O divórcio das teorias do aprendizado e a escola: reflexões gerais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/irei.2023.71931

Palavras-chave:

Teorias da Aprendizagem, Educação Informal, Aprender a Aprender, Neoliberalismo e Educação, Conhecimento.

Resumo

Este artigo expõe uma reflexão acerca de uma separação entre as teorias do aprendizado e a instituição escolar. O caráter do trabalho é o de uma análise teórica realizada através de uma revisão brevemente histórica e outra contextual de teorias contemporâneas do aprendizado, de modo a refletir sobre os diversos meandros presentes nesta produção, através de sua importância ao discutir processos de aprendizagem que ocorrem fora do ambiente escolar, ou, então, ao debater os modos como teorias do aprendizado que focam no “aprender a aprender”, cada vez mais frequentes no Brasil, apresentam certos perigos, quando não lidas criticamente. Por fim, apresentam-se alguns caminhos de pesquisa que podem ser desenvolvidos a partir do debatido neste paper.

Biografia do Autor

Leonardo Henrique Brandão Monteiro, Universidade Federal de São Carlos

Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de São Carlos, com período de doutorado sanduíche na Santa Clara University.

Referências

ADORNO, Theodor.

(1999). Tabus a respeito do professor. In: ZUIN, Antonio Álvaro Soares; PUCCI, Bruno; RAMOS-DE-OLIVEIRA, Newton (org.). Adorno: o poder educativo do pensamento crítico. Petropólis: Editora Vozes, p. 157–176.

ALHEIT, Peter.

(2013). Aprendizagem Biográgica: dentro do novo discurso da aprendizagem ao longo da vida. In: ILLERIS, Knud (org.). Teorias Contemporâneas da Aprendizagem. Porto Alegre, Penso, p. 138–152.

ALHEIT, Peter; DAUSIEN, Bettina.

(2006). Processo de formação e aprendizagens ao longo da vida. Educação e Pesquisa, v. 32, n. 1, p. 177–197.

ARENDT, Hannah.

(2005). Entre o Passado e Futuro. São Paulo: Perspectiva, 2005.

AVELAR, Marina; BALL, Stephen.

(2019). Mapping new philanthropy and the heterarchical state: The Mobilization for the National Learning Standards in Brazil. International Journal of Educational Development, v. 64, p. 65–73.

BALL, Stephen.

(2018) Global Education Policy: reform and profit. Revista de Estudios Teóricos y Epistemológicos en Política Educativa, v. 3, p. 1–14.

BÉLANGER, Paul.

(2011). Theories in Adult Learning and Education. Leverkusen, Barbara Budrich Publishers.

BIESTA, Gert.

(2018). Interrupting the politics of learning. In: ILLERIS, Knud (org.). Contemporary Theories of Learning: Learning theorists... in their own words. London e New York, Routledge, p. 243–259.

BOEKAERTS, Monique.

(1999). Self-regulated learning: Where we are today. International Journal of Educational Research, v. 31, n. 6, p. 445–457.

CANÁRIO, Rui.

(2000). A “aprendizagem ao longo da vida”. Análise crítica de um conceito e de uma política. Psicol. Educ., n. 10/11, p. 29–52.

CECHINEL, André.

(2019). Semiformação Literária: a instrumentalização da literatura na nova BNCC. Educação & Realidade, v. 44, n. 4, p. 1–13.

CHARLOT, Bernard.

(2000). Da Relação com o saber: Elementos para uma teoria. Porto Alegre, Artmed.

CHAVES, Priscila Monteiro.

(2021). Uma base para a semiformação socializada: a vulgarização da crítica como estratégia de produção do consenso. Educação em Revista, v. 37, p. 1–17.

CIERVO, Tássia Joana Rodrigues.

(2019). A centralidade das competências socioemocionais nas políticas curriculares contemporâneas no Brasil. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Rio dos Sinos (UNISINOS).

DELORS, Jacques et al.

(1998). Educação um tesouro a descobrir: Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre educação para o século XXI. São Paulo, Cortez/UNESCO.

DUARTE, Newton.

(2001). O construtivismo: suas muitas faces, suas filiações e suas interfaces com outros modismos. Revista Brasileira de Educação, v. 18.

DURKHEIM, Émile.

(2011). Educação e Sociologia. Petropólis: Vozes.

ENGERSTRÖM, Yrjö.

(2013). Aprendizagem expansiva: por uma reconceituação pela teoria da atividade. In: ILLERIS, Knud (org.). Teorias Contemporâneas da Aprendizagem. Porto Alegre, Penso, p. 68–90.

ERAUT, Michael

(2000). Non-formal learning and tacit knowledge in professional work. British Journal of Educational Psychology, v. 70, n. 1, p. 113–136.

ESTORMOVSKI, Renata Cecilia.

(2023). Antigos atores, novas propostas: o IAS como protagonista na promoção das competências socioemocionais na Educação Básica brasileira. Revista de Estudios Teóricos y Epistemológicos en Política Educativa, v. 8, p. 1–14.

FIELD, John.

(2005). Social Capital and Lifelong learning. Bristol, The Policy Press.

FIELD, John; LEICESTER, Mal.

(2000). Lifelong Learning: Education Across the Lifespan. [s.l.], Taylor and Francis Routledge.

FOUCAULT, Michel.

(2015). Microfísica do Poder. Rio de Janeiro, Paz e Terra.

FREIRE, Paulo.

(2015). Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

GAMA, Ana Cláudia Soares.

(2013). Competência informacional: aprendizado individual ao longo da vida. Tese de Doutorado apresentado a Faculdade de Ciência da Informação da Universidade de Brasília.

GOERGEN, Pedro.

(2018). Violência sistêmica e educação. Roteiro, v. 43, n. 2, p. 385–410.

HAGER, Paul; HALLIDAY, John.

(2007). Recovering Informal Learning: Wisdom, judgement and community. Dordrecht, Springer.

HYPOLITO, Álvaro Moreira.

(2019). BNCC, Agenda Global E Formação Docente. Retratos da Escola, v. 13, n. 25, p. 187–201.

ILLERIS, Knud.

(2013). Uma compreensão abrangente sobre a aprendizagem humana. In: ILLERIS, Knud (org.). Teorias Contemporâneas da Aprendizagem. Porto Alegre, Penso, p. 7–14.

ILLERIS, Knud.

(2007). How We Learn: Learning and non-learning. London e New York, Routledge.

INGOLD, Tim.

(2015). Estar Vivo: Ensaios sobre movimento, conhecimento e descrição. Petropólis: Vozes.

KAWAGOE, Akemi Leandra.

(2019). O que aprendemos em silêncio: aprendizagem informal e ecossistemas de aprendizagem. Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de PósGraduação em Design da Universidade de Brasília.

LANDRUM, Asheley; OLSHANSKY, Alex; RICHARDS, Othello.

(2021). Differential susceptibility to misleading flat earth arguments on youtube. Media Psychology, v. 24, n. 1, p. 136–165.

LANDRUM, Asheley; OLSHANSKY, Alex.

(2019). The role of conspiracy mentality in denial of science and susceptibility to viral deception about science. Politics and the Life Sciences, v. 38, n. 2, p. 193–209.

LAVAL, Christian.

(2019). A escola não é uma empresa: o neoliberalismo em ataque ao ensino público. São Paulo, Boitempo.

LAVE, Jean.

(2013). A prática da Aprendizagem. In: ILLERIS, Knud (org.). Teorias Contemporâneas da Aprendizagem. Porto Alegre, Penso, p. 235–245.

LIVINGSTONE, D. W.

(2001) Adults’ Informal Learning: Definitions, Findings, Gaps, and Future Research. In: Nall: new approaches to lifelong learning. Ontario, Centre for the Study of Education and Work, Department of Sociology and Equity Studies in Education, p. 41-89.

LOUREIRO, Carine Bueira; KLAUS, Viviane; CAMPESATO, Maria Alice.

(2019). Tecnologias digitais, inovação e aprendizagem: relações com o empresariamento da educação. Educação e Cultura Contemporânea, v. 16, n. 43, p. 235–260.

MARTIN-BARBERO, Jesús.

(1997). Dos Meios às Mediações: Comunicação, cultura e hegemonia. Rio de Janeiro, Editora da UFRJ.

MERRIAM, Sharan.

(2018). Adult learning theory: evolution and future directions. In: ILLERIS, Knud (org.). Contemporary Theories of Learning: Learning theorists... in their own words. London e New York: Routledge, p. 83–96.

MEZIROW, Jack.

(2013). Visão geral sobre a aprendizagem transformadora. In: ILLERIS, Knud (org.). Teorias Contemporâneas da Aprendizagem. Porto Alegre: Penso. p. 109–126.

MIGNOLO, Walter.

(2003). Histórias Locais/Projetos Globais. Belo Horizonte, Editora UFMG.

MOLETTA, Andréia Fernanda; MENDES, Felipe Goedert; DE ANGELONI BORGES, Luciana; GALATTI, Larissa Rafaela.

(2019). Treinadores e treinadoras de basquetebol de Santa Catarina: o desenvolvimento da aprendizagem formal, informal e não-formal. E-balonmano.com: Revista de Ciencias del Deporte, v. 15, p. 197–206.

NABI, Rafat; ROGERS, Alan; STREET, Brian.

(2009). Hidden Literacies: Ethnographic studies of literacy and. Bury St. Edmunds, Uppingham Press.

PERONI, Vera Maria Vidal; COMERLATTO, Luciani Paz.

(2017). Parceria público-privada e a gestão da educação: o Programa Gestão Nota 10 do Instituto Ayrton Senna. Perspectiva, v. 35, n. 1, p. 113–133.

PINEAU, Pablo.

(2008). Como a noite engendra o dia e o dia engendra a noite Revisando o vínculo da produção mútua. Pro-Posições, v. 2, n. 57, p. 83–104.

PRAZERES, Michelle.

(2013). A moderna socialização escolar: um estudo sobre a construção da crença nas tecnologias digitais e seus efeitos para o campo da educação. Tese de Doutorado apresentada à Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo.

PYKOCZ, Danielle; BENITES, Larissa Cerignoni.

(2023). A construção discursiva da realidade na Base Nacional Comum Curricular. Educação e Pesquisa, v. 49, p. 1–19.

RABELO, Danieli Silva de Souza.

(2019). Arquitetura Metodológica de Aprendizagem ao Longo da Vida mediada por PBL na escola de Programação do LAIS. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós Graduação em Inovação em Tecnologias Educacionais do Instituto Metrópole Digital da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

RICHARDSON, Linda Deer; WOLFE, Mary.

(2001). Principles and Practice of Informal Education Learning Through Life. New York, Routledge.

ROSA, Hartmut.

(2019). Aceleração: a transformação das estruturas temporais na Modernidade. São Paulo, Editora UNESP.

ROSSI, Alexandre José; LUMERTZ, Juliana Selau; PIRES, Daniela de Oliveira.

(2018). As parcerias público-privadas na educação: cerceando autonomia e gestão democrática. Retratos da Escola, v. 11, n. 21, p. 557.

SCHERER, Susana Schneid; NASCIMENTO, Flávia Marchi; CÓSSIO, Maria de Fátima.

(2020). Parcerias público-privadas: atuação do instituto Ayrton Senna na educação pública do estado do RS. Educação & Sociedade, v. 41.

SCHLOCHAUER, Conrado; LEME, Maria Isabel da Silva.

(2012). Aprendizagem ao longo da vida: Uma condição fundamental para a carreira. Revista de Carreiras e Pessoas, v. 2, n. 2.

SCHUGURENSKY, Daniel.

(2000). The forms of informal learning : Toward a Conceptualization of the field. WALL Working Paper, n. 19.

SILVA, Monica Ribeiro da.

(2018). A BNCC da reforma do ensino médio: o resgate de um empoeirado discurso. Educação em Revista, v. 34, p. 1–15.

SOUZA, Jessé.

(2018). Subcidadania Brasileira: para entender o país além do jeitinho brasileiro. Rio de Janeiro, LeYa.

TENNANT, Mark.

(2013). A aprendizagem ao longo da vida como tecnologia do self. In: ILLERIS, Knud (org.). Teorias Contemporâneas da Aprendizagem. Porto Alegre: Penso, p. 174–186.

TENNANT, Mark.

(2018). The life history of the self. In: ILLERIS, Knud (org.). Contemporary Theories of Learning: Learning theorists... in their own words 2. London e New York: Routledge, p. 166–178.

TOZETTO, Alexandre Vinicius Bobato; GALATTI, Larissa Rafaela; MILISTETD, Michel.

(2018). Desenvolvimento Profissional de treinadores esportivos no Brasil: Perspectiva de Aprendizagem ao longo da vida. Pensar a Prática, v. 21, n. 1.

VAN HAECHT, Anne.

(2008). Sociologia da Educação: a escola posta à prova. Porto Alegre: Artmed.

VARELA, Julia; ALVAREZ-URIA, Fernando.

(1991). Arqueologia de la escuela. Madrid, Las Ediciones de La Piqueta.

WENGER, Etienne.

(2013). Uma teoria social da aprendizagem. In: ILLERIS, Knud (org.). Teorias Contemporâneas da Aprendizagem. Porto Alegre, Penso p. 246–257.

WILDEMEERSCH, Danny; STROOBANTS, Veerle.

(2013). Aprendizagem transicional e facilitação reflexiva: o caso da aprendizagem para o trabalho. In: ILLERIS, Knud (org.). Teorias Contemporâneas da Aprendizagem. Porto Alegre, Penso, p. 258–274.

WILLIAMS, Raymond.

(1989). Resources of Hope: Culture, Democracy, Socialism. London, Verso.

WINNE, Philip.

(1995). Self-regulation is ubiquitous but its forms vary with knowledge. Educational Psychologist, v. 30, n. 4, p. 223–228.

YOO, Sun Joo; KIM, Sooyoung.

(2013). How and why college students use Web 2.0 applications: the role of social media in formal and informal learning. International Journal of Web Based Communities, v. 9, n. 2, p. 174.

YOUNG, Michael.

(2016). Por que o conhecimento é importante para as escolas do século XXI? Cadernos de Pesquisa, v. 46, n. 159, p. 18–37.

YOUNG, Michael.

(2007). Para que servem as escolas? Educação e Sociedade, v. 28, n. 101, p. 1287–1302.

ZIEHE, Thomas.

(2013). “Problemas Normais de Aprendizagem” em jovens: no contexto de convicções culturais subjacentes. In: ILLERIS, Knud (org.). Teorias Contemporâneas da Aprendizagem. Porto Alegre: Penso, p. 217–234.

Downloads

Publicado

2023-08-17

Como Citar

Monteiro, L. H. B. (2023). O divórcio das teorias do aprendizado e a escola: reflexões gerais. Interseções: Revista De Estudos Interdisciplinares, 25(2). https://doi.org/10.12957/irei.2023.71931