Notas sobre O castelo de Franz Kafka: temporalidade subjuntiva e comunidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/matraga.2023.73461

Palavras-chave:

Modernidade, Teoria literária, Temporalidade, Franz Kafka

Resumo

O ensaio parte de uma análise formal da temporalidade kafkiana em O castelo, mostrando como seu uso acentuado do modo subjuntivo, entre outras estratégias narrativas, ajuda a produzir o efeito insólito característico do romance. A narração em terceira pessoa, mas colada à experiência de K., descreve acontecimentos do enredo para em seguida colocá-los em dúvida, a partir de hipóteses e suposições hiperinterpretadas a partir do ponto de vista de um estranho àquela comunidade. Os fatos se esfarelam diante daquele que busca uma confirmação formal do direito de permanecer. Assim, representando e exagerando até o absurdo características marcantes da temporalidade moderna, Kafka consegue produzir um foco narrativo original que descreve a posição de insegurança, ontológica e metafísica, de figuras históricas afetadas pelas grandes guerras, como os refugiados e os imigrantes, que o protagonista K. de certa forma encarna.

Biografia do Autor

Tomaz Amorim Izabel, Universidade de São Paulo (USP)

É poeta e crítico literário. É doutor em Teoria Literária e Literatura Comparada pela USP (2018), fez estágios de pós-doutorado na Unicamp e na Freie Universität de Berlim. É coordenador aca- dêmico do Mecila – o Maria Sibylla Merian Centre Conviviality-Inequality in Latin America. Publicou Plástico pluma (Urutau) e meia lua soco (Primata).

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Publicado

2023-10-18

Como Citar

Izabel, T. A. (2023). Notas sobre O castelo de Franz Kafka: temporalidade subjuntiva e comunidade. Matraga - Revista Do Programa De Pós-Graduação Em Letras Da UERJ, 30(60), 568–582. https://doi.org/10.12957/matraga.2023.73461