O projeto intertextual de Também guardamos pedras aqui: a retomada histórica-poética- -feminista da Guerra de Troia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/matraga.2024.83217

Palavras-chave:

Também guardamos pedras aqui, Intertextualidade, Ponto de vista feminista, Poesia e representação feminina, Guerra

Resumo

Este artigo propõe uma análise da obra Também guardamos pedras aqui, de Luiza Romão, na qual a slammer brasileira retoma a Ilíada, de Homero. Ao contemplar a guerra de Troia, os poemas traçam um percurso por temas que problematizam a representação da mulher, a literatura ocidental, a poesia, os feminismos, o poder e a política, propondo um imaginário decolonial que subverte a apreensão da colonização/ guerra como equiparada a um processo de civilização. A obra, vencedora do Prêmio Jabuti 2022 na Categoria Poesia, traz a imagem das pedras como instrumentos de autodefesa e de luta, em um jogo intertextual em que a palavra, a poesia podem representar pedras que mulheres – do passado e do presente – afiam para defesa, para resistência e para (re)existência nos diferentes contextos de opressão que seguem configurando múltiplas guerras enfrentadas, cotidianamente, por esse grupo minoritário.

Biografia do Autor

Karine Aragão dos Santos Freitas, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

É Doutora em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Pós-doutoranda em Estudos Culturais pela UFRJ. Bolsista de Pós-doutorado Sênior - FAPERJ.

Talita Rosetti Souza Mendes, Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (Fiocruz)

É Doutora em Estudos da Linguagem pela PUC-Rio. É Analista em Educação Profissional em Saúde e Professora-Pesquisadora na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Funda- ção Oswaldo Cruz (FIOCRUZ).

Referências

ALEKSIÉVITCH, Svetlana. A guerra não tem rosto de mulher. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

ALLIEZ, Éric; LAZZARATO, Maurizio. Guerras e Capital. São Paulo: Ubu Editora, 2021.

BUTLER, Judith. Vida Precária. Revista Contemporânea. Dossiê Diferenças e (Des)Igualdades. v. 1 n. 1, p.13-33, jan./jun. 2011.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: Feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2003.

COMPAGNOM, Antoine. O Demônio da Teoria: Literatura e senso comum. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1999.

CRUZ, Mária. Também guardamos pedras aqui: questões atuais a partir da Ilíada. Estado de Minas, Minas Gerais, 30 dezembro 2022. Disponível em:

<https://www.em.com.br/app/noticia/pensar/2022/12/30/interna_pensar,1438731/tambem-guardamos-pe¬dras-aqui-debate-questoes-atuais-a-partir-da-iliada.shtml>. Acesso em: 20 março 2024.

CURIEL, Ochy. Construindo metodologias feministas a partir do feminismo decolonial. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de. (Orgs.). Pensamento feminista hoje: perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do tempo, 2020. p. 121-138.

HARAWAY, Donna. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu, Campinas, SP, n. 5, p. 7-41, 2009.

HOMERO. Ilíada. Tradução por Trajano Vieira. São Paulo: Editora 34, 2020.

LUGONES, María. Colonialidade e gênero. Tábula Rasa. Bogotá. nº 9, p 73-101, jul./dez, 2008.

LUGONES, María. Rumo a um feminismo descolonial. Revista Estudos Feministas, [S. l.], v. 22, n. 3, p. 935- 952, 2014.

NEVES, Cynthia. Slams - letramentos literários de reexistência ao/no mundo contemporâneo. Linha D’Água, [S. l.], v. 30, n. 2, p. 92–112, 2017.

ROMÃO, Luiza. Também guardamos pedras aqui. São Paulo: Editora Nós, 2021.

SCHWARCZ, Lilia. Sobre o autoritarismo brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

SCHWARCZ, Lilia; STARLING, Heloísa M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

WOLF, Christa. Voraussetzungen einer Erzählung: Kassandra. München: Dtv, 1993.

Downloads

Publicado

2024-09-29

Como Citar

Aragão dos Santos Freitas, K., & Rosetti Souza Mendes, T. (2024). O projeto intertextual de Também guardamos pedras aqui: a retomada histórica-poética- -feminista da Guerra de Troia. Matraga - Revista Do Programa De Pós-Graduação Em Letras Da UERJ, 31(63), 519–533. https://doi.org/10.12957/matraga.2024.83217

Edição

Seção

Estudos Literários