O combate à doença do sono nas colônias portuguesas na África: medicina sob o signo do racismo e do darwinismo social (1901-1932)
DOI:
https://doi.org/10.12957/transversos.2018.35648Palavras-chave:
doença do sono, Portugal, darwinismo social, medicina tropicalResumo
A doença do sono ou tripanossomíase humana africana teve sua importância na agenda imperialista europeia, pois foi considerada um importante obstáculo para a formação de seus impérios coloniais na África. Neste cenário, as autoridades portuguesas, desejosas em defender as colônias do país frente à concorrência europeia e em promover a ação “civilizadora” de Portugal, enviaram missões de estudo e de combate das chamadas doenças tropicais nas possessões ultramarinas do país. As estratégias de domínio colonial não passaram somente pelo controle das doenças presentes nas colônias, mas também no esforço para combater os saberes e as práticas associados à doença e à cura das sociedades africanas, tratadas na época como racialmente inferiores pelos poderes europeus.
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