Por que vendem tanto? O consumo de historiografia comercial no Brasil em tempos de crise (2013-2019)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/transversos.2020.49519

Palavras-chave:

Consumo de historiografia comercial, crise institucional brasileira, enunciados de síntese histórica.

Resumo

O objetivo deste artigo é examinar o consumo de historiografia comercial no Brasil contemporâneo, caracterizado por uma experiência de crise institucional que, segundo a bibliografia especializada, começou em meados de 2013. O corpus de fontes primárias analisado, portanto, consiste nos livros que, evocando a identidade genérica historiográfica, encontraram grande acolhida no mercado editorial. Em virtude de critérios esclarecidos ao longo do texto, o esforço de análise está concentrado em dois livros específicos: “O guia politicamente incorreto da história do Brasil”, de Leandro Narloch e publicado em 2009, e “A elite do atraso”, de Jessé Souza e publicado em 2017. A hipótese é de que o sucesso comercial desses livros se explica pela capacidade dos autores em mobilizar enunciados de síntese explicativa capazes de proporcionar sensação de orientação histórica.

Biografia do Autor

Rodrigo Perez Oliveira, UFRJ (Doutorado Completo) UFBA (Professor de Teoria da História e Historiografia Brasileira)

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Publicado

2020-04-30