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ARTIGO 5
A ABORDAGEM ECOLÓGICA DE URIE
BRONFENBRENNER EM ESTUDOS COM FAMÍLIAS
THE ECOLOGICAL APPROACH OF URIE BRONFENBRENNER IN STUDIES WITH FAMILIES
Edna Martins*
Heloisa Szymanski**
RESUMO
Este texto apresenta como a abordagem teórica recente de Urie
Bronfenbrenner contribui para os estudos com crianças e famílias.
Leva em consideração a importância de estabelecer-se
uma conexão clara e consistente entre a teoria utilizada e
os métodos empregados para se chegar a dados fidedignos na
pesquisa em contextos naturais. O artigo aponta para uma reflexão
sobre os vários aspectos a serem apontados em estudos com famílias
e crianças em diferentes contextos naturais. A teoria ecológica
e sistêmica de Bronfenbrenner apresenta possibilidades para
o pesquisador analisar aspectos da pessoa em desenvolvimento, do contexto
em que vive e dos processos interativos que influenciam o próprio
desenvolvimento humano, em determinados períodos de tempo.
PALAVRAS-CHAVE:
Família; Bronfenbrenner; teoria ecológica.
Estudos
sobre família vêm constituindo o objeto de investigação
de muitos pesquisadores no campo das ciências humanas. A antropologia,
a sociologia e a psicologia, dentre outras áreas de conhecimento,
vêm tentando definir o termo família, assim como compreender
as questões polêmicas que a cercam. Alguns estudos focalizam
a estrutura das relações familiares, natureza de parentesco
e outros laços tais como os existentes entre marido e esposa, pais
e filhos e entre irmãos (FOX, 1986; BERENSTEIN 1988). Outras pesquisas
historiográficas (Poster, 1979; Ariés, 1981) e sociológicas
se concentram em compreender e definir tipos de famílias e suas
composições, assim como transformações ocorridas
em sua estrutura, em função dos múltiplos fatores
próprios e decorrentes das relações entre grupos
humanos (PETZOLD, 1996).
No Brasil,
a família tem sido objeto de muitos estudos em diferentes referenciais
teóricos, por intermédio de metodologias variadas. (DE ANTONI;
KOLLER, 2000; SIMIONATO-TOZO; BIASOLI-ALVES, 1998; FERREIRA; METTEL, 1999;
MARTINS, 1998; MACHADO, 1997; SZYMANSKI, 1987). Recentemente, algumas
pesquisas com famílias, principalmente, na área da psicologia,
vêm sendo desenvolvidas por meio de uma abordagem qualitativa dos
processos familiares, numa perspectiva metodológica que visa proporcionar
uma maior compreensão dos fenômenos familiares. Esses trabalhos
têm sido realizados tomando como opção teórico-metodológica
a Teoria dos Sistemas Ecológicos do Desenvolvimento Humano de Urie
Bronfenbrenner (MARTINS, 2003; CECCONELLO, 1999,2003; DE ANTONI, 2000;
YUNES, 2001). Essa proposta tem tido repercussão, principalmente
em estudos em psicologia, considerando a apresentação de
rigor científico e validade ecológica. Sob esse prisma,
este artigo tenta ilustrar, descrevendo por meio de um estudo-em-contexto,
uma metodologia para pesquisas com famílias em ambiente natural.
Pensando em práticas educativas e na influência das brincadeiras
na educação de crianças pequenas, esta metodologia
foi utilizada em uma pesquisa qualitativa com famílias de periferia
urbana, que vivem em condições adversas (MARTINS, 2003),
e está fundamentada na Teoria dos Sistemas Ecológicos (BRONFENBRENNER,
1999; BRONFENBRENNER; CECI, 1994; BRONFENBRENNER; EVANS, 2000; BRONFENBRENNER;
MORRIS, 1998).
Bronfenbrenner formulou
sua teoria de desenvolvimento humano, publicada no final da década
de 70, expondo ao campo científico importantes premissas para o
planejamento e desenvolvimento de pesquisas em ambientes naturais. Seus
escritos faziam uma séria crítica ao modo tradicional de
se estudar o desenvolvimento humano, referindo-se entre outras coisas,
à grande quantidade de pesquisas concluídas sobre desenvolvimento
“fora do contexto”. Para ele, essas investigações
focalizavam, somente, a pessoa em desenvolvimento dentro de ambiente restrito
e estático, sem a devida consideração das múltiplas
influências dos contextos em que os sujeitos viviam (BRONFENBRENNER,
1977; 1996).
Recentemente,
Bronfenbrenner e Morris (1998) expuseram que tem havido um grande desenvolvimento
científico nesta área e estudos realizados com crianças
e adultos em situação de vida real têm, agora, lugar
comum na literatura de pesquisa em desenvolvimento humano, tanto nos Estados
Unidos como na Europa. Entretanto, apesar desses estudos fazerem referência
à sua teoria, examinando e relatando os impactos de vários
níveis de contextos na vida do indivíduo em desenvolvimento,
o quadro mudou, e o que se nota é que há muitos estudos
em “contexto sem desenvolvimento”.
Nas duas últimas
décadas, o autor tem trabalhado na reformulação de
sua abordagem e trouxe, como modificação para o novo modelo
de pesquisa, a consideração da bidirecionalidade em relação
à pessoa e ao ambiente em que ela atua. Crianças influenciam
os próprios ambientes onde se encontram quando iniciam uma atividade
nova, por exemplo, ou quando começam a estabelecer algum tipo de
vínculo com outras pessoas e, logo, são influenciadas ao
mesmo tempo pelos que estão ao seu redor. Esse novo modelo introduz
uma maior ênfase não só na interação
da pessoa em desenvolvimento com outras pessoas, mas com objetos e símbolos.
(BRONFENBRENNER; MORRIS, 1998)
As novas reformulações
do modelo ecológico de desenvolvimento humano, realizadas por Bronfenbrenner
e Morris (1998), inclui uma nova forma de olhar as propriedades da pessoa
em desenvolvimento. Bronfenbrenner faz também críticas a
sua primeira abordagem, em relação à ênfase
demasiada nos contextos de desenvolvimento, deixando a pessoa em desenvolvimento
num segundo plano. O novo modelo que em vez de ecológico passa
a ser chamado de bioecológico tende a reforçar a ênfase
nas características biopsicológicas da pessoa em desenvolvimento.
Outro aspecto proposto no novo modelo é o construto teórico
“processos proximais”, entendido como “formas
particulares de interação entre organismo e ambiente, que
operam ao longo do tempo e compreendem os primeiros mecanismos que produzem
o desenvolvimento humano” (BRONFENBRENNER; MORRIS, 1998, p. 994).
No modelo bioecológico, são reapresentados quatro aspectos
multidirecionais inter-relacionados, o que é designado como modelo
PPCT: "pessoa, processo, contexto e tempo".
Pessoa: refere-se ao fenômeno de constâncias
e mudanças na vida do ser humano em desenvolvimento, no decorrer
de sua existência. A abordagem reformulada ressalta a importância
de se considerar as características do indivíduo em desenvolvimento,
como suas convicções, nível de atividade, temperamento,
além de suas metas e motivações. Para o autor, isso
tudo tem considerável impacto na maneira pela qual os contextos
são experienciados pela pessoa, tanto quanto os tipos de contextos
nos quais o sujeito se insere. Características do tipo pessoais,
como gênero ou cor da pele, que podem influenciar na maneira pela
qual outros lidam com a pessoa em desenvolvimento, como valores e expectativas
que se têm na relação social devem ser consideradas.
Qualidades pessoais como estas podem nutrir ou romper a operação
de processos de crescimento psicológico. Além disso, o autor
aponta que nenhuma característica da pessoa pode existir ou exercer
influência sobre o desenvolvimento isoladamente. No modelo bioecológico
proposto por Bronfenbrenner e Morris (1998), são distintos três
tipos de características da pessoa que influenciam e moldam o curso
do desenvolvimento humano. O primeiro é: disposições
que podem colocar os processos proximais em movimento e continuam sustentando
a sua operação. O segundo diz respeito aos recursos
bioecológicos de habilidade, experiência e conhecimento
para que os processos proximais sejam efetivos em determinada fase de
desenvolvimento e, por último, há características
de demanda, que convidam ou desencorajam reações
do contexto social que pode nutrir ou romper a operação
de processos proximais.
Processo: tem a ver com as ligações
entre os diferentes níveis e se acha constituído pelos papéis
e atividades diárias da pessoa em desenvolvimento. Para se desenvolver
intelectual, emocional, social e moralmente um ser humano, criança
ou adulto, requer - para todos eles - a mesma coisa: participação
ativa em interação progressivamente mais complexa, recíproca
com pessoas, objetos e símbolos no ambiente imediato. Para ser
efetiva, a interação tem que ocorrer em uma base bastante
regular em períodos estendidos de tempo. Tais formas duradouras
de interação no ambiente imediato referem-se a processos
proximais (proximal process). São achados exemplos de padrões
duradouros destes processos na relação pais-criança
e atividades de criança-criança em grupo ou jogo solitário,
como lendo, aprendendo habilidades novas, resolvendo problemas, executando
tarefas complexas e adquirindo conhecimento e experiências novas
(BRONFENBRENNER; CECI, 1994, p. 6). O autor ainda aponta que processos
proximais são como máquinas ou motor do desenvolvimento.
Contexto: quando o autor fala em contexto de desenvolvimento,
está se referindo ao meio ambiente global em que o indivíduo
está inserido e onde se desenrolam os processos desenvolvimentais.
Os vários ambientes subdivididos pelo autor, abrangendo tanto os
ambientes mais imediatos nos quais vive a pessoa em desenvolvimento, como
os mais remotos, em que a pessoa nunca esteve, mas que se relacionam e
têm o poder de influenciar o curso de desenvolvimento humano. Esses
ambientes são denominados micro, meso, exo e macrossistemas
e sobre eles será escrito mais adiante.
Tempo: pode ser entendido como o desenvolvimento
no sentido histórico ou, em outras palavras, como ocorrem as mudanças
nos eventos no decorrer dos tempos, devido às pressões sofridas
pela pessoa em desenvolvimento. Para Bronfenbrenner e Morris (1998), eventos
históricos podem alterar o curso de desenvolvimento humano, em
qualquer direção, não só para indivíduos,
mas para segmentos grandes da população. A passagem de tempo
em termos históricos tem efeitos profundos em todas as sociedades.
Pequenos episódios da vida familiar, como a entrada da criança
na escola, o nascimento de um irmão ou a mudança de trabalho
dos pais, podem ter significativa influência no desenvolvimento
das pessoas da família num dado momento de suas vidas. Outro exemplo
de como o tempo influencia o desenvolvimento da pessoa, é a diferença
na maneira dos pais criarem seus filhos, na década de 40 e na década
de 80, ou na atualidade.
A abordagem ecológica
desenvolvida por Bronfenbrenner (1977, 1989, 1996) privilegia estudos
em desenvolvimento de forma contextualizada e em ambientes naturais, diferentemente
de experiências em laboratório, visando apreender a realidade
de forma abrangente, tal como é vivida e percebida pelo ser humano
no contexto em que habita. Sua teoria ficou mais conhecida e, utilizada
por vários pesquisadores no Brasil (HADDAD,1997; FLEURY, 1999 e
YUNES, 2001) como um modelo que diferencia as várias camadas de
ambientes. O ambiente ecológico de desenvolvimento humano não
se limita apenas a um ambiente único e imediato, e deve ser “concebido
topologicamente como uma organização de estruturas concêntricas,
cada uma contida na seguinte” (BRONFENBRENNER, 1996 p.18). Esse
conjunto de estruturas, que no dizer do autor parece lembrar um jogo de
bonecas russas encaixadas uma dentro da outra, interferem mutuamente entre
si e afetam conjuntamente o desenvolvimento da pessoa. Cada uma das estruturas
é chamada pelo autor de: micro-, meso-, exo- e macrossistema.
Quando Bronfenbrenner
(1996) faz a crítica aos modelos de pesquisa nos quais o ambiente
é descrito em termos de uma estrutura estática, ficando
delimitado a um único local imediato onde se encontra o indivíduo
em desenvolvimento, ele está se referindo ao microssistema
que é definido como: “um padrão de atividades,
papéis e relações interpessoais experienciados pela
pessoa em desenvolvimento num dado ambiente com características
físicas e materiais específicas” (p. 18). Portanto,
ambientes tais como a casa, a creche ou a escola em que a pessoa é
envolvida em interações face-a-face fazem parte do microssistema.
“Os padrões de interação, conforme persistem
e progridem por meio do tempo, constituem os veículos de mudança
comportamental e de desenvolvimento pessoal. Igual importância é
atribuída às conexões entre as pessoas presentes
no ambiente, à natureza desses vínculos e à sua influência
direta e indireta sobre a pessoa em desenvolvimento” (HADDAD, 1997,
p 36-37).
O mesossistema
diz respeito às inter-relações entre dois ou mais
ambientes nos quais uma pessoa participa ativamente, podendo ser formado
ou ampliado sempre que ela passe a fazer parte de novos ambientes. Em
alguns casos, por exemplo, esse sistema inclui as relações
que uma criança mantém em casa, na escola, no clube e com
amigos da vizinhança; em outros, apenas as relações
exclusivamente familiares e com membros da igreja da qual sua família
faz parte.
Num exosssistema,
ao contrário do mesossistema, a criança ou pessoa
em desenvolvimento não é participante ativa, mas aí
podem ocorrer eventos que a afetem, ou ainda vice e versa, podem ser afetados
por acontecimentos do ambiente imediato onde a criança se encontra.
Estes tipos de ambientes que consistem em exosssistemas podem ser por
exemplo: o local de trabalho dos pais, a escola do irmão ou a rede
de amigos dos pais.
Finalmente, o macrossistema
envolve todos os outros ambientes, formando uma rede de interconexões
que se diferenciam de uma cultura para outra. Neste caso, podemos dar,
como exemplo, a estrutura política e cultural de uma família
norte americana de classe média enquanto sistema, muito diferente
de um grupo familiar de operários brasileiros.
Quanto à
concepção de desenvolvimento, Bronfenbrenner (1996), em
vez de dar toda a importância aos processos psicológicos
tradicionais como percepção, motivação, pensamento
ou aprendizagem, enfatiza o conteúdo desses processos como o que
é percebido pela pessoa, ou ainda o que é temido, pensado
ou adquirido como conhecimento, importando-se mais em como a natureza
desse material psicológico pode ser alterada em função
da exposição e interação do ser humano em
desenvolvimento com o seu meio ambiente.
A definição
de desenvolvimento humano para o autor, consiste em:
mudança duradoura na maneira pela qual uma
pessoa percebe e lida com o seu ambiente, (...) é o processo
através do qual a pessoa desenvolvente adquire uma concepção
mais ampliada, diferenciada e válida do meio ambiente ecológico,
e se torna mais motivada e mais capaz de se envolver em atividades
que revelam suas propriedades, sustentam ou restituíram aquele
ambiente em níveis de complexidade semelhante ou maior de forma
e conteúdo (Bronfenbrenner, 1996, p. 5).
Recentemente,
Bronfenbrenner e Morris (1998) revisaram este conceito e o complementaram,
definindo como desenvolvimento “o processo que se refere à
estabilidade e mudanças nas características biopsicológicas
dos seres humanos durante o curso de suas vidas e através de gerações”
(p. 995).
A partir desta ótica,
o desenvolvimento infantil ocorre conforme a criança se envolve
ativamente com o ambiente físico e social, assim como ela o compreende
e o interpreta. De acordo com Haddad (1997, p. 38),
o reconhecimento da possibilidade de relações
entre os ambientes, associado à capacidade de compreender as
linguagens falada e escrita, faz com que a criança seja capaz
de compreender a ocorrência e natureza dos eventos em ambientes
ainda desconhecidos, como a escola, ou que jamais conheça,
como o local de trabalho dos pais, um país estrangeiro, ou
o mundo da fantasia de outra pessoa.
Além
dos ambientes, as estruturas interpessoais também são importantes
contextos de desenvolvimento humano. No modelo ecológico original,
Bronfenbrenner (1996) salienta o grande mérito das relações
entre as pessoas, estabelecendo como condição mínima
para a formação de díades a presença de uma
relação interpessoal recíproca. A premissa básica
e mais importante na formação de uma díade é
que, se um dos membros do par passar por um processo de desenvolvimento,
estará contribuindo para a ocorrência do mesmo processo no
outro. Desse modo, para o autor, "uma díade é formada
sempre que duas pessoas prestam atenção nas atividades uma
da outra ou delas participam" (p. 46).
Uma díade por si
só já tem sua importância, enquanto elemento favorecedor
de desenvolvimento humano, podendo contribuir para a formação
de outras estruturas interpessoais maiores, incluindo mais de duas pessoas,
o que pode ser chamado de tríade ou tétrades, por exemplo.
As díades podem assumir três formas funcionais diferentes
no que se refere ao seu potencial para fomentar o crescimento psicológico.
A díade observacional ocorre quando uma
pessoa está prestando uma cuidadosa atenção à
atividade do outro e este, por sua vez, reconhece o interesse demonstrado
por aquilo que está fazendo. Já a díade
de atividade conjunta refere-se à situação
em que duas pessoas se percebem fazendo juntas alguma coisa e a díade
primária consiste naquela que, mesmo quando os dois
membros não estão próximos, ainda continua existindo
fenomenologicamente. Os dois membros são objetos de fortes sentimentos
um para com o outro e aparecem sempre em seus pensamentos. Mesmo separados,
um influencia o comportamento do outro.
Em qualquer uma dessas
relações diádicas, como aponta o autor, existe um
fator de reciprocidade, ou seja, o que um membro faz, influencia
o outro e vice-versa. Haddad (1997) aponta que “o reconhecimento
dessa relação de reciprocidade proporciona
uma compreensão chave nas mudanças no desenvolvimento, não
apenas das crianças, mas dos agentes primários de socialização:
mães, pais, avós, educadores, professores, etc”
(p. 40). Além disso, todas essas formas de díades podem
ocorrer simultaneamente ou separadamente. Elas exercem poderosa influência
na aprendizagem e no desenvolvimento.
Bronfenbrenner
e Morris (1998), em revisão no modelo ecológico original,
enfatizam a importância do conceito processos proximais,
sobre o qual já se falou rapidamente. A análise das relações
de reciprocidade entre as pessoas da família e suas crianças
deve considerar os processos proximais, pois, como apontam os
autores, o desenvolvimento humano ocorre, permeado por esses processos
progressivos de interação duradoura entre o organismo biopsicológico,
as pessoas, objetos e símbolos, em seu ambiente e em períodos
estendidos de tempo. Dessa forma, quando os pais cuidam ou alimentam um
bebê, adultos da família brincam com uma criança;
irmãos ou primos da mesma idade interagem; ouvem uma história
ou adquirem novos conhecimentos; praticam atividades esportivas, resolvem
algum problema; executam algum tipo de tarefa complexa ou fazem planos
para o futuro, estão desempenhando atividades permeadas por processos
proximais (BRONFENBRENNER; MORRIS 1998).
Segundo os
autores, o poder, o conteúdo e a direção que os processos
proximais possuem para promover o desenvolvimento variam sistematicamente,
dependendo das características da pessoa em desenvolvimento; dos
contextos em que ela se encontra inserida; das continuidades sociais e
mudanças que acontecem com o passar do tempo; assim como o período
histórico durante o qual a pessoa vive.
No modelo
bioecológico, o conceito de processos proximais tem um
significado altamente específico. Segundo Bronfenbrenner (1999,
p. 5), para que esses processos ocorram, a pessoa tem que se ocupar de
uma atividade de desenvolvimento. Para que sejam efetivos, a atividade
tem que acontecer em uma base bastante regular, num período estendido
de tempo. Os processos de desenvolvimento proximais efetivos não
são unidirecionais; deve haver influência em ambas as direções.
No caso de interação interpessoal, as iniciativas não
vêm de uma só pessoa. Deve haver algum grau de reciprocidade
na troca.
Outra propriedade
dos processos proximais é que não são limitados
a interações com pessoas; eles também podem envolver
interação com objetos e símbolos. Nas interações
recíprocas, por exemplo, os objetos e símbolos no ambiente
imediato devem ser convidativos, de um tipo que atraia a atenção
para a sua exploração, manipulação, elaboração
e imaginação (BRONFENBRENNER, 1999, p. 6).
As pessoas
com quem as crianças pequenas interagem numa base regular em períodos
longos de tempo são os pais, mas, especialmente no caso de crianças
pequenas, outras pessoas mais velhas, como professores, parentes, irmãos
e pares, desempenham importante função nos processos
proximais. É por isso que a capacidade de uma díade
funcionar como favorecedora de um contexto de desenvolvimento irá
depender da existência e natureza de outras formações
diádicas com terceiras pessoas. Pensando na importância destas
relações nos momentos de interação promovidos
pelas brincadeiras dentro da família, pode-se antecipar que tais
atividades contribuem para que as práticas educativas da família
resultem em elementos que podem favorecer o desenvolvimento da criança.
Bronfenbrenner
(1996) alerta para o fato de que, num ambiente de pesquisa que contenha
mais de duas pessoas, é preciso levar em conta a influência
indireta de outras pessoas nas relações dos membros de uma
díade. Mudanças temporárias como a chegada de parentes
para passar um final de semana ou de amigos ou vizinhos na casa para visitas;
a ida ou a chegada dos pais do trabalho; ou mudanças mais duradouras
como o nascimento de um bebê, a separação dos pais,
a mudança da avó para a casa da família, podem produzir
fortes influências nos contextos de desenvolvimento, ocorrendo o
que o autor chama de efeito de segunda ordem. Essas mudanças
temporárias ou duradouras produzem os efeitos de segunda ordem
que podem ser observados, por exemplo, na mudança de interação
mãe-criança quando algum vizinho ou parente está
por perto ou como o padrão de atividades da família muda
com o nascimento de um bebê.
Muitos dos
efeitos de segunda ordem operam nos processos de desenvolvimento, mesmo
que as pessoas envolvidas não estejam interagindo simultaneamente.
Por exemplo, uma amiga ou vizinha que oferece ajuda a uma mãe divorciada
ou viúva na educação de uma criança, poderá
fazer isso sem que a criança esteja presente concretamente. Bronfenbrenner
(1996) chamou esse sistema de interação de rede social.
Para o autor, a rede social pode ocorrer num ambiente restrito como, por
exemplo, um escritório, em que as pessoas interagem o tempo todo
e muitas vezes comunicam-se com recados por meio de terceiras pessoas.
No entanto, as redes sociais mais extensivas e comuns são aquelas
que estão presentes na interconexão entre os ambientes.
A pesquisa em Psicologia
da Educação, principalmente aqueles estudos com grandes
grupos, assim como em qualquer estudo científico, traz um desafio
para o pesquisador: pensar, refletir, questionar e finalmente construir
um método eficaz para a obtenção de dados que realmente
sejam válidos e fidedignos. Quando se trata de estudos com grupos
familiares, esse desafio é ainda maior, pela própria especificidade
do objeto de estudo, um fenômeno psicossocial, permeado por mil
faces. Partindo do princípio de que essas pessoas fazem parte de
uma rede social e que o mundo onde nascem, crescem, têm filhos e
vêem o fruto de seu trabalho é, sobremaneira, permeado por
todas as interfaces dos vários sistemas que fazem interconexões
neste mundo, não se pode deixar de observar o seu ambiente natural.
Bronfenbrenner
(1996), ao discutir sobre a realização de planejamento de
pesquisas em ambiente naturais, alerta os pesquisadores com a seguinte
proposição: "Diferentes tipos de ambientes dão
origem a padrões distintivos de papéis, atividades e relações
para as pessoas que se tornam participantes nestes ambientes" (p.
87). O autor explica que esta afirmação parece muito óbvia,
entretanto, na pesquisa em que se observa o desenvolvimento humano esta
proposição, por mais evidente que pareça, não
é reconhecida e, na maioria das vezes, é ignorada pelo pesquisador,
o que acarretará sérios problemas na hora em que ele for
interpretar os dados de seu estudo.
Em sua reflexão
sobre os experimentos de laboratório, o autor explica que um grupo
de uma família tende a se comportar de maneira diferente quando
vai de sua casa ao laboratório, procurando o tempo todo se adaptar
ao local diferente em vez de interagir como normalmente o faz em seu lar,
acabando assim por produzir distorções nos dados, porém
"a validade ecológica de um ambiente, seja ele o laboratório
ou um local da vida real, jamais pode ser afirmada antecipadamente"
(BRONFENBRENNER, 1996, p. 94).
A validade
ecológica de um ambiente de pesquisa deve-se a outro fator muito
relevante e precisa ser respeitado e verificado em seus pormenores. Para
que os dados de uma pesquisa realizada em ambiente natural, como no lar
de uma determinada família, sejam realmente válidos, deve-se
levar em conta a percepção e a interpretação
que os participantes do estudo têm sobre a situação
de pesquisa. Essa validade ecológica da pesquisa científica
sobre o desenvolvimento humano deve ser questionada, nas palavras de Bronfenbrenner
(1996), sempre que existir uma discrepância entre a percepção
que o sujeito tem da situação de pesquisa e as condições
ambientais pretendidas ou supostas pelo investigador (p. 24).
O pesquisador deve procurar
compreender o significado psicológico ou a percepção
que os participantes do estudo têm em relação àquela
situação ou àquele contexto de pesquisa em particular.
Uma das estratégias para se obter esses dados, na visão
de Bronfenbrenner, é deixar que atividades apareçam espontaneamente
no contexto ambiental onde se realiza o estudo. Outro modo de se averiguar
esse campo é a utilização da entrevista com os participantes
do estudo após a observação dos fatos, na tentativa
de descobrir se a visão retrospectiva dessas pessoas sobre a situação
de pesquisa coincide com a intenção do pesquisador.
Entende-se
que nenhuma característica de um ser humano pode existir ou influenciar
o desenvolvimento de modo isolado, como propõe Bronfenbrenner (1996).
Toda qualidade de uma pessoa é intrinsecamente inserida, encontrando
significado e plena expressão em um determinado ambiente. Esse
ambiente ecológico de pesquisa não se limita apenas à
localização imediata dos participantes do estudo. Dele também
fazem parte elementos físicos dos arredores, localização
geográfica, objetos ou situações inesperadas, e todos
os outros aspectos que possam caracterizar aquela família em sua
singularidade ou de alguma forma possam influenciar o curso da pesquisa.
Bronfenbrenner
(1996) também alerta para o perigo de se tentar incluir no ambiente
natural de pesquisa elementos que façam parte de uma outra realidade
que não a dos participantes do estudo. Isso acontece quando se
tenta fazer uso num ambiente doméstico, por exemplo, de métodos
utilizados em laboratório. A esse respeito o autor comenta que
"existe o perigo de criarmos uma distorção ecológica,
ao injetarmos numa situação natural elementos que são
desconhecidos e, portanto, desorientadores e disruptivos para os padrões
de atividade e relação que normalmente ocorrem no ambiente"
(p. 97, grifos do autor).
É importante
que questões como essas possam ser pensadas antes que se comece
qualquer estudo de desenvolvimento humano em ambientes naturais. É
primordial considerar, portanto, que o contexto de desenvolvimento da
família é influenciado e influencia múltiplos elementos
que fazem parte de um todo social. Os fenômenos que ocorrem em ambientes
de vida real estão sempre sujeitos a variadas formas de influências,
podem variar ao longo do tempo e do espaço (BRONFENBRENNER, 1996).
Pensando nessas
questões e na metodologia proposta, realizou-se uma pesquisa qualitativa
que teve como objetivo a compreensão das relações
entre criança e membros da família, no que se refere à
manifestação da brincadeira nas práticas educativas
familiares de duas famílias de uma comunidade na periferia da cidade
de São Paulo. Por meio da inserção dos pesquisadores
na comunidade em que moravam as famílias, pôde-se investigar
aspectos da realidade daquelas famílias com suas crianças
nos vários ambientes por onde elas transitavam. As famílias
foram acompanhadas durante um ano, incluindo visitas em suas casas, observações,
conversas informais e entrevistas. A presença desse modelo nesta
pesquisa pode ser observada a partir de critérios básicos
de análise apontados por Bronfenbrenner (1999) e descritos a seguir:
1- Para se compreender como se davam as interações entre
família, criança e brincadeira, foram usados o modelo teórico
de Bronfenbrenner em seus quatro aspectos multidirecionais que são
inter-relacionados, o que o autor chama de modelo PPCT: "pessoa,
processo, contexto e tempo”. No item “pessoa”,
foram consideradas algumas características dos membros das famílias
estudadas, como cor da pele, local de origem, e religião, enquanto
que no fator “processo”considerou-se as interações
da família e criança em suas atividades diárias,
principalmente no que se refere às brincadeiras e às práticas
educativas que promovem o desenvolvimento das pessoas envolvidas. Na análise
do “contexto”, considerou-se o meio ambiente,
incluindo os vários sistemas em que essas famílias vivem
e educam seus filhos como em casa, vizinhança, igreja ou creche.
Para analisar a questão do “tempo”,
foi considerado o desenvolvimento da família no sentido histórico
e no curso de sua vida em espaços cronológicos, tanto curtos
como mais longos. Para se pensar no fator “tempo”
e na importância dele para a compreensão das interações
lúdicas da família com suas crianças, investigou-se
questões ligadas à infância dos adultos das famílias.
A força do tempo e as mudanças ocorridas em pouco espaço
vêm demonstrar o quanto tudo se transforma e como se dá o
movimento e o desenvolvimento das pessoas. A idéia do dinamismo
da condição de ser família foi verificada num breve
período de tempo. De um encontro dos pesquisadores com a família
para o outro, por exemplo, perceberam-se mudanças radicais no modo
de ser das famílias, principalmente no cuidado com os filhos e
nas práticas educativas cotidianas1. O nascimento de uma criança
ou a gravidez de uma filha adolescente trouxe influências múltiplas
para cada família em particular. Essas influências vão
desde a forma de interação entre os membros da família
até mesmo às mudanças no modo de brincar de cada
criança.
2- Passando para a análise do contexto em que
vivem as famílias, partiu-se em primeiro lugar para a compreensão
do microssistema, que se configura nas casas das famílias,
descritas em seus aspectos físicos, como também em termos
de interação entre seus membros. Por exemplo, como as pessoas
circulam pela casa, locais onde dormem, tipos de conflitos, cuidados entre
membros, punições e brincadeiras existentes nessas interações,
etc.
3- A análise do mesossistema, que inclui as inter-relações
entre dois ou mais ambientes onde se encontram as famílias, trouxe
dados sobre como se dão as interações das crianças
com outras pessoas da vizinhança, da escola, da igreja ou da creche
em que cotidianamente estão presentes. Observou-se a presença
de uma rede de apoio que a ajuda financeiramente ou no cuidado freqüente
com suas crianças. A brincadeira aparece no mesossistema ancorada
numa diversidade de interações entre crianças de
várias faixas etárias que realizam atividades lúdicas
nas ruas da vila, nos quintais das casas e até mesmo dentro dos
pátios da creche ou escola.
4- Pensando no exossistema, ou seja, aquele que não
envolve a pessoa em desenvolvimento como participante ativo, pode-se notar,
nas entrevistas com as famílias, que há grande influência
de pessoas dos locais de trabalho, por exemplo, na vida de suas crianças.
Neste caso, foram investigadas questões sobre como empregadores
ou pessoas ligadas ao trabalho das famílias podem, por exemplo,
dar sugestões na educação dos filhos e como fornecem
subsídios verbais e materiais para as práticas educativas
familiares.
5- Na análise do macrossistema, observou-se a
influência dos aspectos sócio-econômicos-culturais
nas relações familiares. A falta de infra-estrutura oferecida
pela Prefeitura ao bairro em forma de praças, parques ou mesmo
de escolas e creches, faz com que as famílias e suas crianças
tenham um modo de vida diferente daquelas pessoas que moram em locais
em que todos esses requisitos são respeitados pelos governantes.
A situação precária em que vivem as famílias,
com baixos salários, desemprego e aumento da violência ocasionada
pelo tráfico de drogas e a criminalidade afeta diretamente o desenvolvimento
das crianças.
6- Na compreensão das relações lúdicas da
família na formação de “díades
de desenvolvimento” o que se observou foi a ocorrência
de interações das crianças com a brincadeira e com
suas famílias, numa relação de reciprocidade, não
unirelacional, mas em vias de mão dupla, com sentidos variados,
influenciando todas as partes envolvidas. Por meio de observações
e relatos das famílias sobre brincadeiras das crianças nas
ruas, na creche e dentro das casas e quintais, com amigos, pais e irmãos
obteve-se dados sobre a importância dessa atividade no desenvolvimento
humano. Quando as crianças têm a oportunidade de jogar em
grupos ou terem acesso a brinquedos ou objetos diferentes do que habitualmente
possuem, ou quando se relacionam com outras crianças e adultos
com diferentes papéis em ambientes diversos, significa que estão
tendo francas disposições para crescerem e se desenvolverem
como pessoas. Por isso, a brincadeira mostrou-se como um importante instrumento
ou veículo promotor dos chamados processos proximais de
desenvolvimento. O brinquedo manipulado pela criança ou
em trocas com parceiros da família ou de outros ambientes apresentou-se
como facilitador para a ocorrência de tais processos. Desse modo,
o brincar ocorre nas famílias como uma atividade capaz de fomentar
o desenvolvimento de díades ou de estruturas interpessoais maiores
como tríades, tétrades e assim por diante, dependendo do
número de pessoas da família que brincam com a criança.
A partir de
modelo teórico de rede, entende-se que só há um entendimento
científico de processos interpessoais básicos de desenvolvimento
humano, quando existe uma investigação nos ambientes concretos,
imediatos e remotos onde seres humanos vivem. Para isso, é necessário
que o pesquisador busque a construção de um esquema teórico
e metodológico, na tentativa de permitir a descrição
detalhada e análises sistemáticas dos contextos em que se
desenrolaram as ações e interações humanas
entre todas as pessoas envolvidas no estudo. Há que se considerar,
contudo, as interconexões dos processos familiares, como também
as díades, as quais têm o poder de influenciar o curso do
desenvolvimento, direta ou indiretamente.
A opção
desta abordagem metodológica de pesquisa qualitativa em contexto
natural foi fundamental para a compreensão dos processos que envolvem
família e criança em momentos de brincadeira e a influência
desses processos nas práticas educativas familiares. Levando-se
em conta o significado psicológico do contexto ambiental para famílias
participantes desse estudo, seguindo a abordagem ecológica de Bronfenbrenner,
acredita-se na possibilidade de contribuir com achados, que antes de serem
generalizáveis ou reveladores de leis sobre o desenvolvimento humano,
podem ser, de algum modo, úteis para o progresso da pesquisa em
psicologia, assim como para o enriquecimento dos métodos e técnicas
no estudo de famílias em ambientes naturais.
NOTAS
*Doutora pela Pontifícia Universidade Católica/São
Paulo e Profª. Dra. Faculdade Ítalo Brasileira/ São
Paulo
** Doutora pela Pontifícia Universidade Católica/São
Paulo e Profª. Drª. do Programa de Pós-Graduação
em Psicologia da Educação da PUC/SP
1 Numa reunião com um grupo de pesquisa na mesma comunidade, a
pesquisadora, ao encontrar uma das pessoas entrevistadas, obteve informações
de que ela havia se casado novamente, com uma pessoa bem mais jovem. Seu
novo companheiro tinha um filho de 5 anos, atualmente, todos formavam
uma nova família.
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de Psicologia, Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo.
ABSTRACT
This text presents how the recent theoretical approach of Urie Bronfenbrenner
can contribute to the studies with children and families. It considers
the importance of a clear and consistent connection between theory
and method to accomplish trustworthy data research in natural contexts.
The article points to some aspects that need to be considered in studies
with families and children in different natural contexts. The ecological
and systemic theory of Bronfenbrenner presents possibilities to analyze
aspects of the person in development, of the context where it lives
and of the interactive processes that influence human development
itself, in determined periods of time.
KEYWORDS:
Family; Bronfenbrenner; ecological theory.
Recebido em: 26/02/2004
Aceito para publicação em: 15/12/2004
Endereço: martinsberbel@bol.com.br, hszymanki@uol.com.br.
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