Castello Branco contra a “ameaça vermelha”: nacionalismo, realismo e desenvolvimento no pensamento conservador de Humberto Castello Branco (1946-1964)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/irei.2023.79658

Palavras-chave:

ideologias políticas, pensamento político brasileiro, conservadorismo, pensamento militar

Resumo

A partir da abordagem de Michael Freeden sobre ideologias políticas e das contribuições de Reinhart Koselleck e François Hartog sobre o papel da historicidade na modernidade política, este artigo pretende analisar o pensamento conservador de Humberto Castello Branco. O ator político ficou célebre na história política brasileira por ter sido o primeiro presidente após o golpe de 1964, entretanto, nossa hipótese é de que é preciso buscar nos anos anteriores o conjunto de valores de ordem política que orientaram a ditadura militar. Neste texto, buscaremos preencher essa lacuna através de como Castello Branco os tratava em seus discursos e anotações de aulas na Escola do Estado-maior do Exército. A nosso ver, é central compreender como o militar entendia as noções de realismo, nacionalismo e desenvolvimento e as articulava com sua visão de mundo conservadora e anticomunista. Como resultado da pesquisa, concluímos que se tratava de uma forma conservadora de entender o nacional-desenvolvimentismo e que, em contexto de Guerra Fria, buscava se alinhar com os EUA.

 

Biografia do Autor

Helio Maurício Pirajá Cannone, Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP/UERJ)

Bacharel e Licenciado em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Atualmente  é Mestre e Doutorando em Ciência Política no Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP/UERJ) na linha de pesquisa de Pensamento político brasileiro.

Referências

ABREU, Marcelo Paiva (org.).

(1990). A ordem do Progresso: cem anos de política econômica republicana (1889-1989). Rio de Janeiro: Elsevier.

REIS, Daniel Aarão; RIDENTI, Marcelo; MOTTA; Rodrigo Patto Sá (orgs.).

(2014). A ditadura que mudou o Brasil: 50 anos do golpe de 1964. Rio de Janeiro: Zahar.

BIELSCHOWSKY, Ricardo.

(2004). Pensamento econômico brasileiro: o ciclo ideológico do desenvolvimentismo. Rio de Janeiro: Contraponto.

BURKE, Edmund.

(2014). Reflexões sobre a revolução na França. Tradução de José Miguel Nanni Soares. São Paulo: Edipro.

CANO, Wilson.

(2015). “Crise e industrialização no Brasil entre 1929 e 1954”: a reconstrução do Estado Nacional e a política nacional de desenvolvimento. Revista de economia política, n. 35, vol. 3.

CASSIMIRO, Paulo Henrique Paschoeto.

(2020). A liberdade na república dos modernos: teoria e história do liberalismo político francês (1789-1848). Rio de Janeiro: EdUERJ.

CASTELLO BRANCO, Humberto.

(1968). Marechal Castello Branco: seu pensamento militar. SANTOS, Francisco Ruas (org.). Rio de Janeiro: Imprensa do exército.

PRADO JR., Caio.

(2014). A revolução brasileira/ A questão agrária no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras.

D’ARAÚJO, Maria Celina; SOARES, Gláucio; CASTRO, Celso.

(1994). Visões do golpe: 12 depoimentos de oficiais que articularam o golpe militar de 1964. Rio de Janeiro: CPDOC.

FICO, Carlos.

(2001). Como eles agiam: os subterrâneos da ditadura militar: espionagem e polícia política. Rio de Janeiro: Record.

FURTADO, Celso.

(1962). A pré-revolução brasileira. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura.

FIGUEIREDO, Argelina Cheihub.

(1993). Democracia ou reformas? Alternativas democráticas à crise política. 1961-1964. São Paulo: Paz e Terra.

FREEDEN, Michael.

(2006). Ideologies and political theory. A conceptual approach. Oxford: Clarendon Press.

FONSECA, Pedro César Dutra.

(2015, jul.). Desenvolvimento: a construção do conceito. In: IPEA. Texto para Discussão, n. 2103.

RAMOS, Alberto Guerreiro.

(1960). O problema nacional do Brasil. Rio de Janeiro: Saga.

HARTOG, François.

(2013). Regimes de historicidade: presenteísmo e experiências de tempo. Tradução de André Souza de Menezes, Bruna Beffart, Camila Rocha de Moraes, Maria Cristina de Alencar Silva e Maria Helena Martins. Belo Horizonte: Autêntica.

KOSELLECK, Reinnhart; MEIER, Chrisrtian; GUNTHER, Horst; ENGELS, Odilo.

(2013). O conceito de história. Tradução de René Gertz. Belo Horizonte: Autêntica.

LYNCH, Christian Edward Cyril.

(2016, jan.-abr.). Cartografia do pensamento político brasileiro: Conceito, história, abordagens. Revista Brasileira de Ciência Política, n. 19. Brasília, p. 75-119.

(2013). Por que pensamento e não teoria? A imaginação político-social brasileira e o fantasma da condição periférica. Revista Dados, Rio de Janeiro, v. 56, n. 4, p. 727-766.

MANNHEIM, Karl.

(1981). O pensamento conservador. In: MARTINS, José de Souza (org.). Introdução à Sociologia Rural. São Paulo.

MOTTA, Rodrigo Patto Sá.

(2020). Em guarda contra o perigo vermelho: o anticomunismo no Brasilk (1917-1964). Niterói? EDUFF.

POCOCK, John Greville Agard.

(1981, dez.). The Reconstruction of Discourse: Towards the Historiography of Political Thought. Comparative literature, v. 96, n. 5, p. 959-980.

(2003). O conceito de linguagem e o métier d’historien. In:_____. Linguagens do ideário político. São Paulo: EDUSP.

SANTOS, Wanderley Guilherme dos.

(1970). Raízes da Imaginação Política Brasileira. Revista Dados, Rio de Janeiro, IUPERJ, n. 7.

(2017). A Imaginação Política Brasileira: cinco ensaios de história intelectual. Organização de Christian Edward Cyril Lynch. Rio de Janeiro: Revan.

SILVA, Golbery do Couto e.

(1957). Aspectos geopolíticos do Brasil. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército.

(1981). Conjuntura política nacional o poder executivo & Geopolítica do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio.

REZNIK, Luís.

(2000). Democracia e Segurança Nacional: A polícia política nos pós Segunda Guerra Mundial. Tese de Doutorado. Rio de Janeiro: Instituto Universitário de Pesquisas.

SCHMITT, Carl.

(2013). Dictatorship. Cambridge: Polity Press.

(2006). Teologia Política. Belo Horizonte: Del Rey..

TÁVORA, Juarez.

(1955). Petróleo para o Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio.

(1956). Produção para o Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio.

(1962). Uma política de desenvolvimento para o Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio.

VASCONCELOS, Cláudio Beserra de.

(2018). Repressão a militares na ditadura pós-1964. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional.

VICENT, Andrew.

(2013). “Nationalism”. In: FREEDEN, Michael; TOWER SARGENT, Lyman; STEARS, Marc. The oxford handbook of political ideologies. Oxford: Oxford University Press.

Publicado

2024-07-10

Como Citar

Cannone, H. M. P. (2024). Castello Branco contra a “ameaça vermelha”: nacionalismo, realismo e desenvolvimento no pensamento conservador de Humberto Castello Branco (1946-1964). Interseções: Revista De Estudos Interdisciplinares, 25(3). https://doi.org/10.12957/irei.2023.79658