Estudos e Pesquisas em Psicologia
2021, Vol. 03. doi:10.12957/epp.2021.62688
ISSN 1808-4281 (online version)

 

PSICOLOGIA SOCIAL

 

A Polêmica do Aborto: Reflexões Teórico-Metodológicas sobre uma Representação não Autônoma

 

Edclecia Reino Carneiro de Morais*; Maria de Fátima de Souza Santos**; Renata Lira dos Santos Aléssio***
Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, Recife, PE, Brasil
Endereço para correspondência

 

RESUMO

Este artigo propõe uma reflexão teórico-metodológica sobre representações sociais não autônomas e polêmicas, a partir da análise estrutural sobre a representação social de aborto. Participaram da pesquisa 171 estudantes dos cursos de medicina, direito e enfermagem. Foi aplicado um questionário associação livre de palavras (TALP), com o termo indutor: aborto. Foi realizada uma triangulação metodológica, através das análises: prototípica, de similitude e de correspondências múltiplas (ACM). A estrutura representacional dos elementos mais salientes indicou consistentes polarizações de sentidos, levantando um questionamento sobre a existência de um núcleo central que exerça a função de locus de referência dessa representação social. A análise de similitude apontou dois núcleos de sentidos, a partir dos elementos morte e mulher. A ACM também destacou a polêmica presente nessa representação social, a partir dos dissensos intragrupo identificados. Esses resultados permitiram considerar que a representação social de aborto, aqui investigada caracteriza-se como uma representação não autônoma e polêmica.

Palavras-chave: representações sociais, aborto, universitários, abordagem estrutural.


 

The Controversy of Abortion: Theoretical-Methodological Reflections on a non-Autonomous Representation

 

ABSTRACT

This paper aims to provide a theorical-methodological reflection on non-autonomous and controversial social representations, based on the structural analysis of the social representation of abortion. 171 students from medicine, law and nursing courses participated in the study. A free association of words (FAW) questionnaire was applied with the inducer term: abortion. Three types of analyses were conducted (prototypical, similarity and multiple correspondences-MCA) using a methodological triangulation. The results indicated consistent polarizations of meanings within the elements of the representational structure, which raises questions about the existence of a central nucleus that acts as a reference locus of the social representation of abortion. The similarity analysis presented two semantic universes, exemplified by the elements of death and woman. Also, the AMC evidenced the controversial aspect of the social representation of abortion, demonstrating disagreements within the analyzed groups. To conclude, the results indicate that the social representation of abortion is described as a non-autonomous and controversial representation.

Keywords: social representation, abortion, college students, structural approach.


 

La Controversia del Aborto: Reflexiones Teórico-Metodológicas sobre una Representación no Autónoma

 

RESUMEN

Este artículo propone una reflexión teórico-metodológica sobre representaciones sociales no autónomas y controvertidas, basada en el análisis estructural de la representación social del aborto. 171 estudiantes de los cursos de medicina, derecho y enfermería participaron en el estudio. Se aplicó un cuestionario de asociación libre de palabras, con el término inductor: aborto. Se realizó una triangulación metodológica a través de los siguientes análisis: prototípicos, de similitud y de correspondencias múltiples (MCA). La estructura de las represencaciones de los elementos más destacados indicaba polarizaciones consistentes de significados, lo que plantea una pregunta sobre la existencia de un núcleo central que ejerce el lugar de referencia de esta representación social. El análisis de similitud apuntaba a dos núcleos de significados, a partir de los elementos muerte y mujer. La ACM también destacó la controversia presente en esta representación social, basada en los desacuerdos intragrupo identificados. Estos resultados nos permitieron considerar que la representación social del aborto, aquí investigada, se caracteriza como una representación no autónoma y controvertida.

Palabras clave: representación social, aborto, estudiantes universitários, enfoque estructural.


 

 

A forte difusão e ampla penetração da teoria das representações sociais (TRS) nos meios acadêmicos brasileiros gerou também a expansão dos objetos de investigação que são atualmente os mais variados. Observa-se uma tendência, principalmente entre pesquisadores brasileiros, em investigar a construção, transformação e organização do pensamento de senso comum com forte embasamento nas práticas sociais (Santos, Morais, & Acioli Neto, 2012). O aumento desse interesse, sobre objetos implicados diretamente em problemas sociais, levanta um questionamento de ordem teórica e metodológica sobre sua investigação: objetos fortemente consensuais devem ser estudados a partir do mesmo método aplicado para estudar objetos caracterizados por disputas grupais, com forte ambivalência valorativa e polarização de opiniões. As especificidades do objeto têm implicações para a organização estrutural das representações sociais?

Segundo Abric (2003), por ser um fenômeno produzido socialmente, as representações sociais são marcadas pelos valores correspondentes à história dos grupos que as constroem e compartilham e ao sistema sócio-ideológico de cada contexto social, constituindo-se parte essencial da visão de mundo destes grupos. Abric (2003) destaca que uma representação social é composta por conteúdos que são construídos sobre o objeto e por uma estrutura que os organiza. Dito de outro modo, as informações, crenças e valores que circulam sobre o fenômeno são organizados hierarquicamente e os conteúdos distribuídos em função de sua importância para a geração de sentidos da representação social. Por consequência, as relações que se estabelecem entre os elementos, assim como a importância que cada um exerce na construção da representação social, são o principal foco de análise da abordagem estrutural.

Ao considerar a diferença de status entre os elementos de uma representação, a abordagem estrutural propõe a existência de dois sistemas responsáveis pela organização das teorias de senso comum: o núcleo central, sistema que integra os elementos mais duradouros, mais relevantes e que melhor definem a representação social em questão, e o sistema periférico, que é composto por elementos mais instáveis da representação (ABRIC, 2003). No que se refere à natureza dos elementos que constituem o núcleo central, Abric (2001) destaca a existência de elementos funcionais e normativos. Esses elementos se organizam hierarquicamente e passam a ser ativados diferentemente a partir do grupo que representa ou da finalidade da situação. O autor também sublinha que os elementos do núcleo central dão sentido global ao objeto, além de serem responsáveis por organizar as relações entre os outros (ABRIC, 2003).

Flament (1994) destaca que o núcleo central possui uma função consensual para as representações sociais, caracterizada por prescrições absolutas ou incondicionais que definem a homogeneidade de um grupo. O sistema periférico, sublinha Flament (2001), se constitui por elementos flexíveis e possui duas importantes funções para as representações: oferecer uma zona de proteção (para-choque) para o núcleo central e criar esquemas de referências para as práticas sociais. Assim, por meio da expressão dos dois sistemas que estruturam as representações sociais, considera-se, nesta abordagem, a ocorrência de consensos e dissensos na composição de uma representação social. Todavia, o consenso estaria expresso pelo núcleo central e os dissensos poderiam ser identificados apenas no sistema periférico (Abric, 1994; Sá, 1996).

A coerência estrutural de uma representação é um postulado de grande relevância para a abordagem estrutural. Nessa perspectiva, o locus de coerência pode estar ligado à articulação do objeto x com outros objetos ou à organização interna da própria representação (coerência em seu núcleo central) (Flament, 2001). Abric (1994, 2003) propôs que toda representação social está necessariamente organizada em torno de um núcleo central que é o seu locus de coerência. Flament (2001), entretanto, chama a atenção de que há uma diferenciação entre representações autônomas e não autônomas no que se refere ao lócus de controle.Para esse autor, as representações autônomas são aquelas que possuem um princípio organizador interno, ou seja, o seu lugar de coerência é atribuído ao núcleo central. Porém, as representações sociais não autônomas seriam aquelas que encontram coerência nas relações que estabelecem com outras representações, portanto, possuiriam coerência externa. Diante dessa proposição, Flament (2001) chega a questionar se haveria núcleo central em representações sociais não autônomas.

Na TRS também se encontra uma outra tipologia, sobre o fenômeno das representações sociais, baseada na polissemia do termo social. As representações hegemônicas, emancipadas e polêmicas, diferenciam-se principalmente em função da sua estabilidade e consensualidade (Moscovici, 1988; Vala, 2004). As hegemônicas seriam representações muito estáveis e consensuais, altamente estruturadas, exercendo uma prevalência implícita sobre práticas afetivas ou simbólicas. Segundo Vala (2004), as representações hegemônicas são coercivas, indiscutíveis e atingem de forma macrossocial os indivíduos, como as representações do indivíduo livre e autônomo.

As emancipadas são compreendidas como sinônimo do conceito mais compartilhado sobre representações sociais, uma vez que são construídas pela circulação e compartilhamento de conteúdos pelos grupos, podendo ser consideradas representações autônomas por apresentar coerência interna (Moscovici, 1988; Vala, 2004).

O terceiro tipo de representação é a representação polêmica, que é gerada no contexto de conflitos sociais, "determinadas por relações antagonistas ou de diferenciação entre grupos e refletem pontos de vista exclusivos sobre o mesmo objeto" (Vala, 2004, p. 463). Para Sá (1996), as representações sociais polêmicas são construídas em função de um interlocutor específico, ou seja, são endereçadas a um outro, acentuando a dimensão identitária e polarizada dessas representações sociais.

Como hipótese teórica neste artigo, elabora-se a ideia de que existe uma aproximação entre o conceito de representações não autônomas, proposto por Flament (2001) e as representações polêmicas, uma vez que a sua constituição em meio a conflitos sociais e a sua organização polarizada face às relações intergrupais inviabilizam o funcionamento de uma coerência interna.

No caso do aborto, estamos diante de um tema de grande relevância e espessura social, que gera o interesse comunicativo entre as pessoas no cotidiano, está inserido em um campo polêmico de tomadas de posição e sua prática é geradora de controvérsias morais e sociais. Nesse contexto, ao mesmo tempo em que a espessura social e a polissemia colocam o aborto em um status privilegiado de objeto representacional, destacam o seu caráter de objeto altamente polêmico e gerador de dissensos, características relevantes para a investigação proposta nesse artigo.

Atualmente no Brasil, a interrupção voluntária de gestação (IGV) é considerada uma prática ilegal e, portanto, tipificada no Código Penal. O aborto se enquadra no grupo de crimes contra a vida no Código Penal (de 1940 com reformas em 1986) e apenas nas condições em que a gestante corre risco de vida ou quando a gestação é decorrente de estupro, o aborto é considerado legal (Rocha, 2006).

Além dos casos legais previstos pelo Código Penal, em 2012, por meio de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) foi autorizado o aborto com assistência médica em casos de gravidez com fetos anencéfalos. A proposta de autorização para tais casos foi apresentada ao STF em 2004, pela Confederação Nacional do Trabalhadores na Saúde e, após oito anos de tramitação, passou a ser autorizada pelo órgão por meio de jurisprudência sem que tenha havido alteração no Código Penal.

Além do contexto social relacional, a inexistência de amparo legal e, mais especificamente, a criminalização das práticas de aborto no país destacam uma polêmica moral que envolve o aborto como objeto social. Essa atmosfera permite forte engajamento popular, por meio de tomadas de posição e busca por defesa dos valores de seus grupos de pertença.

Nesse sentido, sujeitos envolvidos com situações decisivas na determinação dos limites da vida, como profissionais de saúde e operadores do direito, por exemplo, são questionados cotidianamente sobre a extensão da sua prática, seus valores e crenças. Considerando o ambiente acadêmico como espaço importante para debates bioéticos e formação crítica dos futuros profissionais dos campos citados, interroga-se sobre como os conhecimentos sobre o aborto estão circulando entre estudantes de medicina, enfermagem e direito. Portanto, nesse estudo buscou-se compreender como esses estudantes, na condição de futuros profissionais dessas áreas, constroem e organizam as representações sociais sobre o aborto.

Segundo Moscovici e Doise (1992), a discordância é um motor para a mediação social. Ao considerar a atmosfera polêmica e de conflitos sociais e morais que fazem emergir os debates sobre o aborto, aliada à adequação do quadro teórico da TRS para análise de tal fenômeno, surgem alguns questionamentos que nortearam a produção deste artigo, a saber: como a representação social de aborto está organizada (sua estrutura) entre os estudantes de medicina, enfermagem e direito? Como se apresentam os dissensos na organização dessa representação social? Há variação nos conhecimentos produzidos sobre o aborto em função das variáveis curso, prática religiosa e orientação política? Quais implicações dessas variações na análise da coerência da representação social? Com intuito de responder a tais questionamentos, o artigo tem como objetivo principal discutir implicações teórico-metodológicas da análise estrutural de representações sociais não-autônomas ilustrando-as a partir do estudo das representações sociais sobre aborto.

 

Método

Participantes

Participaram da pesquisa 171 estudantes de medicina (60), direito (59) e enfermagem (52) de uma instituição pública. Os participantes tinham entre 18 e 38 anos (média = 21,4). A Tabela 1 apresenta as informações sobre prática religiosa, orientação política e identidade de gênero dos participantes.

 

 

Quanto à orientação política, foram consideradas apenas as modalidades: esquerda; centro; direita; outra e não tenho. As alternativas centro esquerda e centro-direita não tiveram adesão dos participantes e, portanto, não foram consideradas para a análise. A opção outra oferecia a possibilidade para uma indicação da orientação política pelo participante, em que foram indicadas: ‘liberal", "libertário", "social-democrata" e "não me reduzo". (Tabela 1).

Instrumentos e procedimento de coleta

O instrumento utilizado foi um questionário composto por questões de associação livre com o termo indutor aborto e questões de caracterização socioeconômica dos participantes (Tabela 1). O questionário foi autoaplicável, uma estratégia para aumentar a liberdade do participante na construção de suas respostas e minimizar os possíveis efeitos de mascaramento de elementos, visto que o tema da pesquisa envolve conflitos e controvérsias sociais.

A primeira autora foi responsável pela distribuição dos questionários entre os estudantes. Em geral, a recepção dos questionários e a disponibilidade para resposta foi positiva, aparentemente o fator polêmico do tema gerou interesse entre os estudantes. Os participantes foram abordados em diferentes ambientes do Campus tais como biblioteca, corredores de sala de aula e ambientes recreativos, compondo assim, uma amostra intencional não probabilística. Todos os estudantes dos cursos mencionados, com idade acima de 18 anos, poderiam participar, desde que estivessem disponíveis para responder o questionário. Como critérios de exclusão foi estabelecido estudantes de cursos que não se apliquem no critério de inclusão; menores de 18 anos e pessoas com comprometimentos cognitivos que as impeçam de responder o questionário.

Procedimentos de Análise

O conjunto de dados de evocações foi analisado com o auxílio dos softwares IRaMuTeQ e R.TeMis. Ambos são interfaces que utilizam a plataforma R para análise automática dos dados textuais (Camargo & Justo, 2013). O IRaMuTeQ foi utilizado para auxiliar na análise prototípica e para a análise de similitude das evocações mais frequentes (F>10). O menu R.TeMis foi utilizado para a análise de correspondências múltiplas (ACM).

Segundo Abric (2003), a abordagem estrutural caracteriza-se por um interesse metodológico, que ele considera essencial para identificar os elementos constituintes do núcleo central. Para tanto, no bojo dessa abordagem foi proposta a técnica de associação de palavras, que se mostra relevante por possuir um caráter espontâneo e permitir a evocação de conteúdos mascarados ou conteúdos implícitos mais facilmente suprimidos em uma produção discursiva, como na situação de entrevista (Abric, 2003). Nesse sentido, a técnica parece bastante indicada quando o objeto de investigação apresenta grande polêmica social com chances de suscitar elementos contra-normativos.

A análise prototípica informa sobre uma hierarquia dos elementos representacionais, de modo que cada elemento expressará um "grau de centralidade" na representação social investigada, destacando aqueles elementos que demonstram uma maior força na definição do objeto social (Sá, 1996, p. 117; Wachelke, Wolter & Matos, 2016). Esta técnica tem sido muito utilizada no tratamento estatístico das evocações.

A análise de similitude foi realizada, nessa pesquisa, com o intuito de investigar as ligações ou conexões entre as expressões mais frequentemente evocadas pelos participantes. Segundo Degenne e Vergès (1973), a análise de similitude oferece a descrição do conjunto de vértices que possuem uma relação de similaridade entre si, desse modo a análise dos grafos de similitude pode favorecer a compreensão de indicadores de ligação entre os elementos representacionais. É um método amplamente utilizado como complementar às análises fatoriais e muito bem adaptado ao estudo de representações socais (Degenne & Vergès, 1973; Vergès & Bouriche, 2001).

A análise de correspondências múltiplas possibilitou uma reorganização dos dados evocados a partir da associação das variáveis com dois fatores principais (ou variáveis latentes) (Oliveira & Amaral, 2007).

Considerações Éticas

Foram respeitados todos os critérios éticos para realização de pesquisa com seres humanos, a pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFPE e autorizada pelo CAAE: 53822416.7.0000.5208.

 

Resultados e Discussão

Organização Estrutural das Representações Sociais sobre Aborto: A Saliência dos Elementos

Foram obtidas 848 evocações para o termo aborto, das quais 242 são diferentes e 106 expressões foram evocadas duas ou mais vezes. A Figura 01 apresenta o resultado da análise prototípica (frequência e ordem de importância dos elementos).

Cada quadrante da análise prototípica reúne elementos em função da interseção entre a frequência e a ordem de importância das evocações. O primeiro quadrante (Figura 01) agrupa elementos mais suscetíveis de compor o núcleo central. É esperado que o sistema central seja constituído por elementos mais consensuais, com características de maior estabilidade e fortemente definidores das representações sociais investigadas (Sá, 1996; Wolter 2018).

            O sistema periférico, representado pelos quadrantes II, III e IV, agrupa elementos mais sensíveis a características contextuais, oferecendo mais mobilidade e flexibilidade para tomadas de posições individuais. Segundo Sá (1996), o sistema periférico possui as funções de regulação e adaptação dos elementos ao contexto comportando, assim, abertura para os dissensos.

 


Figura 1. Análise prototípica – hierarquia entre elementos da representação social de aborto

 

Ao perscrutar a organização interna do sistema central que compõe os elementos do primeiro quadrante, observa-se um possível conflito de sentidos sobre o aborto a partir de dois conjuntos de elementos antagonistas. De um lado, identificam-se expressões como direito, mulher, liberdade, escolha, legalização, saúde pública e autonomia, relacionados a conteúdos cujo foco está na mulher e em seus direitos sexuais e reprodutivos. Tais elementos acionam uma atitude favorável explícita sobre a legalização e o direito de escolha da mulher. Do outro lado, as expressões assassinato, feto, sofrimento, bebê, mãe e proibido, acentuam uma posição condenatória sobre o aborto, utilizando elementos que marcam a "vida em potencial" como pessoa de direitos. O produto do aborto é nomeado de feto, bebê e a existência da pessoa é considerada a priori.

Os elementos morte (65) e vida (39) são os dois termos mais frequentes nas evocações dos estudantes. Esses elementos podem ser considerados em uma relação de antinomia, provocada por um tema fundante do pensamento social, uma thêmata. Segundo Moscovici (2010), a organização do pensamento social pode se ancorar em temas estruturantes (thêmata) que servem de base para consolidação de uma representação social. Nesse sentido, a antinomia vida versus morte, parece remeter para uma thêmata da existência humana, engajando o fenômeno do aborto no centro de reflexões existenciais da humanidade. A morte destaca a finitude de uma existência, o rompimento com um bem sagrado e inviolável, a vida (Dworkin, 2009). Ao mesmo tempo em que os dois elementos expressam uma forte ligação, como duas faces de uma mesma moeda, cada um deles ativa um conjunto específico de elementos associados, podendo inclusive ser responsáveis pela ruptura e construção de duas representações sociais distintas sobre o mesmo fenômeno.

O conflito identificado na hipótese de núcleo central sobre o fenômeno do aborto pode estar associado à variação no processo de objetivação dessa representação social, pois ao relacionar a imagem do aborto ao feto ou bebê, parece ocorrer um processo de vinculação dessa imagem-conceito ao elemento organizador morte e a toda carga condenatória do aborto. Por outro lado, ao circunscrever o aborto à imagem da mulher, remete-se ao elemento central vida, ancorando atitudes favoráveis à legalização e ao direito de escolha da mulher. Desse modo, a organização de núcleos de sentidos de uma representação congrega uma rede de significados e elementos imagéticos, que se associam a estruturas valorativas-ideológicas, ganhando reforço e legitimidade social.

O segundo quadrante agrupa os principais elementos do sistema periférico, chamado na abordagem estrutural das representações sociais de primeira periferia. Tal organização pressupõe maior flexibilidade e variação contextual nos elementos que compõem esse agrupamento (Flament, 2001). As expressões presentes na primeira periferia são injustiça, crime, feminismo, dor, machismo, gravidez, polêmica, violência, ilegal, preconceito e religião. De forma similar à organização dos elementos centrais, essas expressões parecem reforçar e apoiar as variações de posicionamentos identificadas no primeiro quadrante. Os termos crime, violência e ilegal parecem ratificar o conjunto de elementos condenatórios à prática do aborto apresentados acima. Já os elementos dor, polêmica e preconceito acionam conteúdos contextuais sobre o fenômeno, envolvendo conflitos nas relações intergrupais, sentimentos e controvérsias sociais na construção representacional do aborto.

Na zona de contraste (3º quadrante), estão elementos com caráter mais favorável à descriminalização e à liberdade de escolha da mulher. Os elementos presentes na zona de contraste são descriminalização, medo, necessidade, liberdade de escolha, perda, responsabilidade, insegurança, pobreza e discussão. Além de atitudes positivas em relação ao aborto, podem ser identificados também conteúdos que destacam as questões sociais que promovem maior vulnerabilidade às mulheres, como a pobreza e a insegurança.

A forte presença de elementos favoráveis à IVG contrasta com um conjunto de elementos condenatórios presentes na zona central. A teoria das representações sociais considera tais contradições, dissensos e conflitos entre valores como parte da flexibilidade que uma representação social é capaz de comportar (Flament, 1994). As lutas por espaço, visibilidade de grupos minoritários, assim como as mudanças sociais implicam transformações no pensamento social, de modo que as representações também sofrem questionamentos e reorganizações em seus sistemas de conhecimentos. Por outro lado, o conteúdo de resistência, que provoca questionamento dos elementos mais frequentes, como aqueles ancorados na morte do embrião, já se mostra presente na própria zona central.

Ao observar atitudes conflitantes na organização interna do suposto núcleo central e polarizações de sentidos nessa estrutura, supõe-se a existência de uma representação social polêmica. Ao mesmo tempo, a não consensualidade dos conteúdos centrais é um indicador, como afirma Flament (2001), de uma representação social não autônoma. Retoma-se assim, a hipótese deste trabalho que destaca a intersecção entre uma representação social polêmica e não autônoma uma vez que o contexto conflituoso de produção dessa representação social e a polarização de posicionamentos grupais frente ao objeto inviabilizam uma coerência interna na organização estrutural.

Uma das possibilidades de explorar essa hipótese foi atentar para as relações de ligação existentes entre os elementos mais frequentes (no caso deste estudo, considerados acima de 10 evocações), o que permitiu a interpretação dos núcleos de sentido dessa organização estrutural. A análise de similitude está entre as técnicas mais utilizadas na abordagem estrutural para investigação das ligações entre os elementos representacionais possibilitando assim a complementação da análise prototípica.

Análise de Similitude: Investigação da Estrutura Representacional através das Ligações entre os Elementos sobre o Aborto

A grande variedade de termos (242 expressões diferentes) para definir o aborto apontou para uma ampla dispersão de vocabulário utilizado para circunscrever o fenômeno. Ao mesmo tempo, identificaram-se 18 expressões evocadas mais de 10 vezes que somadas expressam 48% das evocações. Esse total demonstra a saliência e o forte compartilhamento de expressões-chave para se representar o aborto.

 


Figura 2. Análise de similitude - relações entre elementos representacionais sobre aborto.
Fonte: Software IRaMuTeQ

 

A linha morte – vida – mulher expressa a estrutura de base que organiza a relação entre os elementos dessa representação. A distribuição dos elementos na árvore de similitude indica a existência de dois conjuntos organizadores dessas representações sociais: morte e mulher. O elemento vida assumiu uma posição de ligação/distanciamento entre esses dois conjuntos.

As relações de similitude, apresentadas no grafo de relações significativas (Figura 2), demonstram o termo morte como fortemente definidor e organizador de parte dos conteúdos centrais do fenômeno aborto. Estão ligados a esse elemento os termos saúde, crime, assassinato, liberdade, feto, dor, religião e sofrimento. Esse conjunto de elementos representacionais apresenta sentidos ancorados em crenças e posicionamentos ideológicos fortemente contrários ao aborto. Percebe-se nesse núcleo estruturante uma atitude nitidamente negativa frente à IVG.

Segundo Doise (2001), a ancoragem psicológica está relacionada aos sistemas de crenças e ideologias a que os sujeitos se vinculam e fortemente ligado às atitudes a que eles aderem. Nesse sentido, pode-se refletir que um dos polos de ancoragem psicológica associado à representação social de aborto está estruturado em torno do elemento morte e da associação às crenças na sacralidade da vida.

O termo mulher parece também exercer uma função de elemento definidor e organizador das representações sociais de aborto. Ele participa da organização de um outro conjunto de elementos, ligados às expressões: legalização e direito. O conjunto de conteúdos ativados por meio da associação ao termo mulher aponta para uma atitude oposta àquela que ancora o elemento morte, de modo que a árvore de similitude ratificou um conflito de atitudes na organização central dos elementos mais expressivos sobre o objeto aborto.

A estrutura representacional dos elementos mais destacados nas representações sociais de aborto não se organizou, na análise de similitude, em torno de apenas um elemento. Ao mesmo tempo, foi possível identificar consistentes variações nos elementos centrais dessas representações. Esses resultados permitem levantar um questionamento sobre a existência de um núcleo central que exerça a função de lócus de referência dessa representação social, uma vez que a estrutura do núcleo central exige uma coerência interna entre os seus elementos organizadores. Cabe falar em um núcleo central da representação social de aborto ou se está frente a uma representação social não autônoma e polêmica, cuja estrutura se baseia em conflitos atitudinais e são "determinadas por relações antagonistas"? (Sá, 1996, p. 40)

A identificação de fortes dissensos nos elementos do campo representacional sobre o aborto possibilita afirmar que se trata de uma representação social polêmica, engajando, portanto, disputas de sentidos entre os grupos sociais distintos. Nesse contexto, ratifica-se a importância de verificar as diferentes variações que um fenômeno pode sofrer em função da sua penetração no campo representacional dos grupos. A investigação das especificidades grupais e da intervenção das divisões e antagonismos na organização das representações sociais entre os grupos permite, segundo Doise (1992), o estudo das ancoragens sociais. Portanto, buscou-se investigar, também as ancoragens sociológicas que estão subjacentes ao conflito identificado na análise de similitude (Doise, 2001).

A análise de correspondências múltiplas (ACM) indica as associações entre conjuntos de elementos e variáveis, através da projeção em um plano fatorial. A partir das associações apresentadas na ACM é possível realizar considerações sobre as ancoragens sociológicas na organização dessa representação social.

A soma da inércia retida nos fatores foi 47.8%. O primeiro fator (horizontal) reteve 29.3%, e o segundo fator (vertical), 18.5% da inércia (Figura 3).

 


Figura 3. Análise de correspondências múltiplas - ancoragens psicossociais das representações sociais de aborto

 

Os fatores analisados foram nomeados de: controvérsias sobre a noção de pessoa (horizontal) e faces da culpabilização (vertical), pois destacam duas principais dimensões que ativam variações de elementos representacionais associadas aos posicionamentos intergrupais dos estudantes. A primeira dimensão aciona controvérsias sobre o início da vida, constituição de personalidade social e jurídica e valores ancorados na sacralidade da vida. Identifica-se uma polarização entre argumentos que defendem a noção de embrião como pessoa humana versus a defesa da mulher como pessoa. Nessa dimensão, a prática religiosa e o posicionamento político parecem ativar a variação nas atitudes dos estudantes, principalmente no que se refere à concepção do embrião como pessoa.

O campo léxico composto pelos elementos maldade, violência, irresponsabilidade, morte e egoísmo situou-se no polo positivo do fator horizontal e se associou às variáveis curso de Enfermagem, religião praticante e não tem orientação política. Este polo agrega elementos favoráveis à concepção do embrião como pessoa humana, como uma vida humana desde a concepção. No outro polo (negativo), agruparam-se os elementos liberdade, saúde pública, feminismo e mulher e se associaram às variáveis orientação política de esquerda, curso de Direito e religião não praticante. Os conteúdos desse polo não atribuem a condição de pessoa ao embrião, é o tema da mulher autônoma enquanto sujeito de direitos que se destaca.

A segunda dimensão (faces da culpabilização), por seu turno, acentua uma busca por uma explicação do tipo causa-efeito e tentativas de justificação dos comportamentos por meio da atribuição de causas para a realização do aborto. No polo negativo, destaca-se a crença na culpa da mulher, colocando-a enquanto algoz que viola a sacralidade da vida humana e comete um crime. Observa-se o agrupamento dos termos: assassinato, feto, crime, crueldade e saúde. A mulher é individualmente culpabilizada pela IVG e é vista como algoz. O curso de Medicina, a orientação política de direita e a identidade de gênero masculina constituem a associação de variáveis que contribuem para esse polo. No polo positivo, encontra-se uma reflexão sobre a culpabilização da situação localizada no contexto, nas políticas sociais e uma categorização da mulher enquanto vítima. O campo léxico, composto pelos elementos medo, alívio e risco destaca preocupações e sentimentos atribuídos à mulher que interrompe a gravidez. A variável curso de Enfermagem foi a única modalidade que contribuiu significativamente para esse polo do fator.

O curso de Enfermagem foi a única modalidade de variável que contribuiu expressivamente para a construção dos dois fatores. Por um lado, identificou-se a expressão dessa variável no conjunto de conteúdos que circunscrevem a mulher como vítima no processo de IVG. Por outro lado, a variável curso de Enfermagem esteve associada às variáveis não tenho orientação política e religiosidade praticante, implicados na defesa do embrião/feto como pessoa humana e na consideração dessa prática como uma maldade, fruto de irresponsabilidade e egoísmo que provoca uma morte.

A variação intergrupal nas representações sobre o aborto, investigada neste estudo, demonstra dois campos simbólicos antagônicos, permitindo traçar uma hipótese de forte polarização entre as atitudes dos estudantes de Enfermagem, podendo representar dois subgrupos. Essa polarização pode estar associada à intersecção entre as variáveis que contribuem para a formação dos fatores. A intersecção pode indicar uma adesão conjunta a múltiplas categorias sociais, ou seja, atitudes representadas no gráfico pelo fator horizontal positivo estão associadas conjuntamente ao curso de Enfermagem, à prática religiosa e à não adesão à orientação política, ao passo que os conteúdos polarizados no fator vertical positivo estão associados ao curso de Enfermagem sem expressividade de outra adesão à categoria social.

 

Considerações Finais

O aborto é um tema que traz à tona a antinomia vida versus morte e ativa um debate ontológico sobre a vida humana, gerando interesse ativo dos sujeitos sociais. Tais características polêmicas e mobilizadoras de conflitos morais, próprias do objeto aborto, marcaram as polarizações representacionais entre os estudantes investigados. Os resultados expostos abrem espaço para uma reflexão sobre os sistemas de crenças, valores e normas que ancoram a construção e organização desses conteúdos, uma vez que as produções de realidades culturais e ideológicas de um determinado grupo dão significado aos comportamentos e geram diferenciações sociais. Entretanto, com intuito de centrar na ilustração dessa polarização, destacando as implicações teórico-metodológicas ligadas a uma representação social polêmica e não autônoma, limitamos o aprofundamento sobre os sistemas de ancoragens que participam da construção desses conhecimentos e apontamos para a riqueza desse debate em futuros trabalhos.

A observação pela análise prototípica de conteúdos conflitantes no quadrante de elementos mais salientes, ratificado pela análise de similitude, a partir da identificação de dois núcleos distintos de sentidos, nos permitiu considerar que a representação social investigada não demonstra coerência estrutural interna, ou seja, não parece ter como princípio organizador o seu núcleo central. Em consonância, a análise de correspondências múltiplas indica marcantes pontos de dissensos intragrupo. Desse modo, a representação social de aborto demonstra tanto características de não autonomia, por sua fragilidade na coerência interna, quanto de forte conflito intergrupal e polarização por sua constituição polêmica, confirmando a hipótese de associação entre as tipologias representacionais investigadas.

Tais características da representação social investigada aponta para a importância de lançar essa mesma hipótese teórica ao estudo de representações sociais de outros objetos polêmicos, verificando assim se o conteúdo específico das representações sociais de aborto interfere ou se é de fato um fenômeno específico às representações sociais polêmicas.

Nesse contexto, destaca-se também a necessidade de uma ampla reflexão nas escolhas das estratégias metodológicas utilizadas no campo da investigação sobre a estrutura de uma representação social. Alerta-se para a importância do suporte que a complementariedade na triangulação de análises oferece para a confirmação ou refutação da coerência interna e do caráter polêmico de uma representação social.

As análises realizadas não possibilitaram quantificar a parcela do universo investigado que compartilha de uma ou outra polarização. Entretanto, identificar a existência de posicionamentos antagônicos no campo central das representações sociais de aborto acentua o caráter conflitivo desse objeto, uma vez, que se torna difícil mensurar quais das posições assumem hegemonia nos discursos investigados.

Portanto, destaca-se a importância de uma análise interessada nos dissensos e nas dinâmicas entre as forças que atuam produzindo diferentes realidades sociais, quando tratamos de fenômenos polêmicos. Em geral, os estudos que utilizam a teoria das representações sociais buscam compreender os elementos de consenso, entretanto ao destacar os dissensos produzidos pode-se compreender os processos de formação de consensos e as possibilidades de mudanças e transformações sociais ampliando, assim, o olhar para esses fenômenos.

 

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Recebido em: 14/12/2019
Reformulado em: 06/08/2020
Aceito em: 13/10/2020

 

 

Notas

* Psicóloga, graduada pela Universidade Federal de Pernambuco, doutora pela UFPE, Bolsista de PNPD do Programa de Pós-graduação em Psicologia da UFPE.
** Psicóloga, graduada pela UFPE, doutora em Psicologia - Université Toulouse le Mirail e professora do Programa de Pós-graduação em Psicologia da UFPE.
*** Psicóloga, graduada pela UFPE, doutora em Psychologie pelo Université de Provence Aix Marseille I e professora da Universidade Federal de Pernambuco.

 

Estudo oriundo da tese de doutorado: Conflitos bioéticos na demarcação dos limites da vida: um estudo sobre representações sociais de eutanásia e aborto, de autoria de: Edclécia Reino Carneiro de Morais. Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), 2018.

 

Financiamento: a pesquisa relatada no manuscrito foi financiada pela bolsa de doutorado da primeira autora (Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco -FACEPE- No. Processo IBPG-1410-7.07/13).

 

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