ERMIRA GORO: A QUIET VOICE. A DANÇA DE TODOS NÓS

Hélia Borges
Faculdade de Dança Angel Vianna. E-mail:borges.helia@gmail.com.

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Resumo
: Este texto comenta a coreografia de Ermira Goro apresentada, em julho de 2014, no Athenas & Epidaurus Festival, em Atenas, Grécia. Articulando conceitos ligados à estética da dança contemporânea, implico a perspectiva da arte como enunciadora dos movimentos por-vir que surgem na cena política atual da Grécia e, também, como uma produção necessária para fazer surgir a potência de um pensamento que se desobstrui do que fica silenciado pelas forças do Estado capitalista em sua fúria homogeneizante.
Palavras-chave: Arte. Política. Ermira Goro.

ERMIRA GORO: A QUIET VOICE. THE DANCE OF ALL OF US

Abstract: This text comments on the choreography of Ermira Goro presented, in July 2014, in Athens & Epidaurus Festival, in Athens, Greece. Articulating concepts related to the esthetics of contemporary dance, I associate the perspective of art as enunciative movements to come that arise in the current political scene in Greece, and also as a production required to bring up the power of a thought that clears up what is silenced by the forces of the capitalist State in its homogenizing fury.
Keywords: Art. Politics. Ermira Goro.
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Fonte: Disponível em:

<https://www.google.com.br/search?q=ermira+goro+em+quiet+voice&biw=1229&bih=598&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ved=0CBwQsARqFQoTCMDo19z9sscCFcEhkAodjdwH-A.>.

Fonte:Disponível em: <https://www.google.com.br/search?q=ermira+goro+em+quiet+voice&biw=1229&bih=598&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ved=0CBwQsARqFQoTCMDo19z9sscCFcEhkAodjdwH-A.>.

A QUIET VOICE:
CONCEIVED AND DIRECTED BY: Ermira Goro
CHOREOGRAPHY: Ermira Goro and the performers 
CO-PRODUCED BY: Athens & Epidavrus Festival 2014 and tôt tard theatre co.
PERFORMED BY: Abdul Hussain Nazari, Anna-Maria Kachkachouri, Agni Papadeli Rossetou, Ariadni Kalesi, Aulona Lupa, Arash Hamedian, Arezu Hesari, Artemis  Liaja, Constantinos Chrisafidis, Veronika Garbuz, Giana Khosroshvil, Gozde Atalay Kokkoris, Grace Chimela Nwoke, Dimitris Matsoukas, Dennis Alamanos, Dimitris Sarandopoulos, Ekaterina Olimpou, Elene Lobzhanidze, Ellada Lortkipanidze, Zandile Noubane, Ιan Robert Ouko, Kibet Babu, Katerina Alikai, Kleopatra Liaja, Click Ngwere, Laura Mihaela Dumitru, Loela Biliku, Mabel Mosana, Mari Motsonelidze, Mari Mchedlishvili, Maria Fountouli, Marilena Aliai, Marios Iordanidis, Marifet Mitsiu, Mokhtar Rezai, Nansy Biliku, Nansy Stamatopoulou, Nadia Zahoor, Natalia Gogouadze, Nino Bourkadze, Nadia Neaskou, Dauda Conteh, Dominic Tawiah, Panagiotis Kokkoris, Rinos Tzanis, Romanna Lobach, Salome Ghoulaksidou, Sunny I. Ohilebo, Sara Tokhmakhidou, Stefanos Mwange, Sotiria Matskari, Tamara Kouloumbegashvil, Tapha Diaw, Thea Sikharoulidze, Tchasse Yves Bertrand, Flavios Neagu, Fredalyn Resurreccion, Christina Tsiotou.

 

Atenas: julho de 2014. Testemunha-se uma cidade semiabandonada, prédios quebrados, vazios, empoeirados: ruínas por toda parte; uma paisagem inacabada em determinados pontos da cidade. Povoada de intermitentes confrontos entre os cidadãos e a polícia com seus escudos transparentes e máscaras, entre os turistas – multidão de turistas acelerados pelas ruas e metrôs da cidade... Athenas se mostrava nesses dias quentes, linda, brilhante, receptiva; as luzes do dia e da noite se misturavam aos monumentos extraordinários de sua eterna paisagem.

Imponente, a troca de guarda em sua presença, homens gigantes com roupas de pompons calcando seus sapatos, um sapateado endurecido, o clima está quente, faz muito calor nesse momento em Athenas, e o suor escorre nos rostos de olhar vago desses homens gigantes... Marcam a negação de um ambiente ao redor, em que o Estado pós-moderno neoliberal se reflete na hierarquia e no poder dos que se submetem ao domínio pela nobreza sustentada na força do capital.

E o povo grego em sua veemente presença, no lado oposto, gritando pelo esgotamento. A decadência da cidade e a revolta dos gregos criavam um hiato entre os excessos vividos no luxo dos turistas instalados nas ilhas gregas. Puro contraste denunciando a violência imposta pelo euro.

Em germinação, a resistência do povo grego expressava-se nas ruas ao mesmo tempo em que vários espetáculos do festival de verão aconteciam na Grécia. Havia um fio condutor nas obras: a necessidade de pôr em movimento o que ainda silenciava na voz do povo.

Uma dessas obras: A Quiet Voice

Uma dança de muitos intérpretes, que se deu com o teatro lotado. Teatro em Athenas que em 2006 passou a existir a partir da renovação da antiga fábrica Tsaosoglou para servir aos espetáculos dos festivais, a sala composta por 500 espectadores.

Ermira Goro, que esteve durante vários anos como bailarina e assistente do grupo DV8 Physical Theatre, fundado por Lloyd Nelson, apresentou-se como coreógrafa pela primeira vez no festival de Atenas nesse julho de 2014. Transformou o palco em um lugar múltiplo, a partir da diversidade de referências culturais, um lugar onde a multiplicidade de gêneros, idades, raças, com suas músicas, seus gestos, danças e culturas puderam conviver em harmonia. Conectados.

Marcas das origens perdidas e entrelaçadas em um singular ritual, com migrantes e nativos recebendo um mesmo olhar em uma produção multicultural que buscou deslocar as bordas entre nós e os outros.

Os elementos folclóricos presentes no palco trouxeram as raízes do império Otomano, ressaltando a mestiçagem que atravessa o povo grego, situando a emergência da cultura europeia ocidental no ideal da Grécia clássica, revelando o silenciamento de toda a miscigenação partícipe da cultura ocidental. Uma dança que se fez de modo a permitir que se perceba que a busca por este ideal de identidade neoclássica europeia tem colocado em risco a condição da Grécia contemporânea de poder sobreviver com seus próprios meios.

Sua coreografia nos mostra o humano na sua nudez, retirando-o de sua condição de migrante, de raça cor ou etnia e, paradoxalmente, afirmando sua origem, etnia, cor e raça. Um coletivo que se estabelece no contágio das evoluções singulares no palco. A maioria dos intérpretes não são profissionais; Goro mistura no placo bailarinos e pessoas que se dispuseram a partilhar a experimentação de se deslocar no tempo, de criar espaço a partir de suas composições corporais.

Em entrevista concedida a Minas Minatisis (2014), Ermira Goro reflete sobre seu trabalho e nos conduz a questões preciosas sobre o racismo, a migração e a condição atual dos gregos. Reproduzo a seguir um trecho da entrevista¹:

 

EG: [...] Foi impressionante o quanto eles apoiam-se mutuamente. Eles até mesmo se tornaram amigos, apesar de suas diferentes origens. Para muitos deles, foi um processo muito, muito difícil de executar. Imaginem quão desafiador era para mim também.
[...] Há liberdade na expressão artística neste show e a razão era simplesmente realista, não poderia ser de outra forma.
[...] Nossa sociedade não pode funcionar sem discriminação. Estou muito impressionada que vivemos em 2014 e ainda temos de discutir sobre discriminação. Eu mesmo às vezes acho que é uma pena que eu "tinha" de apresentar um programa sobre a discriminação social.
M.M Você está alerta em matéria de racismo em geral?
EG .: Muito.
M.M .: O que você faz com isso?
EG .: Depende da ocasião. O racismo é um absurdo.
MM: Existe alguma condição social que você escolhe para tratar como inexistente?
EG .: Muitas condições sociais ! Mesmo o fato de que sou obrigada a ter uma conta bancária!
MM: Você está planejando para trabalhar, em breve, novamente na Grécia?
EG .: As coisas evoluem . Se eu tiver algo a dizer, sim!
M.M .: Você é grega?

EG:. Sim. Não! (risos), eu também sou grega! (GORO, 2014).

 

Por isto tudo, tudo isto afeta todos nós!

Fonte:Disponível em: <https://www.google.com.br/search?q=ermira+goro+em+quiet+voice&biw=1229&bih=598&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ved=0CBwQsARqFQoTCMDo19z9sscCFcEhkAodjdwH-A.>.

Ermira Goro, nesta entrevista, não responde o que a provocou a nomear seu trabalho de Quiet Voice. Pode-se supor, no entanto, a partir do encontro com sua estética, intensa com tantas forças evoluindo no palco. Pelas linhas de expressão em confronto direto com um momento de dor na Grécia por uma homogeneidade impossível,Ermira Goro nos apresenta a origem mítica, a origem mística, a origem miscigenada do começo do mundo ocidental: um alerta delicado que nos comove pelo deslizamento das múltiplas formas intensas dos gestos e modulações dos corpos dos bailarinos intérpretes. Crianças, velhos, jovens: todos no palco em seus tempos, suas produções, suas modulações, seus frenesis, suas pacificações. Compondo espaços lúdicos, prisioneiros e libertários, nos paradoxos da existência...vozes que se tornaram silenciadas.

Fonte:Disponível em: <https://www.google.com.br/search?q=ermira+goro+em+quiet+voice&biw=1229&bih=598&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ved=0CBwQsARqFQoTCMDo19z9sscCFcEhkAodjdwH-A.>.

Assim revela a ação sutil, quase que invisível de uma matéria sobre outra, uma sutileza do próprio ato criativo que se dá em um estado de suspensão no tempo e no espaço, no entre, como uma superfície, fronteira, limiar, evocando uma imagem marginal.

 

Imersa em sua ambiência, a corporeidade se fragmenta e se dessubstancializa em contato com as outras corporeidades. [...], ocorre [assim] uma transmutação inerente ao próprio corpo enquanto agenciamento de elementos heterogêneos em estado de mudança. Todos os elementos orgânicos se desarticulam gradativamente e [...] se abrem às outras possibilidades de existência do próprio ser matérico. (CHIU YI CHIH, s/d).

Para além de nossa capacidade de captação de mundo na dimensão psicológica, ou seja, através da memória, da consciência, da percepção, da inteligência e do sentimento que só capta o visível, outro campo perceptivo pode se estabelecer através da carne: corpo em sua experiência de contágio e conexão com o mundo que se coloca no Fora², na ressonância com o espaço tempo, para além do sujeito.

O saber do corpo é o saber silenciado, saber obscuro das pequenas percepções, que fica incomunicável e ao qual só podemos ter acesso pelas experimentações corporais que são eliciadas no contado com a estranheza do mundo. A memória filogenética freudiana nos aponta para este incomunicável que se encontra no deslizamento incessante do tempo e nos capacita a compor com o inimaginável de nossa existência.

Este é o campo privilegiado da arte, sua presença pode nos fazer acessar o que está por vir e, ao mesmo tempo, paradoxalmente o que já estava lá.

Segundo o Perspectivismo – e nos aproximamos do conceito aqui, não é o sujeito quem cria o ponto de vista, mas o ponto de vista é quem cria o sujeito. Ou seja, olhamos o mundo e o que vemos já está constituído por todo um processo de subjetivação que cria o sujeito, determinando o modo como percebemos as coisas do mundo, e como o mundo percebe o sujeito.

Portanto, o ponto de vista, é o que cria o sujeito e não o contrário, ou seja, o ponto de vista não parte do sujeito, este – o sujeito, é produto do ponto de vista; devemos levar em conta que o que percebemos faz parte de um mundo já significado e que, ao mesmo tempo, o que transforma o que vemos é a possibilidade de ser constituído desde um outro ponto de vista.

Assim, incluímos a arte que, funcionando como impulsionadora da existência, ativa o campo virtual, ativa o coletivo silenciado que pode ser tangenciado através das afecções, dos blocos de sensação propiciados pela emergência de estranhos mundos ao senso comum. Torna-se um meio de evitar ser capturado pelo ponto de vista alheio que nos aliena das evidências de um campo que ultrapassa o sujeito assujeitado, inaugurando outros modos de pensabilidade.

Ultrapassar o sujeito para devir outro se torna possível se somos capazes de acessar aquilo que fica excluído de nosso campo perceptivo. Este excluído se dá através de um processo de expropriação do self da vida coletiva.

O self, segundo Winnicott, se diferencia do ego pelo fato de ser uma experiência singular do existir no tempo que é capacitada pela sensação, pela experimentação do corpo sensível senciente. O self é um si mesmo que se sente vivo no contato com as forças do mundo, em pleno atravessamento do campo intensivo; o self é corpo em devir, constitui-se através dos contágios, da contaminação realizada pelas relações estabelecidas com o ambiente.

Não se vive sem o corpo; o corpo é inseparável de nós mesmos, mas nunca se submeterá à nossa observação, ao nosso pensamento, ao nosso olhar. O corpo é meu exterior infinito e meu interior como um abismo sem fundo. O corpo é este lugar único sobre o qual se sobrecarregam, se recolhem e se curvam todas as determinações da vida, um campo de luta onde se entrecruzam forças visíveis e invisíveis de vida e morte. O corpo desconhecido, tempo que inclui todos os modos e formas de existência, tempo infinito que atravessa o corpo que dança. O tempo com seus aspectos de coagulação, de petrificação, de cristalização e de decomposição.

Ao captar uma sensação, se desfaz uma série de linhas de sentido, o que nos empurra para a busca de um entendimento do que ocorre em nossa vivência. Criamos pensamento. A obra de arte é esse deciframento de uma sensação experimentada e, por isso, produz um lugar de expressão que oferece a chance de o observador penetrar nesse outro vivido.

 

[…] el arte moderno no representaba el mundo a partir de una forma que le era trascendente, sino que descifraba los devenires del mundo en la propia inmanencia de la materia.[...] Por lo tanto, lo que cambia y se radicaliza en el arte contemporáneo es que, al trabajar cualquier materia del mundo e interferir en él directamente, se explicita de un modo más contundente que el arte es una práctica de problematización (desciframiento de signos y producción de sentido), una práctica de interferencia directa en el mundo. Precisamente en esta interferencia en la cartografía vigente actúa la práctica estética, siendo la forma indisociable de su efecto de problematización del mundo. (ROLNICK, 2006, p. 6).³

O olhar estético vai além da percepção trivial das formas visíveis, pois pela experiência estética acessamos a percepção não trivial das formas das forças (invisíveis), vemos o movimento das formas como feixes de forças, o que nos possibilitaria o acesso ao campo imanente do ser das coisas. Do mesmo modo, a passagem do plano não trivial para o plano trivial está implicada no campo de formação das formas e refere-se às sínteses cognitivas que vão do caos ao cosmo. Essa síntese se processa como uma transdução onde variações realizam torções nas imagens capturadas, permitindo-nos ressignificar o que estava fixado em uma representação.

A coreografia realizada por Ermira Goro faz emergir este outro híbrido que nos constitui, deixa ver a força de um tempo em que as variações dos corpos podem conviver em harmonia. Somos e não somos gregos. Participantes deste mercado mundial neoliberal, adoecemos ao silenciarmos nossos processos singulares de existência, ficamos como a cidade: arruinados em nossa vitalidade, impotentes frente ao massacre do capital que produz incessantemente assujeitamentos a sua lógica, anestesiados de nossos corpos ativos, do corpo que sabe.

Talvez, ou ainda certamente, essa coreógrafa, com sua dança, foi mais um elemento na complexa produção da revolta grega silenciada à resistência manifestada nas ações de um governo atual, buscando participação em uma Europa mais solidária, que gere mais condições de trabalho e de vida.

 


NOTAS:

(1)Tradução livre da autora.

(2)As relações de forças que habitam o espaço do murmúrio do discurso são compostas em espaço não estratificados, móveis; não se colocam, não estão do lado de fora dos estratos ou formações históricas, pois como campo intensivo difuso, são o Fora.

(3)O trecho correspondente na tradução é: “A arte moderna não representava o mundo a partir de uma forma transcendente e, sim decifrava os devires do mundo na própria imanência da matéria.[...] Portanto, o que muda e se radicaliza na  arte contemporânea é que, ao trabalhar qualquer matéria do mundo e interferir nele diretamente, se explicita de um modo mais contundente que a arte é uma prática de problematização (deciframento de signos e produção de sentido), uma prática de interferencia direta no  mundo. Precisamente nesta interferência na cartografia vigente atua a estética, sendo a forma indissociable de seu efeito de problematização do mundo.”(ROLNICK, 2006, p. 6).

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SZTUTMAN, R. Eduardo Viveiros de Castro. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2008. (Coleção Encontros).

CHIU YI CHIH. Disponível em:<http://www.loz2962.com/>; <http://www.loz2962.com/#!sobre-1/cgvv>; e <http://www.loz2962.com/#!landscapes/ck0q>. Acesso em: ago. 2015.

GORO, Ermira. Entrevista. Atenas, 2014. Entrevista a Minas Minatisis. Disponível em: http://www.eternaloptimist.com/section/culture/ermira-goro-quiet-voice>.  Acesso em: ago. 2015.

ROLNICK, S. A arte cura? Quadernos Portatiles. Barcelona: MACBA, 2006.

WINNICOTT, D. Da pediatria à psicanálise. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1978.

______. A natureza humana. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1990.

Ermira Goro em Quiet voice: Disponível em:

<https://www.google.com.br/search?q=ermira+goro+em+quiet+voice&biw=1229&bih=598&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ved=0CBwQsARqFQoTCMDo19z9sscCFcEhkAodjdwH-A.>.Acesso em: ago. 2015.

 

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Recebido: 23/08/2015
Aceito: 01/09/2015
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