Corpos pós-coloniais e desterritorialização: gestos e movimentos afetivos em Bom trabalho (Claire Denis, 1999)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/transversos.2020.52468

Palavras-chave:

Claire Denis, corpos pós-colonais, gestos, desterritorialização

Resumo

O artigo propõe uma análise do filme Bom trabalho, de Claire Denis, cuja narrativa se concentra nas memórias do sargento Galoup, expulso da Legião Francesa em Djibouti. Ao passo que retrata a ocupação colonial, o filme revela a sensorialidade dos corpos dos soldados da Legião através de imagens ritualísticas desses corpos nos espaços e na paisagem desértica de Djibouti. Trata-se de pensar a forma como o filme compõe os espaços e os corpos a partir da noção de desterritorialização em uma ampla acepção (ou seja, no sentido de deslocamento físico, mas também no sentido trazido por Gilles Deleuze (1983) em relação à imagem-percepção e à imagem-afecção). Busca-se, portanto, estabelecer uma relação entre paisagens e corpos num sentido material e sensorial (Marks, 2000), paralelamente a uma análise das identidades pós-coloniais deslocadas e em decadência.

Biografia do Autor

Mariana Cunha, Universidade Federal de Pernambuco

Pesquisadora em estágio de pós-doutorado (PNPD/CAPES) e professora colaboradora no Programa de Pós-graduação em Comunicação (PPGCOM) da UFPE. É doutora em cinema e mestre em estudos críticos e culturais pela Birkbeck, University of London.

Catarina Andrade, Universidade Federal de Pernambuco

Professora Adjunta do Departamento de Letras/UFPE. Professora colaboradora do Programa de Pós-graduação em Comunicação PPGCOM/UFPE e da Pós-graduação Narrativas Contemporâneas da Fotografia e do Audiovisual, da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). Vice-líder do Grupo de Pesquisa Laboratório de Experiência, Visualidade e Educação (LEVE).

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Publicado

2020-08-31