Camp? Cauby! Entre o conceito e o encanto

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/matraga.2020.48107

Palavras-chave:

Camp, Cauby Peixoto, crítica literária, canção, Performance

Resumo

No ensaio “Notes on camp”, de 1964, Susan Sontag trouxe para os debates acadêmicos a noção e o termo “camp”, designando um conjunto de práticas e valores da estética visual e performática então em voga no universo gay de Nova York. A cultura camp desenvolveu-se nas décadas seguintes e parece ter ganho novo vigor nos últimos anos, como mostrou o Met Gala de 2019, ao eleger o tema “Camp in Fashion”. É difícil definir precisamente essa noção, atravessada por fatores subjetivos, como o gosto, e por questões ligadas à inserção sociocultural de objetos e observadores. O presente ensaio baseia-se principalmente no texto de Sontag e no “Terceiro manifesto camp” (2002), de Denilson Lopes, para elaborar aproximações ao conceito de camp. Por outro lado, a fim de perceber o modo como o estilo considerado camp é capaz de seduzir seus receptores, analisa o caso do cantor Cauby Peixoto, com seu amaneiramento, seus excessos e ambiguidades, sua voz privilegiada e suas fãs enlouquecidas. Com base em dados teóricos e históricos, mas também na experiência pessoal de assistir ao intérprete em cena, tento analisar a arte de Cauby e discutir se a noção de camp é adequada para caracterizá-la. Os impasses e aporias dessa discussão podem levar-nos a repensar certas posturas e funções da crítica diante dos objetos que pesquisa: como lidar com os encantos que problematizam e desafiam conceitos estéticos academicamente consagrados, sem rejeitar o encantamento nem renunciar à conceituação?

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Biografia do Autor

Cláudia Neiva de Matos, Universidade Federal Fluminense (UFF)

Docente da Pós-graduação em Letras da UFF e pesquisadora associada do PACC/UFRJ. Vicepresidente da Seção Latinoamericana da International Association for Study of Popular Music (IASPM-AL) e bolsista de produtividade científica do CNPq. Possui graduação em Português-Literaturas pela UFRJ (1975), graduação em Língua e Literatura Francesa pela Associação de Cultura Franco Brasileira (Université de Nancy III) (1973), mestrado e doutorado em Letras pela PUC-Rio (1981; 1991), e pós-doutorado em Estudos Culturais pelo PACC/ UFRJ. Publicou, entre outros, os livros: Acertei no milhar: samba e malandragem no tempo de Getúlio (1982), Gentis guerreiros: o indianismo de Gonçalves Dias (1988), A poesia popular na República das Letras: Sílvio Romero folclorista (1994). Como organizadora e co- -organizadora, publicou Antologia da Floresta: literatura selecionada e ilustrada pelos professores indígenas do Acre (1997), Poesia hoje (com C.Pedrosa, 1998), Ao encontro da palavra cantada: poesia, música e voz (com E. Travassos e F. T. Medeiros, 2001), Palavra cantada: ensaios sobre poesia, música e voz (com E. Travassos e F. T. Medeiros, 2008) e Palavra cantada: ensaios transdisciplinares (com F.T. Medeiros e L. Davino, 2014), entre outros títulos.

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Publicado

2020-04-30

Como Citar

MATOS, Cláudia Neiva de. Camp? Cauby! Entre o conceito e o encanto. Matraga - Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da UERJ, Rio de Janeiro, v. 27, n. 49, p. 156–188, 2020. DOI: 10.12957/matraga.2020.48107. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/matraga/article/view/48107. Acesso em: 14 maio. 2025.

Edição

Seção

Estudos Literários