Autódromo de Deodoro ou Floresta do Camboatá: redes tecnopolíticas no território

Autores

Palavras-chave:

redes tecnopolíticas, autódromo, floresta, direito à cidade, globalização

Resumo

A construção do Autódromo de Deodoro implicava o desmatamento da Floresta do Camboatá, último remanescente da variante de terras baixas do bioma Mata Atlântica no Município do Rio de Janeiro. A resistência ao projeto, articulada pelo movimento social SOS Floresta do Camboatá por mais de dez anos, desenvolveu estratégias de ação associadas ao avanço da inovação tecnológica na comunicação. O estudo do conflito levou-nos a reconstruir analiticamente duas redes de ação antagônicas: a Rede do Autódromo e a Rede da Floresta. Ambas são formadas por atores da sociedade civil, do Estado e agentes internacionais. Metodologicamente, foram aplicados categorias e conceitos na interdisciplinaridade, visando examinar como as duas redes se organizaram no espaço vital e no espaço virtual. O levantamento de dados foi realizado pela elaboração de uma cronologia da ação sobre os fatos políticos de cada rede, no período de 2008 a 2022. Entre elas se define um conflito: por um lado, a Rede do Autódromo, que incluí corporações do capital internacional para transformar o espaço urbano em recurso, para a acumulação de capital; e, por outro lado, a Rede da Floresta, que se forma com a participação de cidadãos locais e faz a defesa de abrigo, pelo direito à cidade.  

Biografia do Autor

Juan Manuel Salmentón, IPPUR - UFRJ

Mestrando do IPPUR/UFRJ. Arquiteto e urbanista pela FADU/UdelaR (Faculdad de Arquitectura, Diseño y Urbanismo, Universidad de la República - Uruguai)  

Tamara Tania Cohen Egler, IPPUR/UFRJ

Professora titular do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional, Universidade Federal do Rio de Janeiro - IPPUR/UFRJ, pesquisadora do CNPq e da FAPERJ, coordena o Laboratório Estado, Sociedade, Tecnologia e Espaço e o INCT Política Pública, Inovação e Desenvolvimento Urbano.

Referências

CASTELLS, Manuel.

(1983 [1974]). A questão urbana. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

(2013 [2012]). Redes de indignação e esperança. Movimentos sociais na era da internet. Rio de Janeiro: Zahar.

DAVIES, Frank Andrew.

(2022). Urbanismo militar na "região olímpica": dinâmicas de produção do espaço para além dos megaeventos. Interseções, set. 2020; vol.22, n.2, pp. 249-263. doi: 0.12957/irei.2020.54486

EGLER, Tamara Tania Cohen; DA SILVA, Heitor Ney Mathias; KRAUS, Lalita.

(2020). A Rede Olímpica nos Jogos do Rio de Janeiro / The Olympico network in the games of Rio de Janeiro. Brazilian Journal of Development, vol. 6, n.8, 58553–58579. Disponível em: https://doi.org/10.34117/bjdv6n8-314

EGLER, Tamara Tania Cohen. (org.).

(2007). Ciberpólis: redes no governo da cidade. Rio de Janeiro: 7 Letras.

EGLER, Tamara Tania Cohen.

(2010). Redes tecnossociais e democratização das políticas públicas. Sociologias (UFRGS, impresso), p. 208-236.

EGLER, Tamara Tania Cohen; PEREIRA, Thiago Costa.

(2020).Rede na manipulação da democracia no Brasil. Espaço e Economia, v. IX, p. 1.

EMPOLI, Giuliano Da.

(2019). Os engenheiros do caos. São Paulo: Vestígio.

GATE-MPRJ.

(2020). Parecer do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro sobre o EIA-RIMA do Autódromo. Informação Técnica n. 251.

GRAMSCI, Antonio.

(1988). Maquiavel, a política e o estado moderno. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

HARVEY, David.

(1992). A condição pós-moderna. São Paulo: Loyola.

(1980). A justiça social e a cidade. São Paulo: Hucitec.

(jul. dez.2012[2008]. O direito à cidade. Lutas Sociais, São Paulo, n. 29, p. 73-89.

LEFEBVRE, Henri.

(2011 [1968]). O direito à cidade. São Paulo: Centauro.

LATOUR, Bruno.

(1994). Jamais fomos modernos: ensaio de antropologia simétrica. Rio de Janeiro: Editora 34.

(2012). Reagregando o social: uma introdução à teoria do Ator-rede. Salvador: Edufba.

MIRAFTAB, Faranak.

(set./dez., 2016). Insurgência, planejamento e a perspectiva de um urbanismo humano. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, vol. 18, n. 3, p. 363-377.

PESSANHA, Roberto Moraes.

(2019). A “indústria” dos fundos financeiros: potência, estratégias e mobilidade no capitalismo contemporâneo. Rio de Janeiro: Consequência.

PRECIADO, P. B.

(2014 [2004]). Manifesto contrassexual. São Paulo: n-1 edições.

RIBEIRO, Ana Clara Torres.

(2006). A cidade neoliberal: crise societária e caminhos da ação. Revista OSAL, Observatório Social de América Latina, ano VII, n. 21, p. 21-32.

(2013) Por uma Sociologia do presente. Ação, técnica e espaço. vol. 5. Rio de Janeiro: Letra Capital.

(2014). Teorias da Ação. Rio de Janeiro: Letra Capital.

SADER, Eder.

(1988). Quando novos personagens entram em cena. São Paulo: Paz e Terra.

SALMENTÓN, Juan Manuel.

(2023). Floresta do Camboatá: uma floresta ciborgue. Dissertação (Mestrado em Planejamento Urbano e Regional) defendida no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR) da UFRJ.

SANTOS, Milton.

(2006 [1996]). A natureza do espaço. Técnica e tempo. Razão e emoção. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo.

SHARMA, Aradhana; GUPTA, Akhil.

(2006). Introduction: rethinking theories of the state in an age of globalization. In: Sharma; Gupta (orgs.). The Anthropology of the State: A Reader. Hoboken, EUA: Blackwell Publishing.

SILVA, Patrícia.

(jul/dez. 2018). A virada sociomaterialista e a agência dos não-humanos. Conhecimento em Ação, vol. 2, n. 3, p. 70-90.

VILLAÇA, Flavio.

(1985). A terra como capital (ou terra-localização). Espaço & Debates, Ano V, n. 16, p. 5-14.

Downloads

Publicado

2025-01-30

Como Citar

Salmentón, J. M., & Cohen Egler, T. T. (2025). Autódromo de Deodoro ou Floresta do Camboatá: redes tecnopolíticas no território. Interseções: Revista De Estudos Interdisciplinares, 26(2). Recuperado de https://www.e-publicacoes.uerj.br/intersecoes/article/view/79730