AS ESCREVIVÊNCIAS DE JUREMA BATISTA: PROTAGONISMO E INTERSECCIONALIDADE DE GÊNERO E RAÇA
DOI:
https://doi.org/10.12957/transversos.2020.54293Palavras-chave:
mulher negra, identidade, protagonismo, interseccionalidade de gênero e raçaResumo
Este estudo analisa as escrevivências de Jurema Batista, mulher negra de comunidade, graduada em Letras, eleita três vezes vereadora pelo Partido dos Trabalhadores (PT) em 1992, 1996, 2000 e deputada estadual em 2002, na obra Sem passar pela vida em branco: memórias de uma guerreira, produzida em coautoria com Miria Ribeiro e publicada pela Editora Pallas em 2011. O objetivo central deste estudo é analisar e problematizar as representações racializadas e a intersecção de gênero e raça ao longo das narrativas de Jurema Batista na construção das identidades culturais de mulheres negras na sociedade brasileira. Em termos teóricos, adota-se a perspectiva dos Estudos Culturais em Educação, a partir da apropriação de conceitos como representação, identidade, interseccionalidade de gênero e raça e do conceito de escrevivências. Observa-se que as escrevivências de Jurema Batista revelam opressões interseccionais de gênero e de raça que se entrecruzam na construção de sua identidade de mulher negra de comunidade. Por outro lado, suas narrativas demonstram uma contínua trajetória de contestação às representações racializadas e um protagonismo comprometido com os direitos sociais e às necessidades da comunidade do Andaraí (RJ).
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