VIDAS PRECARIZADAS E EXISTÊNCIAS REINVENTADAS: EXPERIÊNCIAS TRANS ENTRE O BRASIL E A EUROPA DO SUL

Autores

  • Rafael França Gonçalves dos Santos PPHR/UFRRJ
  • Marcio Nicolau Universidade Federal Fluminense

DOI:

https://doi.org/10.12957/transversos.2018.39329

Palavras-chave:

vida precária, experiências trans, relações de amizade, resistência.

Resumo

Neste artigo abordamos a problematização sobre a produção de vidas precárias, ditas como vidas e corpos que não importam, que por possuírem menos peso no cistema[1]heteronormativo, são produzidas como vidas descartáveis. Para analisar e tencionar tal elaboração teórica, discutimos algumas formas e modelos de resistência à chamada tecnologia biopolítica de produção dos corpos e com isso almejamos visibilizar históricas construções de si que representam como subjetividades enfrentam, por meio de relações de amizade, redes de afeto e outros mecanismos de (re) existência, o cistema e criam modos de vida que provocam fissuras na lógica precária definida para suas vidas. Para tal intento, dialogamos com sujeitos, reflexões e pesquisas que privilegiam as experiências trans.


[1] Utilizamos “cistema” como uma corruptela da palavra sistema, para fazer referência ao modelo de organização da sociedade pautado no modelo cis-sexista, conforme sugerido por Viviane Vergueiro (2015) a partir da leitura de Ramón Grosfoguel (2012) em relação ao sistema-mundo.

 

Biografia do Autor

Rafael França Gonçalves dos Santos, PPHR/UFRRJ

Rafael França Gonçalves dos Santos: Licenciado em História, mestre em Sociologia Política e doutor em História. Atuo como professor na educação básica e desenvolvo pesquisas relacionadas aos estudos de gênero e teorias queer.

 

 

Marcio Nicolau, Universidade Federal Fluminense

Marcio Nicolau: Técnico-administrativo em Educação - Universidade Federal Fluminense. Mestrando em História PPHR/UFRRJ.

Referências

BRANCO, Guilherme Castelo. Anti-individualismo, vida artista: uma análise não fascista de

Michel Foucault. In: RAGO, M.; VEIGA-NETO, A. (Orgs.). Para uma vida não fascista. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009, p. 143 - 168.

BUTLER, Judith. Vida precária. Tradução de Angelo Marcelo Vasco. Contemporânea, 2011, p. 13-33.

________. Regulações de Gênero. Cadernos Pagu, n. 42, 2014, p. 249-274.

________. Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do “sexo”. In: LOURO, G. L. (Org.) O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2015a, p. 153-172

________. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Tradução de Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015b.

________. Corpos que importam. Tradução de Magda Guadalupe dos Santos e Sérgio Murilo Rodrigues. Belo Horizonte: Sapere Aude, v. 6, n. 11, p. 12-16.

________. Quadros de guerra: Quando a vida é passível de luto? Tradução de Sérgio Tadeu de Niemeyer Lamarão e Arnaldo Marques da Cunha. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017a.

________. Relatar a si mesmo: crítica da violência ética. Tradução de Rogério Bettoni. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2017b.

________. Os atos performativos e a constituição do gênero: um ensaio sobre fenomenologia e teoria feminista. Tradução de Jamille Pinheiro Dias. Cadernos de leitura, n. 78, 2018.

DAVIS, Angela. A liberdade é uma luta constante. Tradução de Heci Regina Candiani. São Paulo: Boitempo, 2018.

FOUCAULT, Michel. Introdução à vida não fascista. Tradução de Wanderson Flor do Nascimento. In: DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Anti-Oedipus: Capitalism and Schizophrenia, New York, Viking Press, 1977, p. XI-XIV.

________. História da sexualidade II: O uso dos prazeres. Rio de Janeiro: Graal, 1984.

________. O sujeito e o poder. In: DREYFUS, H.; RABINOW, P. Michel Foucault, uma trajetória filosófica. Tradução de Vera Porto Carrero. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995.

________. A ética do cuidado de si como prática de liberdade. In: MOTTA, Manoel Barros da (Org.) Ditos e escritos: ética, sexualidade, política. Tradução de Elisa Monteiro e Inês Autran Dourado Barbosa. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.

JESUS, Jaqueline Gomes de. Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e termos. Brasília, 2012, 42 p.

________. Interlocuções teóricas do pensamento transfeministas. In: Jesus, Jaqueline Gomes de (et. al.). Transfeminismo: teorias e práticas. 2. ed., Rio de Janeiro: Metanóia, 2015a, p. 16-32.

________. Homofobia: identificar e prevenir. Rio de Janeiro: Metanoia, 2015b.

LOPES, Fábio Henrique. Cisgeneridade e historiografia: um debate necessário. In: SOUSA NETO, Miguel Rodrigues; GOMES, Aguinaldo Rodrigues. História e teoria queer. Salvador, BA: Devires, 2018.

LOURO, Guacira Lopes. Um corpo estranho: ensaios sobre sexualidade e teoria queer. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.

MARTÍNEZ-GUZMÁN, Antar. Cis. In: PLATERO, Lucas; ROSÓN, María; ORTEGA, Esther (eds.). Barbarismos queer y otras esdrújulas. Barcelona, España: Edicions Bellaterra, 2017.

NICOLAZZI, Fernando. O conceito de experiência histórica e a narrativa historiográfica. Dissertação (Mestrado em História). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul, 2004.

ORTEGA, Francisco. Genealogias da amizade. São Paulo: Iluminuras, 2002.

PRECIADO, Paul Beatriz. Multidões queer: notas para uma política dos “anormais”. Florianópolis: Estudos Feministas, 2011, p. 11-19.

REIS, Toni (org.). Manual de Comunicação LGBTI+. Curitiba: Aliança Nacional LGBTI / GayLatino, 2018.

SCOTT, Joan. A invisibilidade da experiência. São Paulo: Projeto História 16, 1998, p. 297-325.

VERGUEIRO, V. Por inflexões decoloniais de corpos e identidades de gênero inconformes: uma análise autoetnográfica da cisgeneridade como normatividade. Dissertação (Mestrado em Cultura e Sociedade). Salvador: Universidade Federal da Bahia, 2015.

WEEKS, Jeffrey, et al. Same sex intimacies: families of choice and other life experiments. London and New York: Routledge, 2001.

Downloads

Publicado

2019-01-10

Edição

Seção

EXPIRADO - Artigo para dossiê