Experimentações da Escrita: declaração de amor a um pensamento

Resumo

O artigo, inspirado na contribuição acadêmica da pesquisadora Heliana de Barros Conde, discorre sobre a experimentação de uma aposta estética e ética da escrita afirmada como experiência. Quatro cenas compõem o artigo. São fragmentos, à semelhança da arte cinematográfica e literária, que almejam, como efeitos de uma implosão, por à prova a compacidade da autoria, da emoção que diz eu. Cenas-fragmentos fundamentadas no fragmentar destrutivo proposto por Walter Benjamin e Didi-Huberman, para abrir passagens, criar encruzilhadas ao pensamento, desalojar autorias, produzir vazios para que algo aconteça no asfixiante mundo do protagonismo do eu, onde, segundo Maurice Blanchot, a agonística transtornante da porosidade inexiste. Destruição da montagem no cinema e na literatura, na qual, imagens livram-se do aprisionamento da representação, escapam do símbolo costumeiro, da banalidade do senso comum. O artigo no uso do conceito de dessubjetivação em Michel Foucault, ressalta o legado de Heliana Conde, não como herança relevante de uma pesquisadora, mas como projeto de uma experiência impessoal onde a coragem do pensamento se afirma. À luz da apropriação da escritora Maria Gabriela Llansol do conceito de amor em Gilles Deleuze, o artigo a desindividualiza, transtorna a visibilidade dos contornos do seu corpo, apresentando-a como um insurgente ato de pensar.