ESCREVO SOBRE MIM E POR NÓS: RAÇA, SOLIDÃO E AFETIVIDADE DA MULHER NEGRA RETINTA NO BRASIL
Resumo
A escrita desse artigo nasce da minha experiência de solidão sexo-afetiva como uma mulher negra retinta universitária, vivenciada ao longo da minha graduação em História na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS-BA) entre os anos de 2014-2019. Em diálogo com estudos historiográficos, sociológicos, filosóficos e os conceitos elaborados pela teoria do Feminismo negro, objetivamos compreender e analisar como as angústias e alegrias sentidas no meu corpo podem nos capacitar a entender historicamente o processo de preterimento das mulheres negras no Brasil. Para tal, lançamos mão, do conceito de Escrevivências da escritora Conceição Evaristo, da categoria de analise Corpo-território elaborada pelo geografo Eduardo Miranda e das ponderações dos estudos de gênero e raça como metodologia adotada na tentativa de trilhar um caminho, ainda tão pouco convencional na historiografia.
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DOI: https://doi.org/10.12957/transversos.2020.54865
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