Por que não eu? Em busca de uma análise de política externa legislativa no Brasil | Why not me? Towards a legislative foreign policy analysis in Brazil

Autores

Palavras-chave:

Poder Legislativo, Métodos Computacionais, Política Externa Brasileira

Resumo

Este artigo reinscreve o Poder Legislativo brasileiro como ator relevante na política externa, por meio de uma crítica à assimilação da tese da abdicação. Embora formulada com escopo delimitado, a tese acabou cristalizada como diagnóstico generalizante, não pela intenção de seus autores, mas por obstáculos estruturais que inibiram a continuidade do debate: lacunas curriculares, carências metodológicas e ausência de repertórios capazes de captar formas diretas, indiretas ou simbólicas de atuação legislativa. Em resposta, apresentamos uma proposta de infraestrutura para sistematizar dados do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, com padronização de registros e rotinas de coleta, validação e transparência. Essa base sustenta um programa de pesquisa para reconstrução do ecossistema de observação do Legislativo na política externa, com métricas e protocolos replicáveis. Nosso objetivo não é encerrar o debate, mas reabri-lo sob novas lentes e prioridades investigativas, mostrando que silêncio, saliência e controle coexistem como estratégias graduais de supervisão e influência.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Albuquerque, R. B. D., Mesquita, R., & Lira Brito, R. V. (2022). “Obscuridade metodológica: um mapeamento da formação em métodos na pós-graduação em Relações Internacionais e áreas afins no Brasil”. Revista Brasileira de Ciência Política, (39), e258379.

Alcântara, L. (2001). “Os parlamentos e as relações internacionais”. Revista Brasileira de Política Internacional, 44, 13-21.

Anastasia, F., Mendonça, C., & Almeida, H. (2012). “Poder legislativo e política externa no Brasil: jogando com as regras”. Contexto Internacional, 34, 617-657.

Araujo, A. L., & Ferreira, G. A. G. (2024). “A produção acadêmica sobre Regionalismo no Brasil: características a partir dos resumos das teses e dissertações na área de Ciência Política e Relações Internacionais no período 1987-2021”. Carta Internacional, 19(3), e1530-e1530.

Araújo, M. G. (2024). Política externa, democracia e governabilidade: a política externa dos governos Rousseff e Temer (2015-2018) frente à crise democrática venezuelana.

Ba, H.-L. K., Schneider, B., & Sullivan, T. (2022). “The longer you wait, the longer it takes: Presidential transition planning and appointment politics”. In Congress & the Presidency (pp. 84–115). Routledge.

Barbosa, T. C. (2024). Unilateralismo e delegação de poderes: efeitos sobre a política externa no Brasil (1990-2022).

Benoit, K. (2020). “Text as data: an overview”. The SAGE handbook of research methods in political science and international relations, 461-497.

Benoit, K., Laver, M., & Mikhaylov, S. (2009). “Treating words as data with error: Uncertainty in text statements of policy positions”. American Journal of Political Science, 53(2), 495-513.

Bertholini, F., & Pereira, C. (2017). “Pagando o preço de governar: custos de gerência de coalizão no presidencialismo brasileiro”. Revista de Administração Pública, 51(4), 528-550.

Boarin, P. V. D. S. G., & Resende, C. (2018). “Lobby E Política Externa No Legislativo Brasileiro: a Comissão De Relações Exteriores E Defesa Nacional Da Câmara Dos Deputados”. CSOnline-Revista Eletrônica de Ciências Sociais, (27).

Braga, G. G. (2019). As relações entre os poderes executivo e legislativo na formulação da política externa dos Estados Unidos para a promoção da democracia durante os governos Bush e Obama.

Britez, I. A. (2019). Congresso e política externa: a ratificação do tratado sobre comércio de armas.

Campbell, D. E. (2013). “Social networks and political participation”. Annual Review of Political Science, 16(1), 33-48.

Cantarino, V. A. R., & Camargos, J. C. L. (2024). “Ideologia e preferência de política externa dos parlamentares brasileiros (2015-2022)”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 39, e39032.

Carvalho, T., Gabriel, J. P. N., & Lopes, D. B. (2021). “‘Mind the gap’: assessing differences between Brazilian and mainstream ir journals in methodological approaches”. Contexto Internacional, 43(3), 461-488.

Carvalho, T., Santos, V., & Martínez, Y. (2024). “Following the Trail of Words: Mapping the Trending Topics of Graduate Research in the Brazilian IR Scholarship (1987-2018)”. Brazilian Political Science Review, 18(1), e0003.

Castro, H. C. D. O. D., & Ranincheski, S. M. (2016). “A cultura reativa do legislativo brasileiro e as relações externas do Brasil”. GROHMANN, LUIS GUSTAVO MELLO (Org.). Comportamento e instituições políticas. Porto Alegre: Editora da UFRGS/CEGOV, 2018. [recurso eletrônico]. p. 182-214.

Cranmer, S. J. (2019). “Introduction to the Virtual Issue: Machine learning in political science”. Political Analysis, 1-9.

Cui, P., Shen, Z., Li, S., Yao, L., Li, Y., Chu, Z., & Gao, J. (2020, August). “Causal inference meets machine learning”. In Proceedings of the 26th ACM SIGKDD international conference on knowledge discovery & data mining (pp. 3527-3528).

de Castro, R. N. A. (2010). “Teorias do currículo e suas repercussões nas diretrizes curriculares dos cursos de engenharia”. Revista Educativa-Revista de Educação, 13(2), 307-322.

de Slegte, J., Van Droogenbroeck, F., Spruyt, B., Verboven, S., & Ginis, V. (2024). “The Use of Machine Learning Methods in Political Science: An In-Depth Literature Review”. Political Studies Review, 14789299241265084.

Diniz, S. (2009). “Atos internacionais e atuação do Legislativo”. Teoria & Pesquisa: Revista de Ciência Política, 18(1).

do Nascimento, V. H. A. (2012). “O papel do poder legislativo na celebração de tratados internacionais e a Constituição Federal de 1988”. Revista Direito em Discurso, 5(1), 31-43.

Duval, P. V. C. (2019). Executivo, legislativo e a política externa brasileira: um olhar sobre os governos de Dilma Rousseff.

Duval, P. V. C. (2022). Legislativo e política externa brasileira: uma explicação alternativa para o baixo engajamento parlamentar.

Feliu Ribeiro, P., & Claro, M. L. (2017). “As relações executivo e legislativo no Paraguai de Fernando Lugo (2008-2012)”. Revista Paraguay desde las Ciencias Sociales, (8), 75-101.

Feliu Ribeiro, P., & Oliveira, A. J. S. N. D. (2012). Comportamento legislativo e política externa na América Latina.

Griglio, E. (2020). “Parliamentary oversight under the Covid-19 emergency: striving against executive dominance”. The Theory and Practice of Legislation, 8(1-2), 49-70.

Grimmer, J., & Stewart, B. M. (2013). “Text as data: The promise and pitfalls of automatic content analysis methods for political texts”. Political analysis, 21(3), 267-297.

Grimmer, J., Roberts, M. E., & Stewart, B. M. (2021). “Machine learning for social science: An agnostic approach”. Annual Review of Political Science, 24(1), 395-419.

Hughes, T., & Carlson, D. (2015). “Divided government and delay in the legislative process: Evidence from important bills, 1949–2010”. American Politics Research, 43(5), 771–792. https://doi.org/10.1177/1532673X14524294

Jo, J. (2011). Now or later? A dynamic analysis of presidential appointments [Manuscript]. University of Rochester.

Kato, M. M. S. (2015). O legislativo e a política externa do Chile (2006-2014).

Kinane, C. M. (2021). “Control without confirmation: The politics of vacancies in presidential appointments”. American Political Science Review, 115(2), 599–614.

Lazer, D. (2011). “Networks in political science: Back to the future”. PS: Political Science & Politics, 44(1), 61-68

Lemos, L. B., & Llanos, M. (2007). “O Senado e as aprovações de autoridades: um estudo comparativo entre Argentina e Brasil”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 22, 115-138.

Limongi, F. D. M. P., & Figueiredo, A. C. (1999). Executivo e Legislativo na nova ordem constitucional.

Lira, N. M. M. (2016). Metodologia em Relações Internacionais: uma análise dos periódicos RBPI, Contexto Internacional e Carta Internacional em 2014.

Lopes, A. V., & Vieira, D. M. (2023). “The fix is in? Parliamentary scrutiny of appointments of the heads of Brazilian regulatory agencies”. Parliamentary Affairs, 76(3), 694–718.

Lopes, D. B., Nicolini, J. P., & Carvalho, T. (2022). “200 years of international relations in Brazil: issues, theories, and methods”. In Oxford Research Encyclopedia of International Studies.

Marsh, D., & Smith, M. J. (2001). “There is more than one way to do political science: on different ways to study policy networks”. Political studies, 49(3), 528-541.

Mattos, A. R. (2017). Poder legislativo e política externa brasileira: para além da ratificação dos acordos internacionais.

Mattos, A. R. (2018). “Legislativo e política externa brasileira: os debates recorrentes na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados de 1999 a 2015: Legislative and Brazilian foreign policy: recurrent topics in the Commission on Foreign Relations and National Defense of the Chamber of Deputies from 1999 to 2015”. Brazilian Journal of International Relations, 7(1), 174-201.

Mattos, A. R. (2021). Congresso e política externa: os casos do MERCOSUL e do NAFTA.

Milani, C. R., & Pinheiro, L. (2013). “Política externa brasileira: os desafios de sua caracterização como política pública”. Contexto internacional, 35, 11-41.

McDonnell, R. M., Duarte, G. J., & Freire, D. (2019). “Congressbr: An R Package for Analyzing Data from Brazil’s Chamber of Deputies and Federal Senate”. Latin American Research Review, 54(4), 958-969.

Moesch, F. F. (2011). A influência do Congresso Nacional na política externa do Brasil após a redemocratização e a Constituição de 1988.

Montgomery, J. M., & Olivella, S. (2018). “Tree‐Based Models for Political Science Data”. American Journal of Political Science, 62(3), 729-744.

Moreira, R. Z. (2016). Congresso e política externa: a influência do legislativo brasileiro na tramitação do Protocolo de Nagoya à Convenção da Diversidade Biológica.

Neves, J. A. D. C. (2003). “O Papel do Legislativo nas Negociações do Mercosul e da ALCA”. Contexto Internacional, 25, 103-138.

Niu, Y. S., Hao, N., & Zhang, H. (2016). “Multiple change-point detection: a selective overview”. Statistical Science, 611-623.

Olivella, S., & Shoub, K. (2020). “Machine learning in political science: Supervised learning models”. In The SAGE handbook of research methods in political science and international relations (pp. 1079-1094). SAGE Publications Ltd.

Ostrander, I. (2016). “The logic of collective inaction: Senatorial delay in executive nominations”. American Journal of Political Science, 60(4), 1063–1076.

Park, J. H., & Yamauchi, S. (2023). “Change-point detection and regularization in time series cross-sectional data análisis”. Political Analysis, 31(2), 257-277.

Pasquarelli, B. V. L. (2015). Política externa, partidos políticos e relações executivo/legislativo nas democracias presidencialistas do Brasil e do Chile.

Peixoto, L. (2024). A atuação do Congresso Nacional na Política Externa Brasileira: uma análise em quatro casos de soberania territorial.

Pelizzo, R., & Stapenhurst, F. (2013). Parliamentary oversight tools: A comparative analysis. Routledge.

Pinheiro, F. L. (2008). “Poder Legislativo e política externa: um estudo sobre a influência do Congresso Nacional do Chile na formulação da política comercial durante a década de 1990”. Contexto Internacional, 30, 89-139.

Poptcheva, E. M. (2019). “Parliamentary oversight: Challenges facing classic scrutiny instruments and the emergence of new forms of ‘steering’scrutiny”. The European Parliament in Times of EU Crisis: Dynamics and Transformations, 25-52.

Ratton Sanchez, M., da Silva, E. C., Cardoso, E. L., & Spécie, P. (2006). “Política externa como política pública: uma análise pela regulamentação constitucional brasileira (1967-1988)”. Revista de Sociologia e Política, 125-143.

Ribeiro, P. F., & Oliveira, M. L. C. (2018). “Política externa e legislativo no Paraguai do presidente Lugo”. Revista de Sociologia e Política, 26(68), 75-94.

Ribeiro, P. F., Oliveira, A. J. S. N., & Galdino, M. (2009). “Política externa chilena e espectro ideológico político-partidário: um estudo sobre a Câmara dos Deputados (2002-2006)”. Dados, 52, 835-870.

Roberts, M. E., Stewart, B. M., Tingley, D., Lucas, C., Leder‐Luis, J., Gadarian, S. K., ... & Rand, D. G. (2014). “Structural topic models for open‐ended survey responses”. American journal of political science, 58(4), 1064-1082.

Salomón, M., & Pinheiro, L. (2013). “Análise de Política Externa e Política Externa Brasileira: trajetória, desafios e possibilidades de um campo de estudos”. Revista Brasileira de Política Internacional, 56, 40-59.

Santiago, R. (2019). “Atuação ex post dos deputados brasileiros em política externa: entre a critical issue perspective e a relação executivo-legislativo”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 34, e3410108.

Santos, V. (2024). senatebR: coletando dados do Senado Federal brasileiro (No. pe6wc_v1). Center for Open Science.

Santos, V., & Lopes, D. B. (2022). “Confirmação: o lugar do Senado Federal na política externa brasileira da Nova República”. Dados, 66(4), e20200243.

Santos, V. (2025a). “Inside the Fog: Assessing Foreign Policy Expertise in the Brazilian Federal Senate”. Dados, 68(3), e20240038.

Santos, V. (2025b). “Before the Alarm Sounds: How Parliaments Manage Silence, Salience, and Control in Foreign Affairs”. Rev. Bras. Polít. Int., 68(2): e012.

Silva, A. L. R. D., & Spohr, A. P. (2016). “A relação entre executivo e legislativo na formulação de política externa no Brasil”. Relações Internacionais (Lisboa). Lisboa, Portugal. N. 50 (jun. 2016), p. 123-140.

Silva, R. S. D. (2012). A política externa brasileira analisada em três dimensões: um estudo sobre a comissão de relações exteriores e de defesa nacional da Câmara dos Deputados.

Spohr, A. P. (2020). O papel do poder legislativo na política externa brasileira: estudos acerca dos instrumentos do Congresso Nacional.

Thomazini, M. B. (2024). O impacto de um presidencialismo "não convencional" e do governo minoritário em política externa: comparação da relação executivo e legislativo entre o governo Bolsonaro e governos da Nova República (1988-2022).

Victor, J. N., Montgomery, A. H., & Lubell, M. (Eds.). (2017). The Oxford handbook of political networks. Oxford University Press.

Ward, M. D., Stovel, K., & Sacks, A. (2011). “Network analysis and political science”. Annual Review of Political Science, 14(1), 245-264.

Wilkerson, J., & Casas, A. (2017). “Large-scale computerized text analysis in political science: Opportunities and challenges”. Annual Review of Political Science, 20(1), 529-544.

Downloads

Publicado

13-10-2025

Como Citar

SILVA DOS SANTOS, Vinicius. Por que não eu? Em busca de uma análise de política externa legislativa no Brasil | Why not me? Towards a legislative foreign policy analysis in Brazil. Mural Internacional, Rio de Janeiro, v. 16, p. e92705, 2025. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/muralinternacional/article/view/92705. Acesso em: 14 out. 2025.

Edição

Seção

ARTIGOS | ARTICLES