Questões Contemporâneas

AQUECIMENTO OU RESFRIAMENTO GLOBAL? UM ÚNICO PROBLEMA DE VÁRIAS RESPOSTAS

VIRGÍNIA MIRTES DE ALCÂNTARA SILVA é Bióloga, Pós-Graduanda em Geoambiência e Recursos Hídricos do Semiárido da Universidade Estadual da Paraíba – UEPB.

VICTOR HERBERT DE ALCÂNTARA RIBEIRO é Graduando em Agroecologia da Universidade Estadual da Paraíba – UEPB.


Resumo: O objetivo dessa pesquisa é compreender o que realmente está acontecendo com o clima na terra. Estamos caminhando para um aquecimento global provocado por ações antropogênicas ou para um resfriamento global gradativo de ordem natural do planeta? Inicialmente, relatamos duas correntes que divergem sobre o que realmente originam as mudanças climáticas, uma temática internacionalmente controversa, nos meios científicos. A primeira corrente defende que as mudanças climáticas são decorrentes da atividade humana, como o uso de combustíveis fósseis e o crescimento da agricultura, que incrementam a quantidade de CO2 na atmosfera, provocando, portanto, o aumento da temperatura e o aquecimento global. A segunda defende um resfriamento global gradativo de ordem natural. Segundo esta corrente, o clima sofre influência de forçantes climáticas, como o sol e os oceanos, sendo a ação humana insignificante, apenas originando mudanças a nível local como: micro-climas e ilhas de calor, de modo que daqui a duas décadas o planeta estará mais frio. A pesquisa é de ordem bibliográfica, organizada através de obras de referência, livros de leituras correntes, artigos e periódicos científicos. Sua importância é evidenciar que essas divergências científicas necessitam de mais comprovações, abrangendo as conseqüências reais desse processo. Estudado por vários pesquisadores conceituados um mesmo problema oferece várias respostas.
Palavras-chave: divergências científicas, aquecimento global, resfriamento global.

GLOBAL WARMING OR COOLING? ONE PROBLEM OF MULTIPLE ANSWERS

Abstract: A discussion about the current climate conditions on Earth is proposed here. Issues involving planet’s future have been extensively investigated in nowadays. Many researchers have discussed the source of climate change on Earth, where two main approaches have been proposed to explain it. The former indicates the human intervention as a main cause of the climate changes, which involves the employment of fossil fuels and the growth in agriculture. It increases the quantity of CO2 on atmosphere and the temperature on Earth (called global warming). The later suggests a gradual global cooling of natural order as a cause of the climate changes. According it, the climate is mainly affected by climate forcing agents, like Sun and oceans. The human influence is negligible and provokes local changes, like microclimates and heat island effect. Finally, it is envisaged that within two decades the planet will be cooler. The proposed discussion is based on a bibliographic research extracted from reference works, current books and scientific papers. It emphasizes that scientific disagreements that attempt explain the climate changes source require further evidence and also must to cover real consequences of the studied process. Finally, one problem that is studied by many researchers can offer various explanations.
Keywords: scientific divergences, global warming, global cooling.

INTRODUÇÃO

O ambiente terrestre em que atualmente vivemos é conseqüência de uma evolução de 4,6 bilhões de anos, controlada por diferentes processos que representam um sistema dinâmico, de variáveis e intricadas reorganizações. A história climática do planeta reflete um padrão de equilíbrio(1) complexo, entre as variáveis climáticas, ou seja, a compreensão do sistema climático é o resultado de várias interações estruturadas destas variáveis: do sol, da atmosfera, dos oceanos, do gelo, do relevo, dos seres vivos e da vegetação. Então, as condições climáticas são resultados de variáveis externas que as condicionam, como a intensidade da radiação solar, e interna, como a configuração dos oceanos, continentes e a composição da atmosfera. As mudanças climáticas são compreendidas como um ajuste no sistema, ou seja, qualquer alteração nessas variáveis modifica o equilíbrio radiante, e como conseqüência a sobrevivência da vida na terra.(2)

O clima terrestre já se modificou inúmeras vezes em decorrência desses ajustes, estimadamente há 6 bilhões de anos, as glaciações representaram eventos de extremas variações climáticas que repercutiram sobre todo o ambiente do planeta. As pesquisas confirmam que na maior parte da história climática do planeta, a média de temperatura foi superior à atual, num padrão em que os períodos mais quentes duraram por centenas de milhões/bilhões de anos, interrompidos por períodos mais frios, que duraram de dezenas a talvez centenas de milhões de anos.

Cada período da história climática do planeta, sejam períodos mais quentes ou mais frios, apresentaram características específicas de distribuição de energia e composição da atmosfera, que por sua vez, produziram padrões de fauna, flora e processos físicos distintos dos atuais, tanto em seus tipos, como em sua distribuição espacial.

Silva, Patrício e Medeiros (2011, p.308) demonstram que o crescimento ou o declínio de grandes civilizações foram influenciados pelo clima. O Saara, por exemplo, embora em vários períodos já tenha sido povoado e próspero, no decorrer do tempo, em função das mudanças no seu clima, com grandes diferenças de temperaturas diurnas e noturnas, tornou-se cada vez mais seco e quente, provocando a rarefação das precipitações e o esgotamento das fontes e dos rios. Tendo como conseqüência o desaparecimento da cobertura vegetal, aumentando a intensidade dos ventos e a grande quantidade de areia que comprometeu principalmente sua fauna e a flora (KI-ZERBO, 2010).

A Groelândia, atualmente coberta de gelo, entre 800 e 1200 d.c, era conhecida como antiga terra verde, uma ilha com florestas e terras férteis, habitadas pelos nórdicos vikings que estabeleceram uma rica cultura, desenvolveram a agricultura, o artesanato e um notável comércio marítimo.

É preciso entender o estudo do clima no passado, pois torna-se  indispensável na elaboração de cenários de prognóstico do clima no futuro, tendo em vista a probabilidade de reprodução de condições já registradas.

Recentemente, vários cientistas divergem no entendimento do clima atual, divididos entre duas correntes: a do aquecimento global decorrente das ações humanas, no uso de combustíveis fósseis, gás natural e carvão e a do resfriamento global gradativo, afirmando que o que teremos para as próximas duas décadas é um resfriamento, pois o clima independe das ações humanas. De acordo com esta abordagem, o clima sofre influência de forças como o sol, os seus ciclos e os oceanos, que cobrem 71% da superfície e são os grandes reservatórios de calor. Para quem defende o resfriamento global, as mudanças climáticas são de ordem natural, pois a interferência humana é insignificante e apenas traz mudanças a nível local.

Aquecimento Global

Em 1988, a Organização das Nações Unidas para o Meio Ambiente (United Nations Environment Programme – Unep) e a Organização Meteorológica Mundial (World Meteorological Organization-WMO), criaram o IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change, cujo objetivo era ministrar avaliações regulares sobre as mudanças climáticas, sob a função de acompanhar cientificamente esse processo.

De acordo com o último relatório do IPCC, que representou o consenso da maior parte da comunidade científica internacional, o aumento global de temperatura registrado no século XX tem como origem as atividades humanas, afetando diretamente a biosfera com conseqüências inevitáveis, pois a ação antropogênica é um fator determinante ao aquecimento, com o aumento da emissão de gases do efeito estufa, com o desmatamento indiscriminado, as queimadas e a formação de ilhas urbanas de calor influindo diretamente no equilíbrio do planeta, elevando a temperatura. Em 1750, no auge da Revolução Industrial, houve um aumento de 31% na concentração atmosférica de carbono, o que influenciou o balanço energético do sistema climático, desde 1760 até 1960.

Os resultados do IPCC foram mais de 80 mil séries de dados que mostram modificações significativas em: sistemas físicos: recuos de geleiras, irregularidades em rios, lagos e oceanos; sistemas biológicos: como alterações no comportamento de peixes, aves, mamíferos, e outras espécies animais; mudanças nas regiões de ocorrência e no ciclo anual de espécies vegetais. Ainda mais, estudos recentes demonstram que o Brasil é vulnerável às mudanças climáticas atuais e mais ainda às que se projetam para o futuro, especialmente quanto aos extremos climáticos. As áreas mais vulneráveis compreendem a Amazônia e o Nordeste do Brasil, como mostrado em estudos recentes (MARENGO, 2007; AMBRIZZI et. al., 2007; MARENGO et. al., 2007).

Com relação à temperatura, houve um aumento expressivo nos últimos 157 anos, o Gráfico1 mostra as variações de temperatura em graus Celsius para esse período, expressas com desvios da média calculada para o período de 1850 a 2005. O aumento da temperatura não foi linear no tempo, mas acelerou-se nas últimas décadas.

Gráfico 1: Variações da temperatura observadas no período de 1850 a 2005.

Fonte: adaptada a partir do relatório do IPCC 2007.

Podemos conferir que as mudanças são significativas pelas diferenças com relação às médias do período 1961 -1990 em valores absolutos (escala à direita). As áreas sombreadas simulam os intervalos de incerteza.

Para MARENGO & VALVERDE (2003), de acordo com os resultados do IPCC 2001, o balanço de radiação terrestre é alterado pelas ações antropogênicas e existem evidências de que impactos extremos como secas, enchentes, ondas de calor e de frio, furacões e tempestades têm afetado diferentes partes do planeta.

Para o Brasil, os resultados do IPCC expressam que a Amazônia e o Nordeste sofrerão conseqüências irreversíveis sob o ponto de vista das mudanças climáticas, pois a floresta desempenha um papel importante no ciclo de carbono do planeta, e pode ser considerada como uma região de grande risco, já que as ações antrópicas na própria floresta estão ligadas diretamente ao desmatamento de sistemas florestais para transformação em sistemas agrícolas e/ou pastagem, o que implica em transferência de carbono (na forma de dióxido de carbono) da biosfera para a atmosfera, contribuindo para o aquecimento global, o qual por sua vez acaba atuando sobre a região amazônica.

Ultimamente, os modelos de estudos observacionais e estudos de modelagem, a exemplo de: NOBRE et. al., (1991); BETTS et. al., (1997, 2000); CHASE et. al., (2000); ZHAO et. al., (2001) concluem que as alterações na cobertura superficial podem ter um impacto expressivo no clima regional e global. Os trabalhos de modelagem indicam que essas mudanças na vegetação, em alguns casos, podem ser equivalentes àquelas devidas ao aumento do CO2 na atmosfera (PITMAN and ZHAO, 2000). Adicionalmente, SCHNEIDER et. al. (2006) encontraram que o desflorestamento da Amazônia levaria a um aumento da variabilidade do Enso e um aquecimento médio anual no Pacífico equatorial leste. Esse aumento da variabilidade do Enso estaria relacionado com um aumento da temperatura da superfície na região desflorestada que levaria a mudanças no padrão de vento próximo à superfície, que se estenderiam até o Pacífico e Atlântico e afetaria o vento superficial sobre o oceano, com anomalias de oeste no Pacífico leste.

OLIVEIRA (2008, p.27) explica que as detalhadas séries temporais das variáveis climáticas, principalmente da temperatura, só foram possíveis devido ao aumento de estações meteorológicas nos continentes e oceanos que proporcionaram todas essas evidências na predição de mudanças no clima, principalmente a partir de 1982, quando os satélites permitiram uma amplitude global do planeta. Para se obterem tendências temporais, medidas instrumentais individuais instrumentais tomadas em milhares de estações meteorológicas nos continentes e oceanos, nos balões metereológicos e nos satélites, são ajustadas, levando em conta as mudanças de instrumentos e as práticas de medida, e tratadas estatisticamente para fornecer médias significativas. (OLIVEIRA, p.27).

Resfriamento Global

MOLION (2007) explica que a variabilidade do planeta é um processo natural, influenciado por agentes externos – oscilações da atividade solar, vulcânica e dos parâmetros orbitais terrestres e internos – como variação da temperatura de superfícies dos oceanos e cobertura das nuvens. Sendo o Sol a principal fonte de energia para os processos físicos que ocorrem na atmosfera, os agentes físicos que atuam sobre o sistema terra-atmosfera-oceano é que determinam as condições de tempo e de clima no planeta, e sua complexa interação é responsável pela variabilidade climática.

Aquecimento e resfriamento são eventos cíclicos: há períodos em que o planeta esfria e outros em que se aquece. Portanto, com base em dados, e não em simulações e modelos de clima, que são imperfeitos, a maior probabilidade é que volte a ficar frio agora e que nesses próximos 15 ou 20 anos a temperatura global diminua cerca de 0,2 graus centígrados.
(MOLION, 2008, p.79).

A principal fonte de energia para todo o sistema climático provém do sol. Entre um período de 90 anos, o sol passa por vários ciclos de atividade alta e baixa. Há vários registros de atividades solares, em 1820, no final do séc.XIX e no início do séc.XX o sol esteve em atividade mínima. Atualmente, o sol deve reproduzir esse pico, passando os próximos 22,24 anos com baixa atividade, conseqüentemente, a radiação que chega vai diminuir e contribuir para a temperatura global. Outro fator interno que vai reduzir o clima global são os oceanos e a grande quantidade de calor armazenada neles. Destacamos que os oceanos cobrem cerca de 70% da superfície terrestre e que o Pacífico sozinho ocupa 35% dessa superfície. As análises da superfície do mar para o período 1999-2007, com os dados do conjunto de reanálises do NCEP/NCAR, mostraram uma configuração semelhante à da fase fria anterior da ODP (1847-1976), sugerindo que o Pacífico já esteja em uma nova fase fria (Figura 1).

pacífico.png

Figura 1: Anomalias da temperatura da superfície do pacífico no período de 1999-2007(ºC), com relação a média do período 1977-1998.

Fonte: Adaptado de Earth System Research Laboratory, Physical Science Division.

Com o resfriamento do Pacífico, haverá um resfriamento global nos próximos 20 anos, como o ocorrido entre 1947 e 1976. E para contribuir com esse resfriamento, coincidentemente, o Sol estará em grau mínimo de atividade nos dois próximos ciclos de 11 anos de manchas solares, até o ano 2030, aproximadamente.

Recentemente, vários pesquisadores consideram que o aquecimento global não pode ser atribuído a ações antropogênicas: LOMBORG (2002), LEROUX (2007), MOLION (2008), MARUYAMA (2009), BAPTISTA (2009). MONTE HIEB e HARRISON HIEB (2007, p.62), nessa mesma linha de pensamento, explicam que a influência da ação antrópica é insignificante, pois o aumento da concentração de CO2 nos últimos 150 anos são naturais, cerca de 97% são provenientes dos oceanos, vegetação e solos, cabendo ao ser humano menos de 3%, total que seria responsável por uma  mínima fração do efeito estufa atual algo em torno de 0,12%.

Esse período de aquecimento coincide com a atuação simultânea de dois processos controladores do clima global, um deles foi o aumento da atividade solar, que intensificou o fluxo de radiação incidente na Terra. O outro foi o aumento da transmissividade atmosférica, resultado de uma atmosfera mais limpa e transparente devido à redução da atividade vulcânica, que foi a menor dos últimos 150 anos no período de 1916 a 1962, de acordo com dados do Carbon Dioxide Information Analysis Center, órgão do Departamento de Energia dos Estados Unidos. A série de temperatura média para os Estados Unidos (Gráfico 2) comprova que a década de 1930 foi mais quente que a década de 1990.

Gráfico 2: Anomalias de temperatura média para os Estados Unidos.

Fonte: Adaptado de Goddard Institute for Space Studies,Nasa

Nesse sentido, considera-se o aquecimento natural entre 1925 e 1946, uma vez que as emissões antrópicas de carbono, devido à queima de combustíveis fósseis e à transformação do uso dos solos, representavam apenas cerca de 6% das atuais e, certamente, não aumentaram o efeito estufa.

Por fim, MOLION (2008, p.80) explica que, no final dos anos 40, precisamente no período pós-guerra, começou um resfriamento. “Justamente quando houve aumento da atividade industrial, época em que a globalização começou. Ou seja, essa contradição nos faz concluir que a queima de combustíveis fósseis não provoca aquecimento do planeta”. (MOLION, 2008, p.80).

Estudos Paleoclimáticos

A reconstrução do clima do passado é imprescindível para entender o clima atual, a Paleoclimatologia é a ciência responsável por esses estudos, as pesquisas paleoclimáticas têm permitido observar claramente as mudanças no clima, a exemplo de várias análises, a citar: a análise do registro fossilífero tem sido de absoluta importância na compreensão dos eventos que condicionaram a história evolutiva do planeta. Vários grupos de fósseis – em especial os microfósseis – têm sido utilizados como indicadores paleoclimáticos, paleoecológicos, paleobiogeográficos e cronoestratigráficos. Entre os macrofósseis, destacam-se os trilobitas, os braquiópodes, os corais e as pteridospermas, no Paleozóico; os grandes répteis, as coníferas e os moluscos, no Mesozóico; e os mamíferos e as angiospermas, no Cenozóico.

Outro indicador são os anéis de crescimento de árvores, representado no (Gráfico3), muito usado na escala de centenas ou poucos milhares de anos, nas informações acerca da variação anual da temperatura e precipitação, onde a densidade da madeira varia inversamente ao total pluviométrico em regiões tropicais.

temperatura.png

Gráfico 3: Variação radial da densidade da madeira dos anéis de crescimento de um jatobá-mirim, colhido em Balbina, a 170 km a noroeste de Manaus.

Fonte: Adaptado de Ferraz et al., Densidade da madeira e flutuações climáticas na Amazônia.

FERRAZ et.al. 1993, analisando a densidade da madeira de um Jatobá-mirin, colhido da Amazônia Central, concluíram que houve um aumento significativo na densidade nesses últimos quatrocentos anos (Gráfico3). A variação das chuvas é um fator ambiental mais importante no crescimento de uma árvore no meio de uma floresta. inferiu-se que o jatobá, durante esse período esteve submetido a um clima regional que, naturalmente, veio se tornando mais seco. Nessas condições, essa análise conclui que o clima só poderia está se resfriando.

Já as pesquisas relacionadas aos insetos comprovam que os mesmos são indicadores precisos de variações climáticas e ambientais tanto do ponto de vista ecológico quanto geográfico. Apesar de pouco utilizados para este fim, os insetos são extremamente precisos como indicadores de ecologia, de clima e condições geográficas de seus habitats, sendo muito sensíveis às suas alterações e, em casos singulares, precisos como indicadores de idade. Uma análise mais detalhada das ocorrências de insetos fósseis pode revelar que o mesmo padrão de crises bióticas, de estresse ambiental e de especiação alocrônica que hoje podem ser verificadas na natureza, igualmente podem ser detectados no registro fossilífero, gerando dados úteis para inferências paleoambientais, paleoclimáticas, paleobiogeográficas e cronoestratigráficas. Por fim, as análises em espeleotemas(3) estão relacionadas aos ciclos de precessão dos esquinócios, devido a sua periodicidade mais curta e pelo significativo impacto, sua análise tem permitido observar claramente mudanças climáticas, pois os ciclos de precessão dos esquinócios estão relacionados a mudanças paleoclimáticas nas pesquisas, através de registros isotópicos em espeleotemas. (WANG et.al. 2008; CHENG et.al., 2009).

Nesse contexto, através de pesquisas cada vez mais especializadas, principalmente sobre o Quaternário, período mais recente da história da terra, relativamente curto, cerca de 1,8 milhões de anos, possuindo evidências suficientemente bem preservadas, bioestratigraficamente bem definidas, é que poderemos entender os fenômenos desse imenso sistema ecológico – a terra.

Considerações Finais

São complexas as questões no âmbito político-economico-ambiental que envolve as mudanças climáticas, gerando discussões a nível global em diversos assuntos, inclusive as divergências nas áreas científicas que envolvem, por exemplo, o IPCC, além de outras contradições freqüentes também na área política, em relação à posição de cada país frente às mudanças no clima. A dúvida freqüente é: por que vários cientistas na pesquisa de um mesmo problema chegam a respostas distintas? Aquecimento ou resfriamento, o que precisamos realmente é adotar posições pró-ativas entre a sustentabilidade ambiental e o desenvolvimento econômico, para enfrentarmos uma situação ou outra.


NOTAS:


(1) quando a resultante final é zero, o  equilíbrio é perfeito, refletindo que a mesma quantidade de energia que entra no planeta em uma unidade em tempo sai, fazendo com que não haja aumento ou diminuição de energia que comprometa os processos bióticos e abióticos vigentes.  A quebra do equilíbrio radiante traduz-se em mudanças do clima.

(2) representando  um imenso sistema ecológico de múltiplas interações.

(3) “espeleotemas são depósitos secundários de carbonato de cálcio (CaCO3)precipitados em cavernas, considerados um dos melhores indicadores peleoclimáticos continentais”. (Henderson, 2006).

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Recebido: 15/04/2012
Aceito: 30/06/2012

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