Autódromo de Deodoro ou Floresta do Camboatá: redes tecnopolíticas no território
Palavras-chave:
redes tecnopolíticas, autódromo, floresta, direito à cidade, globalizaçãoResumo
A construção do Autódromo de Deodoro implicava o desmatamento da Floresta do Camboatá, último remanescente da variante de terras baixas do bioma Mata Atlântica no Município do Rio de Janeiro. A resistência ao projeto, articulada pelo movimento social SOS Floresta do Camboatá por mais de dez anos, desenvolveu estratégias de ação associadas ao avanço da inovação tecnológica na comunicação. O estudo do conflito levou-nos a reconstruir analiticamente duas redes de ação antagônicas: a Rede do Autódromo e a Rede da Floresta. Ambas são formadas por atores da sociedade civil, do Estado e agentes internacionais. Metodologicamente, foram aplicados categorias e conceitos na interdisciplinaridade, visando examinar como as duas redes se organizaram no espaço vital e no espaço virtual. O levantamento de dados foi realizado pela elaboração de uma cronologia da ação sobre os fatos políticos de cada rede, no período de 2008 a 2022. Entre elas se define um conflito: por um lado, a Rede do Autódromo, que incluí corporações do capital internacional para transformar o espaço urbano em recurso, para a acumulação de capital; e, por outro lado, a Rede da Floresta, que se forma com a participação de cidadãos locais e faz a defesa de abrigo, pelo direito à cidade.
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