Problemas de patrimônio como problemas de gênero: disjunções entre feminismo e cultura popular na Festa de Santo Antônio em Barbalha (CE)
DOI:
https://doi.org/10.12957/irei.2020.56792Palavras-chave:
Feminismos. Patrimônio. Cultura Popular.Resumo
O artigo analisa disjunções e conjunções existentes entre as ações dos feminismos no Cariri e o imaginário espacial que modula a patrimonialização da Festa do Pau de Bandeira de Santo Antônio, na cidade de Barbalha (CE). No ano de 2019, durante o cortejo de grupos de cultura popular que antecede a Festa do Pau da Bandeira, aconteceu a sexta Marcha das Mulheres. Ao longo do percurso, participantes da marcha foram continuamente interpeladas por representantes da organização institucional da Festa. A ação dos organizadores acionava formas de localização do movimento de mulheres, uma compreensão nativa dos debates sobre gênero e sobre a cultura popular naquela manifestação. Pensamos a expressão desse conflito social como disputa entre diferentes projetos para a região do Cariri cearense, para os debates sobre gênero e para a vida das mulheres na região. A patrimonialização da Festa e seus personagens acessam uma romantização do mundo rural incompatível com a denúncia da morte de mulheres na região do Cariri pelos feminismos locais, embora ambas as narrativas estejam conectadas à ideia de um Brasil rural, atávico, distante da cidadania e urbanidade. As fricções ocorridas na Festa de Santo Antônio relembram, portanto, imagens que circulam em momentos em que grupos à margem do imaginário nacional brasileiro empunham símbolos diacríticos das ideias de participação política e memória nacional. Tensões acessadas como clichês de uma utopia generalizante de abrigo à diversidade de demandas compostas pela e para a nação.
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