A produção musical autoral e independente na cidade de Vitória-ES e o novo espírito do capitalismo
DOI:
https://doi.org/10.12957/irei.2021.64911Palavras-chave:
Empreendedorismo cultural. Ator por projeto. Produção musical independente. Gramática liberal dos interesses individuais.Resumo
Este artigo analisa os dados coletados em uma pesquisa de inspiração etnográfica e visa compreender a lógica discursiva de músicos independentes atuantes na cidade de Vitória – ES. Para tanto, articula dados obtidos ao longo dos últimos seis anos e que mapearam os processos de atuação de empreendedores culturais, a conformação de um circuito de promoção do empreendedorismo local e as falas públicas proferidas por músicos autorais independentes capixabas sobre o seu contexto de atuação. Acompanhamos ao longo dos últimos quatro anos mudanças nos discursos dos produtores culturais atuantes no Centro da cidade de Vitória, capital do Estado do Espírito Santo, e que refletem transformações na avaliação de suas condições de atuação, transferindo do poder público para si mesmos o protagonismo em fazer acontecer. Do mesmo modo, observamos nas falas dos músicos autorais atuantes nesse contexto a reprodução de uma lógica discursiva que, mais do que problematizar as dificuldades vividas no exercício da sua profissão como parte de um processo mais amplo de transformações do mercado fonográfico (marcado pela precarização das suas condições de trabalho), ou a insuficiência das políticas culturais como subsídio à produção musical local, reproduzem o discurso de responsabilização individual pelo sucesso dos seus projetos profissionais. Deste modo, destacamos a emergência de uma lógica liberal dos interesses individuais no contexto cultural local, bem como a capacidade adaptativa dos atores em se ajustar aos sistemas normativos em vigência, produzindo estratégias e fazendo articulações em favor da construção das suas carreiras. Os desafios em torno da produção musical local são colocados a partir das dificuldades experimentadas no cotidiano das suas práticas profissionais, as assimetrias de condições sendo problematizadas em nível micro, dificultando a possibilidade de articulação para além de um espectro do próximo.
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