A aquisição do padrão acentual e o <i>input</i>
DOI:
https://doi.org/10.12957/matraga.2017.28708Palavras-chave:
aquisição de padrões de acento lexical, input, frequência de usoResumo
A maioria dos estudos lidando com os padrões prosódicos das primeiras palavras, nas últimas décadas, encontraram uma tendência trocaica (forte-fraco) nas línguas. Uma linha de explicação para esta tendência é que os troqueus resultam de um valor default ´esquerda´ para o parâmetro do núcleo do pé (e.g. DRESHER 1992, FIKKERT 1994). Entretanto, como muitos destes estudos discutem línguas que são trocaicas na forma adulta (e.g. inglês, holandês), é difícil separar se os troqueus iniciais são devidos ao valor default ou se refletem o padrão da língua alvo. Além disso, alguns estudos têm demonstrado que nem sempre as crianças apresentam uma tendência trocaica (e.g. DEMUTH 1996). O português brasileiro se torna então uma língua muito interessante a se analisar, pois, de um lado, apresenta mais troqueus do que iambos (fraco-forte) na fala adulta; e por outro, as crianças começam produzindo mais iambos do que troqueus (e.g. SANTOS 2001, 2007, BONILHA 2005, BAIA 2008). Alguém poderia argumentar que esta tendência iâmbica inesperada nos dados iniciais de português é consistente com a frequência de palavras multissilábicas na língua ambiente (e.g. KEHOE 1999, ROARK & DEMUTH 2000, PRIETO 2006). Neste artigo, colocamos esta explicação alternativa à prova, analisando dados de 2 crianças adquirindo português brasileiro, bem como de seus interlocutores. Se a análise defendendo a influência da fala dirigida à criança (FDC) estiver correta, deveríamos esperar encontrar mais iambos do que troqueus em FDC, dado que análises prévias de dados de crianças adquirindo português brasileiro encontraram uma tendência iâmbica. Os resultados, no entanto, mostram que FDC apresentam um padrão distribucional diferente da fala adulta, mas ainda assim há mais troqueus que iambos. Além disso, a produção infantil apresenta uma distribuição de padrões prosódicos diferente do FDC. Logo, FDC não pode explicar os padrões prosódicos iniciais do português brasileiro. Adicionalmente, os resultados mostram que as crianças não estão evitando nenhum padrão acentual específico na sua seleção lexical, nem evitando algum padrão na sua produção. Em suma, nossos resultados claramente descartam a hipótese de que os padrões prosódicos infantis refletem a distribuição dos padrões prosódicos em FDC.
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