Os Sentidos em Campo: notas de uma Etnomusicologia Urbana
DOI:
https://doi.org/10.12957/irei.2021.60649Palavras-chave:
Etnografia, Sentidos, Audição, MúsicaResumo
O presente artigo apresenta uma reflexão sobre os costumes dos neófitos da música erudita em formação universitária, constituindo-se uma etnografia da música. Tal pesquisa pode auxiliar trabalhos que investiguem mundos sonoros – ao relativizar a prevalência da escuta em relação a outras percepções sensoriais. O campo teve duração de quase dois anos e foi realizado em uma escola de Música de uma universidade federal, no Rio de Janeiro, onde acompanhei o processo de formação profissional de um maestro de orquestra. As aulas de regência e os ensaios da orquestra dos alunos foram as principais atividades observadas. Reflito sobre as faculdades do ver e do ouvir, intensamente discutidas pela Antropologia, e as comparo às peculiaridades observadas in loco. O campo acaba sendo um reduto de pessoas que primam por uma relação diferenciada com a vida e no contato com seus pares, dando destaque para a capacidade auditiva, mas essa “escuta”, antes de se sobrepor aos demais sentidos, incorporaria, integraria e se perfaria numa junção que conclama também visão, gesto, héxis corporal e respiração, exigindo técnicas expressivas do corpo como condição de reconhecimento entre pares. A gramática interacional dos nativos, portanto, é analisada, e a ação de escutar só se torna uma categoria social à medida que é partilhada, confrontada, testada nas interações entre os agentes, e só se completa por meio de técnicas que sinalizam uma performance musical e que são percebidas como códigos e linguagem pelos interagentes. A escuta dos integrantes do mundo orquestral, portanto, é ativa e técnica, envolvendo uma dimensão imaginativa, que só pode ocorrer em função do preparo técnico dos nativos.
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