Tem Angola na umbanda? Os usos da África pela umbanda omolocô

Autores

  • Joana Bahia UERJ
  • Farlen Nogueira Universidade do Estado do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.12957/transversos.2018.29342

Palavras-chave:

Umbanda omolocô, Tancredo da Silva Pinto, Renascimento Negro, Diáspora

Resumo

O presente trabalho analisa a disputa de narrativas empreendidas em torno da construção do campo religioso umbandista, entre os anos 40 e 50. Avaliamos a partir da trajetória de Tancredo da Silva e a sua defesa da umbanda omolocô, a disputa entre distintos segmentos da religião. Grupos que defendiam uma umbanda mais espírita, portanto mais sincretizada com elementos que a tornassem mais brasileira e outros que buscavam uma maior proximidade com a África e, portanto, com o candomblé. Sendo assim, ao buscar apresentar uma origem no continente africano para a umbanda, Tancredo estaria construindo uma identidade africana para a religião dialogando com a ideia de diáspora africana.

Biografia do Autor

Joana Bahia, UERJ

Professora Associada do Programa de Pós Graduação em Historia Social do Depto de Ciencias Humanas da Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Doutora em Antropologia Social /UFRJ/PPGAS/Museu Nacional

 

Farlen Nogueira, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Mestrando em História pelo PPGHS da UERJ-FFP. Orientador por: Joana Bahia

Faculdade de Formação de Professores

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

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Publicado

2018-08-27