SUBJETIVIDADES TRAVESTIS NO RIO DE JANEIRO, INÍCIO DA DÉCADA DE 1960. ALOMA DIVINA.

Autores

  • Fábio Henrique Lopes Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.12957/transversos.2018.39328

Palavras-chave:

Travestilidade, Subjetividade, Escritas de si, Rio de Janeiro.

Resumo

Neste artigo focalizo narrativas autobiográficas e escritas de si de uma travesti da “primeira geração”, Aloma Divina, que viveu no Rio de Janeiro no início da década de 1960. Identifico e exploro o abandono de históricos modos de subjetivação, a renúncia de subjetividades já cristalizadas social e culturalmente, utilizadas para hierarquizar e nomear aqueles/as que fugiam da norma heterossexual e cisgênera. O exercício subjetivo focalizado para análise possibilitou a emergência histórica de novas subjetividades, como a de travesti, marcadas por múltiplos e históricos eixos de diferenciação, como o gênero, a sexualidade, a diversidade corporal e a raça.

 

Biografia do Autor

Fábio Henrique Lopes, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Fabio Henrique Lopes: é professor Associado I do Departamento de História e Relações Internacionais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ - Seropédica). Membro Permanente do Corpo Docente do Programa de Pós-Graduação em História - UFRRJ (Mestrado e Doutorado). Pesquisador do CNPq (Bolsa Produtividade). Pós-Doutorado em História - Unicamp (2017). Doutor em História Cultural pela UNICAMP (2003) - Doutorado Sanduíche com a Université Paris Diderot (2000/2001). Mestre em História pela UNICAMP (1998). Coordenador do convênio internacional UFRRJ e Université Paris Diderot. Líder e pesquisador do LabQueer - Laboratório de estudos das relações de gênero, masculinidade e transgêneros/UFRRJ.

Referências

ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de. História: a arte de inventar o passado. Ensaios de teoria da história. Bauru, SP: Edusc, 2007.

ARFUCH, Leonor. El espacio biográfico. Buenos Aires. Fondo de Cultura Económica, 2007.

BENEDETTI, Marcos Renato. Toda feita: o corpo e o gênero das travestis. Rio de Janeiro: Garamond, 2005.

BENTO, Berenice. A reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual. Rio de Janeiro: Garamond, 2006.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

CANDIOTTO, Cesar. Ética e Política em Michel Foucault. Trans/Form/Ação. Marília, v. 33, n. 2, p. 157-176, 2010.

______. Cuidado da vida e cuidado de si: sobre a individualização biopolítica contemporânea. Dissertatio. UFPel, 34, p. 469-491, 2011.

DEBERT, Guita Grin. A reinvenção da velhice. Socialização e processos de Reprivatização do envelhecimento. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Fapesp, 2012.

FOUCAULT, Michel. A Escrita de SI. In:______.Ética, Sexualidade, Política. 2 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006. (Ditos e escritos; V), p. 144-162.

______. Segurança, Território, População. SP: Martins Fontes, 2008.

______. Escolha sexual, ato sexual. Espaço Michel Foucault. Disponível em: Acesso em: 08 set. 2017.

GRABOIS, Pedro F. Resistência e revolução no pensamento de Michel Foucault: contracondutas, sublevações e lutas. Cadernos de Ética e Filosofia Política. 19, 2/2011, pp. 07-27, 2011.

GREEN, James N. Além do Carnaval. A homossexualidade masculina no Brasil do século XX. São Paulo: Editora UNESP, 2000.

GREEN, James; QUINALHA, Renan (orgs.). Ditadura e homossexualidades: repressão, resistência e a busca da verdade. São Carlos: EdUFSCar, 2014.

KULICK, Don. Travesti: prostituição, sexo, gênero e cultura no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2009.

LEJEUNE, Philippe. O pacto autobiográfico. De Rousseau à internet. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2008.

LEITE JR, Jorge. Nossos corpos também mudam: a invenção das categorias “travesti” e “transexual” no discurso científico. São Paulo: Annablume, FAPESP, 2011.

LUNA, Francisco Vidal; KLEIN, Herbet S. Mudanças sociais no período militar (1964-1985). In: REIS, Daniel Aarão; RIDENTI, Marcelo; MOTTA, Rodrigo Patto Sá (orgs.). A ditadura que mudou o Brasil. 50 anos do golpe de 1964. Rio de Janeiro: Zahar, 2014, p. 66- 91.

MACHADO, Maria das Dores Campos; BARROS, Myriam Lins de. Gênero, geração e classe: uma discussão sobre as mulheres das camadas médias e populares do Rio de Janeiro. Estudos Feministas, Florianópolis, 17(2): 369-393, maio-agosto/2009.

PELÚCIO, Larissa M. Abjeção e desejo: uma etnografia travesti sobre o modelo preventivo de AIDS. São Paulo: Annablume; Fapesp, 2009.

PERES, Wiliam Siqueira. Travestilidades Nômades: a explosão dos binarismos e a emergência queering. Estudos Feministas. Florianópolis, 20(2): 539-547, maio-agosto/2012.

PRECIADO, Beatriz. Entrevista com Beatriz Preciado, por Jesús Carrillo. 2004. Disponível em: Acesso em 05 de setembro de 2017.

RAGO, Margareth. A aventura de contar-se. Feminismos, escrita de si e invenções da subjetividade. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2013.

RIDENTI, Marcelo. Cultura e política: os anos 1960-1970 e sua herança. In: FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (orgs.). O tempo da ditadura: regime militar e movimentos sociais em fins de século XX. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003, (O Brasil Republicano; v. 4). p. 133- 166.

SILVA, Hélio. Travestis: entre o espelho e a rua. Rio de Janeiro: Rocco, 2009.

VERAS, Elias Ferreira. Travestis: carne, tinta e papel. Curitiba: Editora Prismas, 2017.

VERGUEIRO, Viviane. Por inflexões decoloniais de corpos e identidades de gênero inconformes: uma análise autoetnográfica da cisgeneridade como normatividade. 244 f. Dissertação (Mestrado em Cultura e Sociedade). Universidade Federal da Bahia, Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade, Salvador, 2016.

Downloads

Publicado

2019-01-10

Edição

Seção

EXPIRADO - Artigo para dossiê