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CULTURA DA POLÍTICA PÚBLICA

ADAIR ROCHA é Professor, escritor e ex-gestor público de cultura.

"A arte continua o melhor caminho por onde passa a sensibilidade histórica"

Paulo Delgado, em A Ruína da Linguagem, Jornal o Globo, (05.05.14)


INTRODUÇÃO

Depois de longos, densos e, por vezes, tensos 34 anos de textos e contextos que buscavam a aproximação de pressupostos e de propostas e projetos de política cultural, pode-se dizer que muito já se fez. Mas a cultura política mostra o quanto ainda há por fazer.

Há uma considerável experiência, no campo da administração local, pautada na questão territorial, isto é, aquela que faz circular a verba pública, que a população aspira por direito, com livre trânsito nos entes federados.

No entanto, há que se salientar a existência, de fato, amplamente reconhecida, do Ministério da Cultura no governo Lula, quando a mesma se consolida como política pública na sua significação mais ampla, ao tempo em que, como DIREITO. Nesse sentido, o ACESSO da diversidade cultural brasileira às verbas públicas e aos equipamentos de divulgação em rede não só rediscute as concepções em curso, como adquire estatuto de gestão territorial.

Nessa linha, a criação do PROGRAMA CULTURA VIVA, com os já populares PONTOS DE CULTURA, revoluciona as categorias direito e acesso com práticas inéditas, porque possui a marca da política pública, com uma nova cultura gestora, que pressupõe o PROTAGONISMO DA SOCIEDADE e destrói a política de BALCÃO.

Por isso, a questão que se coloca hoje já não é mais a discussão dos diferentes conceitos de cultura, o que já foi feito à exaustão. Nossa prática, como disse, aprofundou e significou a Imaginação a Serviço do Brasil.

Casada com o processo de democratização da democracia, a cultura é, certamente, a principal mediação para o estabelecimento do PROTAGONISMO SOCIAL.

O Estado do Rio, hoje, ao lado da Prefeitura de São Paulo e tantas outras, apresenta a possibilidade do passo seguinte da utopia e da potência dessa prática pública, inaugurada e desenvolvida no ritmo democrático da articulação em rede.

A ideia de retomada da proposta de EDUCAÇÃO da dupla Darcy/Brizola, (como aponta o candidato Lindberg Farias), que retoma o horário integral, o reconhecimento da importância dos educadores, ampliada com a potência comum e subjetiva das novas tecnologias e da educação em rede, casa-se perfeitamente com o CULTURA VIVA. Um PONTO DE CULTURA em cada ESCOLA torna-se um mantra. Acesso e direito materializam-se na ocupação dos espaços escolares também nos finais de semana. Os editais dos Pontos ressignificam-se na vocação diversa de cada território e de toda e cada tradição.

Uma rede de DOIS MIL PONTOS com  certeza irá provocar no estado do Rio de Janeiro uma revolução na utopia de sua significação. Sua diversidade de credo, gênero e ideologia encontra aí, na identidade de seu território, sua forma de ampliação e de consolidação democrática, mantendo, portanto, sua identidade que é sua diversidade.

Com o mote de parceria na educação, sua potencialidade se estende para a saúde e para a segurança. Isso torna a discussão das UPPs algo para além da polícia. O território da escola é o lugar da segurança de da dimensão pública, calcado no direito e no acesso. Assim, toda prática urbana torna-se mais segura e, portanto, mais saudável.

Afirme-se também a nova dimensão de poder da rede dos Pontos, porosamente distribuídos, como motor do desenvolvimento econômico com sustentabilidade política. Do Cinema às diversas linguagens da ARTE, o Rio se destaca no País. Nesse sentido, estamos vivendo um tempo singular no Brasil, mas especialmente no Rio, onde todos os pressupostos teóricos e práticos da cultura urbana, estão em pleno processo de disputa nos campos econômico, político e cultural. O que torna a palavra LEGADO um poderoso FETICHE, na mesma proporção do avanço do tripé: democracia, políticas públicas e cultura, na potência do Protagonismo Social, na sua Diversidade TERRITORIAL.

E PONTO final. Pois o Ponto é também onde tudo se inicia.

 

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