares de Belo Horizonte, bem como analisavam as manifestações do comportamento infantil e seus equivalentes funcionais e caracterológicos (Lourenço & Campos, n.d.).

Antipoff chegou ao Brasil em 1929, contratada pelo governo de Minas Gerais para ser a responsável pelas disciplinas psicológicas e pelo Laboratório de Psicologia da Escola de Aperfeiçoamento de Professores de Belo Horizonte. Essa instituição foi inaugurada em 1929, no âmbito da Reforma Educacional Francisco Campos-Mário Casasanta (1929), e tinha como objetivo formar professoras de escolas primárias públicas e técnicas em educação a partir dos preceitos da Escola Nova e das produções científicas em Psicologia e áreas afins à Educação. A instituição contava com um laboratório de pesquisa para avaliação psicológica e educacional que produzia pesquisas e conhecimento sobre a criança mineira (Antipoff, 1945).

A reforma educacional mineira visava a modernização da educação e promoveu a reformulação do ensino, compreendendo o aluno e o indivíduo em uma nova ordem político-social que visava à construção de uma nação republicana (Xavier et al., 2012). Para que esse processo de renovação educacional ganhasse forma, os métodos e técnicas de ensinar deveriam ser fundamentados pelas ciências. Estas, por sua vez, fariam o papel de desvendar para os profissionais da escola os meandros da relação do aluno com a aprendizagem e com a construção do conhecimento (Almeida & Assis, 2018).

Nesse contexto, Antipoff trouxe contribuições para o campo da avaliação psicológica por estar implicada no processo de classificação dos escolares para homogeneização das classes e na educação de crianças excepcionais (Rota Junior, 2016). Além de seu envolvimento com a formação de educadoras para as escolas, a educadora russa dialogou com o contexto brasileiro de diversas formas: envolveu-se na educação rural, na promoção de um sistema de educação especial (Petersen, 2016), na criação de instituições de atenção à infância (Borges, 2015) e no ensino de arte a partir de propostas modernistas brasileiras e internacionais (Almeida & Assis, 2018).

 

Método

A fonte documental

O artigo escrito por Antipoff, fonte do estudo aqui apresentado, foi encontrado na Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos - volume Vde agosto de 1945 -, disponível no site desse periódico e ainda sob a coordenação do INEP, e no livro Helena Antipoff: textos escolhidosorganizado por Campos (2002). Outros documentos dessa pesquisa foram consultados no Centro de Documentação e Pesquisa Helena Antipoff, cujo acervo se encontra na Universidade Federal de Minas Gerais e no Museu da Fundação Helena Antipoff.

A Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos foi criada em 1944, como um periódico do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos - INEP/Ministério da Educação, editado pela Imprensa Nacional. Tratava-se de um instrumento de divulgação científica, de publicidade de experiências pedagógicas e de estudos originais brasileiros, voltando-se principalmente para os problemas pedagógicos característicos da vida educacional do Brasil.

O exemplar da Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos de agosto de 1945, em que foi publicado o texto Dos perfis caracterológicos como elemento de educação democrática, tinha como tema "Educação e democracia". Neste momento se dava o declínio do Estado Novo, regime político instaurado por Getúlio Vargas, cuja duração foi de 1937 a 1945. O editorial advertia:

O ideal democrático é o da resolução do contraste entre as manifestações da autoridade e da liberdade, os polos entre os quais se agita a vida política; suas formas práticas, o governo representativo e a transitoriedade no poder; seu clima próprio, o respeito à personalidade humana e a livre manifestação do pensamento. […] Seu instrumento geral não pode ser outro, portanto, senão o da educação do povo (Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, 1945, p. 167).

Discutia-se o que era um ideal democrático e quais eram suas relações com a educação, havendo contribuições de outros autores importantes da época, tais como Manuel Bergström Lourenço Filho (1897-1970), educador e psicólogo ligado ao Movimento da Escola Nova, que coordenava o INEP - e Antônio Carneiro Leão (1887-1966), educador à frente do Centro Brasileiro de Pesquisas Pedagógicas da Universidade do Brasil.

Antônio Carneiro Leão (1887-1966), nesta revista, tecia críticas à Itália e à Alemanha, que, na sua opinião, se serviram da educação da infância para a "formação de um espírito xenófobo e agressivo, plasmado na mística do Estado, fim supremo da superioridade da raça e da nação eleita, e no ódio e desprezo dos outros povos" (Carneiro Leão, 1945, p. 206). Diante disso, fazia-se urgente a necessidade de inspirar, nos sistemas educacionais, os sentidos de bem comum entre a população e de compreensão e colaboração com outras nações, principalmente com os países da América Latina.

Entendia-se por educação democrática: "aquela que, fundada no princípio da liberdade e no respeito à pessoa humana, assegura a expansão e a expressão da personalidade, […]" (Associação Brasileira de Educação, 1945, p. 259). Coube a Helena Antipoff - que, na época, trabalhava no Departamento Nacional da Criança, no Rio de Janeiro - trazer a discussão sobre os fundamentos psicológicos que poderiam fundamentar as relações entre educação e democracia a fim de construir o bem comum.

Procedimento de coleta e de análise

O artigo aqui apresentado é derivado de uma pesquisa de Doutorado que teve como objetivo investigar as apropriações de Helena Antipoff ao Método da Experimentação Natural de Lazurski. Foram selecionadas fontes primárias escritas por Helena Antipoff, cujo tema era a Experimentação Natural de Lazurski. A publicação analisada neste artigo foi escolhida por evidenciar a apropriação do método para fins didáticos e criação de exercício de democracia, permitindo-nos discutir uma utilização diversa daquela realizada na URSS. A análise da fonte obedeceu às seguintes etapas: leitura de todo o artigo e descrição da forma como o método da Experimentação Natural foi utilizada por Antipoff; comparação com o método original utilizado por Lazurski a fim de investigar possíveis apropriações e transformações do método; discussão do uso do instrumento criado por Lazurski para fins de formação de professores e de criação de exercício de democracia. Entendeu-se apropriação a partir de Chartier (2004), isto é, como uma operação segundo a qual indivíduos ou grupos não apenas recebem de forma passiva e assimilam ideias e práticas, mas operam maneiras específicas de internalizar um motivo intelectual ou uma forma cultural transformando-os e fazendo usos diversos desses materiais. Na investigação de apropriações, é interessante comparar saberes e práticas em Psicologia produzidas em épocas e contextos diferentes, compreendendo possíveis modificações em função dos autores ou dos grupos que as propõe.

 

Resultados e Discussão

A experiência inicial de Helena Antipoff com a Experimentação Natural de Lazurski

Helena Wladimirna Antipoff, nascida na Rússia, iniciou sua formação universitária em Paris, em 1911, na Universidade de Sorbonne, onde pensou em cursar medicina. Nessa época, interessou-se pela ciência psicológica, mudando seu campo de estudo e passando a investir na formação em psicologia.

No laboratório criado por Alfred Binet, importante pesquisador em psicologia que já havia falecido, Antipoff passou a colaborar com as iniciativas do médico e psicólogo francês Théodore Simon (Borges, 2015), parceiro de Binet que dava continuidade às pesquisas psicológicas e educacionais ali iniciadas. Professores e educadores de vários países visitavam o local para conhecer os trabalhos experimentais e as técnicas de avaliação psicológica realizados nesse laboratório. Um dos visitantes foi Édouard Claparède (1873-1940), diretor do Laboratório de Psicologia da Universidade de Genebra desde 1904, que fez o convite a alguns estudantes de Simon para compor a equipe do Instituto Jean Jacques Rousseau (IJJR). O Instituto, instalado recentemente em Genebra, era a primeira escola de ciências da educação fundada na Europa e tinha por objetivo tornar-se referência na formação científica e profissional de educadores (Hofstetter, 2010).

Antipoff aceitou o convite, dirigiu-se para a Suíça e matriculou-se no IJJR, tornando-se aluna e colaboradora de Claparède. Durante o período em que esteve em Genebra, ela obteve o diploma de pedagoga em 1914 e foi uma das professoras da Maison des Petits, escola anexa ao IJJR, que também se caracterizava por ser um laboratório de estudos sobre o pensamento da criança, além da aplicação de novos métodos pedagógicos. Nessas instituições, ela participou de observações e experimentos em psicologia educacional e pedologia.

Antipoff retornou em 1917 à Rússia, sua terra natal, em meio a conflitos políticos, porque o seu pai havia sido ferido na invasão alemã durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Até 1924, ela se dedicou a trabalhos em instituições/abrigos para a educação das crianças que, então, estavam sob controle do Estado nas cidades de São Petersburgo e Viatka. Segundo relato da própria Antipoff (1924/1992a), essas instituições não tinham um controle adequado dos processos realizados e nem conseguiam administrar a quantidade de crianças órfãs ou retiradas de suas famílias. O contexto era caótico em razão das consequências da 1ª Guerra Mundial, epidemias, abandono e da Revolução de 1917, que derrubou a autocracia russa e conduziu o Partido Bolchevique ao poder, implantando no país o regime comunista.

Depois da Revolução Comunista, na União Soviética (URSS), a educadora trabalhou com exame pedológico, observando o desenvolvimento físico e intelectual das crianças na Central Quarentena e Posto de Distribuição do Comissariado de Educação do Povo em Petrogrado, instituição originalmente alojada no Hotel Yevropeiskaya e, depois, nas instalações do ex-imperador Alexandre I Lyceum na Ilha Kamenny (Masolikova & Sorokina, 2017). Profissionais, como psicólogos, médicos e pedagogos, trabalhavam nessas instituições a serviço do novo governo, na realização da triagem e encaminhamento das crianças. Os locais se assemelhavam a hospitais, com poucos recursos para avaliar o grupo heterogêneo de crianças que seriam direcionadas para as cento e cinquenta instituições pedagógicas, médicas e jurídicas (Antipoff, 1937).

Era necessário compreender as características de cada criança e fazer uma observação cuidadosa, que pudesse identificar o caráter desses indivíduos, já que muitos deles, sem documentos, pouco sabiam sobre o seu passado. A hora do almoço foi considerada propícia para tal observação, já que nesse momento as crianças se comportavam naturalmente, revelando aspectos de sua conduta moral e social. Esse foi um dos primeiros contatos de Antipoff com a Experimentação Natural de Lazurski (Antipoff, 1927/1992a), já adaptando-a às necessidades do contexto local.

A relação entre o caráter e o nível de desenvolvimento mental foi utilizada na União Soviética, justamente para medir a influência de um período de guerras, revolução, fome e terror sobre as crianças (Borges, 2015). Nesse viés, Antipoff (1924) apresentou os resultados de um trabalho realizado em 1921, no Laboratório de Psicologia de Aleksandr Nechaev, em São Petersburgo, com crianças de quatro e nove anos. Constatou-se que as crianças russas estavam, em termos intelectuais, dentro ou acima da média, quando comparadas às crianças parisienses de uma pesquisa feita em 1911. Além disso, a estatística indicou certa progressão regular de uma idade para a outra e diferenças de gênero no caso dos testes mnemônicos, pois se obtinham melhores resultados gerais para as meninas e maiores aptidões da lógica para os meninos. Essa pesquisa também suscitou o questionamento sobre os níveis intelectuais de crianças de condições sociais diferentes, pois filhos de nobres alcançaram resultados melhores do que filhos dos operários. Segundo Daniel Antipoff (1996), esse artigo rendeu problemas à Helena Antipoff com as autoridades soviéticas, sendo ameaçada de ser denunciada contra o regime.

Em 1924, Antipoff refugiou-se na Alemanha, voltando para Suíça em 1927. Já em Genebra, a educadora publicou o artigo L´etude de la personnalité par la méthode de Lasoursky: L´expérimentation naturelle et son application scolaire (O estudo da personalidade pelo método de Lasoursky: a experimentação natural e sua aplicação escolar), na revista L´educateur de 1926 (Antipoff, 1926). O estudo revela a apropriação do uso da Experimentação Natural fora da Rússia e da União Soviética (URSS). No trabalho que estava realizando em Genebra com Claparède, Antipoff introduziu o método de Lazurski como uma possibilidade para conduzir o processo educacional de forma individualizada, registrando as funções psicológicas e traços de caráter alcançados pela experiência da observação. Nesse artigo, Antipoff expõe a vida e a obra do psiquiatra russo, não apenas como influência para direcionar suas atividades pedagógicas no Instituto Rousseau, mas, principalmente, para mostrar a importância de um trabalho técnico e científico, que poderia ser comparado aos procedimentos de laboratório experimental na avaliação da inteligência e na observação das crianças.

A tradução presente em Campos (2002, p. 299) do artigo de Antipoff (1926) é apresentada da seguinte maneira:

O método tem também muita afinidade com o método da observação pura. Seu grande mérito é ter conservado as condições naturais, o meio familiar e as ocupações habituais. [Estudamos a personalidade através da própria vida], diz Lazurski, em seu último discurso ao Congresso russo de pedagogia experimental (1916). […] O método não tem portanto o caráter artificial de uma experiência psicológica de laboratório. […] Quanto a seu princípio, ele reside na síntese dos princípios dos métodos experimentais e da observação pura, tendo guardado as vantagens de ambos e somente alguns poucos de seus defeitos.

A aplicação da Experimentação Natural na Maison des Petits ocorreu com dezoito crianças de sete a oito anos, considerando-se a observação em atividades manuais de desenho, pintura, modelagem, marcenaria e tecelagem. Antipoff acompanhou as crianças por vários meses, realizando registros das reações caracterológicas (Antipoff, 1927/1992b).

Um exercício de educação democrática por meio do Método da Experimentação Natural de Lazurski

Em Minas Gerais, Lazurski era um dos autores, cujas ideias deveriam ser ensinadas aos professores, quando se tratava do tema personalidade. O autor russo é citado no decreto 887, de 30 de junho de 1937, para os Programas da Escola de Aperfeiçoamento, inserido no Programa de Pedologia e de Psicologia Experimental Aplicada à Educação. No currículo da Escola de Aperfeiçoamento, a psicologia individual se caracterizava como uma das bases do ano II, cujo conteúdo estava direcionado para a investigação e classificação da personalidade (Minas Gerais, 1937).

Na Escola de Aperfeiçoamento de Belo Horizonte, as professoras-alunas tiveram oportunidade de fazer observações sistemáticas por meio da Experimentação Natural de Lazurski, durante seu processo de formação profissional (Antipoff, 1945, Lourenço & Campos, n.d., Borges, 2015). Para um efetivo ensino de Psicologia, Antipoff acreditava que era importante colocar as professoras-alunas em situações reais de trabalho educacional. Nessa perspectiva, a Experimentação Natural se tornava um instrumento privilegiado, pois a aplicação do instrumento previa que indivíduos ou um grupo de indivíduos pudessem ser avaliados em atividades reais e planejadas com foco no perfil caracterológico, possibilitando conhecer um conjunto de características individuais que poderiam ser aprimoradas pelo trabalho educacional (Rafante & Lopes, 2006). A educadora acreditava que este estudo prático de situações reais poderia influenciar definitivamente a formação profissional das professoras, já que aprender com a experiência era um preceito escolanovista importante.

O método contribuía para o aprendizado da observação de si e dos outros, permitindo o conhecimento do mundo psíquico e da própria personalidade. Tal conhecimento revelava, a cada indivíduo, um juízo mais objetivo sobre sua relação com o mundo:

bem necessário é que o homem tenha esclarecimentos sobre os meios psíquicos de que disponha, que conheça os limites de suas capacidades, e, ao mesmo tempo, saiba melhor interpretar aquilo que seus sentidos, sua memória, suas emoções e seus desejos lhe forneçam, interpondo-se entre ele e o mundo (Antipoff, 1945, p. 245).

A observação de si, pela experimentação natural, possibilitava maior entendimento sobre a ilusão dos sentidos, os erros dos testemunhos e os conflitos psíquicos que poderiam impactar as relações entre os indivíduos e o mundo. Daí que Antipoff defendesse que se desse maior atenção, nas escolas, aos métodos desenvolvidos pela Psicologia que privilegiavam a observação. Pelo aprendizado da observação de si, atingia-se a máxima perseguida na formação de educadores: "Se queres compreender os outros, olha teu próprio coração; se desejas compreender a ti mesmo, vê como agem os outros" (Antipoff, 1945, p. 245). Desse modo, a educadora demonstrava que, no exercício de avaliar psicologicamente uma criança, era necessário, primeiro, habituar-se à observação de si mesmo e à avaliação da própria personalidade:

Por assim pensar é que, em nosso curso de psicologia para professores, que durante quinze anos realizamos na Escola de Aperfeiçoamento, em Belo Horizonte, demos larga parte do tempo à observação das próprias alunas, estudando-as sob vários aspectos mentais (Antipoff, 1945, p. 227).

Aprender a observar a si para conseguir compreender os outros era habilidade fundamental para o desenvolvimento do pensamento e para a construção da democracia (Antipoff, 1945). Tratava-se de um jogo entre autojulgamento e heterojulgamento, em que a alteridade tomava lugar central no conhecimento de si.

O exercício da Experimentação Natural era realizado por meio do preenchimento de fichas de elaboração dos perfis caracterológicos de cada professora-aluna. Escolhia-se um grupo de aspectos da personalidade a serem avaliados, aptidões ou características pessoais complexas de ordem intelectual, afetiva, social ou moral. Em seguida, os termos escolhidos eram discutidos, ilustrando-os com exemplos concretos. Por fim, as fichas eram preenchidas, conferindo-se notas - de 1 a 5 - à presença mais ou menos forte dos atributos escolhidos em cada indivíduo (Antipoff, 1945).

As notas de 1 a 5 (muito forte, forte, médio, fraco, muito fraco) foram uma adaptação de Antipoff feita ao modelo original desenvolvido por Lazurski, que utilizava notas de 1 a 3 (Antipoff, 2010). Segundo Antipoff (1927/1992a), esta nova proposta representava a utilização aperfeiçoada do método.

A figura 1 mostra o modelo da folha individual de julgamento, na qual as professoras-alunas marcavam o grau do atributo a ser avaliado. As professoras podiam demorar no máximo uma semana para a entrega das fichas, pois nesse tempo realizavam suas observações. O exercício era coordenado pelo responsável do Laboratório de Psicologia e as assistentes faziam a apuração dos valores na escala, conforme o perfil caracterológico. Somente essas assistentes poderiam ter acesso à identificação das professoras. Cada uma das participantes, individualmente, podia pedir a avaliação geral de seu próprio perfil, mas não podia ter acesso aos perfis individuais das colegas.

 

Figura 1

Modelo da folha individual de julgamento.

 

Nota. Fonte: Antipoff (1945/ Campos, 2002, p. 229).

 

Nas fichas, cada participante do experimento atribuía notas aos seus próprios caracteres, a partir de autojulgamento e aos de suas colegas por meio do heterojulgamento. Segundo Antipoff (1945, p. 231): "todas as professoras presentes o fizeram no mesmo dia, sem qualquer constrangimento" (Antipoff, 1945), sendo que era garantido o anonimato das avaliações. Depois de analisadas as fichas individuais, criava-se um perfil para cada participante. Usava-se uma letra e não os nomes próprios, de modo que não era possível saber de quem eram os perfis avaliados.

 

Figura 2

Confronto dos Resultados de Autojulgamento e Heterojulgamento

 

Nota. Fonte: Antipoff (1945/ Campos, 2002p. 232)

 

O exercício se iniciava pelas observações e classificações, a partir das quais se calculava médias aritméticas para o julgamento parcial de cada uma das professoras-alunas. Em seguida, fazia-se a média da turma para cada um dos 18 traços da personalidade julgados. Depois, procedia-se ao traçado de perfis estrelas individuais e em grupo.

 

Figuras 3 e 4

Perfis estrela individuais

 

 

Nota. Fonte: Antipoff (1945/ Campos, 2002, p.234; 235).

 

Assim, cada traçado colocado em um gráfico de estrela tinha como objetivo separar as características alcançadas entre os dois julgamentos: "autojulgamento, resultado da avaliação dos caracteres pela própria pessoa, e o heterojulgamento, média aritmética dos julgamentos de todas as companheiras da turma, que se houvessem pronunciado" (Antipoff, 1945, p. 229).

Os dezoito traços de personalidade investigados durante o preenchimento das fichas para o autojulgamento e heterojulgamento, descritos na tabela, eram estes: capacidade intelectual, cultura geral, iniciativa, confiança em si, poder de organização, pontualidade, capacidade de trabalho, devotamento, interesse pelo progresso, cooperação, sociabilidade, tato, controle de si, lealdade, resistência física, emotividade, confiança nos outros, constância nos empreendimentos (Antipoff, 1937; 1943; 1945; 1992).

Na análise do exercício feita em conjunto, posteriormente, discutia-se a facilidade ou dificuldade de avaliar os atributos de personalidade. Observava-se, por exemplo, que resistência à fadiga e sociabilidade eram mais fáceis de avaliar do que confiança nos outros e lealdade. Segundo Antipoff (1945), tal dificuldade era natural já que os dois primeiros atributos se externavam mais facilmente, enquanto os dois últimos, por serem sentimentos de fundo moral, eram de mais difícil externalização. Os problemas e dificuldades da avaliação eram discutidos, pois havia a finalidade de formar professoras capazes de se apropriarem dos métodos científicos para a proposição de pesquisas educacionais.

Em relação ao perfil caracterológico descrito no gráfico estrela, é possível identificar dois tipos de linhas. Na linha cheia, observa-se o autojulgamento e a linha interrompida representa o heterojulgamento. Os números estão colocados para cada um dos traços de personalidade investigados. Podemos ver, por exemplo, que o indivíduo D julgou sua emotividade diferente da maneira como foi julgado pelo grupo. Do mesmo modo, no caso C, esse indivíduo avaliou a si mesmo, de forma geral, a partir de valores menores do que os atribuídos pelo grupo. Nesse exercício, cada aluna comparava o julgamento que fazia de si e o julgamento que os colegas fizeram dela. Posteriormente, analisavam o julgamento que outras pessoas do grupo faziam de cada um.

Esse processo auxiliava na percepção e na identificação das características pessoais para a intervenção educacional e, ao mesmo tempo, criava uma dinâmica de diálogo em que posições divergentes precisavam ser consideradas, aspecto essencial do espírito democrático (Antipoff, 1937; 1945). Era necessário suportar e acolher as ideias do grupo em comparação com as próprias ideias de si, o que, muitas vezes, provocava mudanças na maneira de conhecer a si mesmo. Esse exercício provocava o que será chamado por Piaget de descentramento, posição de conhecimento capaz de romper o egocentrismo (Piaget, 2004), ou seja, uma posição de conhecimento que consegue se colocar no lugar do outro para compreender e apreender aquilo que está fora de si. Vale lembrar que Claparéde e suas ideias da importância da cooperação no desenvolvimento mental são base comum para Piaget e Antipoff. De fato, Antipoff discute a posição egocêntrica que pode criar obstáculo à real visão do outro e do mundo:

"Cada indivíduo é um universo", e este universo é tão dificilmente penetrável aos olhos dos demais como é a sua própria consciência. O julgamento humano, como as percepções da criança, são cheios daquela visão confusa que, por assinalarem vago contorno das coisas, ou apenas algumas de suas minúcias, o tornam irreal. Impregnado de pensamento afetivo, fortemente egocêntrico e precipitado, esse julgamento elabora, ao invés de retratos fiéis de nós mesmos e de outros, caricaturas tendenciosas, crivadas de erros, e, por isso, nefastas ao entendimento mútuo (Antipoff, 1945, p. 245).

Democracia em seu sentido psicológico, para a autora, era "a atmosfera que, na vida de uma coletividade organizada, permite a cada um realizar o máximo de suas capacidades em benefício de todos" (Antipoff, 1945, p. 93). Desse modo, Antipoff corroborava a definição de educação democrática adotada no editorial da Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos que citava, como expressão de democracia, o respeito à personalidade humana, a compreensão de propósitos comuns e a adoção de esforços solidários para a construção de uma sociedade igualitária. Como não havia nada mais destruidor do que a desconfiança, um elemento psicológico causador de conflitos e catástrofes sociais, o exercício da Experimentação Natural tinha sua utilidade por permitir a criação de um parâmetro para a observação de si e de abertura ao julgamento do outro, além de auxiliar na construção de um ambiente de trocas por meio de atividades coletivas e de confiança para que opiniões diversas pudessem ser consideradas e livremente colocadas (Antipoff, 1945).

A educadora descrevia a personalidade segundo sua relação com manifestações externas ligadas ao ambiente e à própria condição de cada indivíduo. Por causa disso, a caracterização do perfil dos escolares, assim como das professoras-alunas da Escola de Aperfeiçoamento, deveria ser fundamentada pela psicologia individual, entendendo cada ser humano como único em seu "universo" e em suas próprias expressões. Nessa perspectiva, o método da Experimentação Natural proposto por Antipoff parece ter sido utilizado principalmente para investigar as características individuais e, posteriormente, para propor intervenções educacionais geralmente relacionadas à formação de hábitos e atitudes. Uma dessas atitudes, como vimos no artigo publicado por Antipoff, era a capacidade de julgar as próprias concepções sem desconsiderar outras posições sobre um mesmo tema, levando ao estabelecimento de diálogos capazes de acolher divergências de opiniões na construção do bem comum.

A originalidade da proposta de Antipoff estaria em estabelecer uma síntese própria entre a utilização da Experimentação Natural, método criado na Rússia, e os ideias de democracia fundamentados na cooperação, colaboração e descentramento elaborados pelo grupo ligado ao Instituto Jean Jacques Rousseau e ao Bureau Internacional de Educação (BIE). Além disso, a educadora (1945) utilizou a Experimentação Natural para fins relacionados à formação de professores: a aprendizagem da observação nos moldes científicos; a discussão e a reflexão sobre aspectos teóricos da teoria da personalidade conforme as concepções de Lazurski; a demonstração do valor do método de Lazurski para avaliar o perfil de cada indivíduo, bem como de um grupo; a proposição de uma atividade em que a comparação e a síntese entre autojulgamento e heterojulgamento fossem entendidos como aspectos vitais para o desenvolvimento da educação democrática.

 

Considerações Finais

Em Minas Gerais, pode-se perceber que a investigação da personalidade fez parte do campo de pesquisa nas instituições em que Antipoff esteve presente. Nesse contexto, foi possível identificar o valor atribuído ao método da Experimentação Natural como importante recurso utilizado na educação, por isso a necessidade de adaptá-lo às demandas locais. Três pontos, portanto, são fundamentais para compreender as apropriações da Experimentação Natural de Lazurski feitas por Antipoff, em sua passagem pela Rússia e pela União Soviética (URSS), Genebra e Brasil.

No contexto da União Soviética (URSS), a Experimentação Natural foi aplicada por Antipoff em meio a um movimento caótico pós-guerra. A utilização central do método voltava-se para a organização de agrupamentos das crianças órfãs ou abandonadas a partir de suas características individuais. Nessa perspectiva, a Experimentação Natural foi entendida como investigação da individualidade e da personalidade, ou seja, a pesquisa sobre a natureza própria do ser humano, respeitando as diferenças individuais.

Por sua vez, no estudo realizado na Escola de Aperfeiçoamento observam-se diferenças entre todas as aplicações do método, já que nesse caso a observação e a avaliação psicológica da personalidade estava voltada para formar as professoras e construir atitudes democráticas. Para Antipoff, portanto, a Experimentação Natural poderia ser um recurso didático de intervenção educacional, ou seja, um instrumento para a formação de professores e não para avaliação de crianças, evidenciando uma flexibilidade no uso do método.  Assim, o movimento e a transformação de saberes ultrapassam as fronteiras de um determinado local e ganham apropriações que dependem de como esse conhecimento foi trabalhado em outros contextos. No Brasil, tratava-se de em um momento em que se buscava definir os contornos democráticos do país devido ao declínio do Estado Novo, regime político instaurado por Getúlio Vargas, cuja duração foi de 1937 a 1945. O país se abria para eleições presidenciais, embora uma parcela ainda pequena da população tivesse o direito de votar. Nessa perspectiva, parecia importante estabelecer os critérios de uma educação democrática que incluía o pleno desenvolvimento da personalidade e da liberdade de expressão.

Considera-se interessante que Antipoff tenha elegido apresentar um método de avaliação da personalidade como instrumento para a formação de atitudes democráticas entre as professoras-alunas. Isso demonstrava a importância que ela conferia à Psicologia como uma ciência importante para a análise das relações entre indivíduo e sociedade, chamando a atenção para a contribuição que os saberes e práticas psicológicas podiam dar.

Guardadas as devidas distâncias entre a época em que Antipoff escreve esse artigo e a nossa contemporaneidade, podemos aprender com exercícios do passado. A relação com a alteridade e o espírito democrático devem ser ensinados e considerados como um aspecto importante da formação humana, especialmente daqueles que ensinarão às novas gerações, esta seria uma contribuição a ser dada pela Psicologia em suas relações com a Educação.

 

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Endereço para correspondência
Riviane Borghesi Bravo - riviane.bravo@newtonpaiva.br / riviane.bravo@gmail.com

Recebido em: 22/05/2023
Aceito em: 02/04/2024

 

 

Notas

1 O Instituto de Pesquisa Psiconeurológica de São Petersburgo Bekhterev foi fundado em 9 de junho de 1907 pelo imperador Nicholau II, juntamente com Bekhterev, devido ao destaque desse cientista nos estudos e publicações psiconeurológicas em medicina (Lerner et al., 2005). Nesse local, foi criada a primeira clínica de neurocirurgia da Rússia, bem como um instituto de estudo de alcoolismo e o primeiro laboratório de psicologia médica. Atualmente, o instituto é um centro de pós-graduação e a instituição científica russa mais antiga, cujo objetivo é realizar estudos nos campos da neurologia, psiquiatria, psicologia e disciplinas associadas.
2 Importante perceber que o Método da Experimentação Natural foi criado na época do Czar, ou seja, a Rússia. Mas foi utilizado para avaliação psicológica de crianças a partir de eventos ocorridos na URSS. Desse modo, a história do método perpassa a Rússia e a URSS.

 

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