Uma Breve história da Biogeografia: De Linnaeus à Revolução Croizatiana

Autores

  • Valéria Gallo Universidade do Estado do rio de Janeiro
  • Francisco José de Figueiredo Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • Bruno Araujo Absolon Universidade do Estado do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.12957/sustinere.2021.56049

Palavras-chave:

Biogeografia

Resumo

om o objetivo de incrementar o ensino de disciplinas multifacetadas que lidam com aspectos dinâmicos das biotas no espaço, em curta ou longa escala temporal, é apresentada uma concisa história da biogeografia na fase pós-lineana, explorando aspectos interdisciplinares. Assume-se que, a partir da primeira formalização biogeográfica de Linnaeus, com o postulado centro de criação e dispersão, tiveram início as fases narrativa e analítica da Biogeografia Histórica. Descortinar descobertas, eventos e protagonistas permite uma revisão de conceitos que nortearam a história biogeográfica contemporânea. A abordagem, ainda não esgotada, contribui tanto para o aspecto ilustrativo disciplinar quanto para o desenvolvimento de senso crítico referente ao conteúdo. As ideias dispersionistas pós-lineanas de seletos naturalistas dos séculos XVIII e XIX são exploradas e contrastadas com a revolucionária proposta do botânico Léon Croizat. Sua inspiradora metáfora – Terra e vida evoluíram em conjunto – representou uma ruptura epistemológica em relação ao dispersionismo clássico e influenciou a criação de novas escolas de pensamento biogeográfico, rivais ou complementares. Com a Pan-biogeografia de Croizat, houve uma valorização da relação espaço-temporal dos componentes bióticos, dentro da tríade Space, Time and Form. Por outro lado, o paradigma da biogeografia insular, modelo dispersionista por excelência, longe de ser abandonado, revitalizou-se recentemente com moderna abordagem. 


Biografia do Autor

Valéria Gallo, Universidade do Estado do rio de Janeiro

Valéria Gallo é Professora Associada, Pesquisadora e Coordenadora do Laboratório de Sistemática e Biogeografia do Departamento de Zoologia da Universidade do estado do Rio de Janeiro (UERJ). É orientadora permanente do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução da UERJ (Conceito 6 da CAPES). É bolsista de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq e do Programa de Incentivo à Produção Científica, Técnica e Artística-PROCIÊNCIA (UERJ). Possui Bacharelado e Licenciatura em Ciências Biológicas, Mestrado em Ciências (Geologia) e Doutorado em Ciências (Geologia Sedimentar), com estágio de curta duração no Muséum national d'Histoire naturelle, sob a supervisão da Dra. Sylvie Wenz. Suas principais linhas de pesquisa abordam Sistemática, Paleontologia de Vertebrados, Ictiologia, Biogeografia Histórica e História da Zoologia. (Texto informado pelo autor)


Francisco José de Figueiredo, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Doutor em Ciências Biológicas (Zoologia) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2006). Atualmente é Professor Adjunto do Departamento de Zoologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Tem experiência nas áreas de Paleoictiologia e Biologia Comparada, desenvolvendo pesquisas sobre a sistemática e taxonomia de peixes teleósteos do Cretáceo e do Terciário do Brasil. 


Bruno Araujo Absolon, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Santa Úrsula em 2006, o Mestrado em Ciências do Mar (Oceanografia Biológica) pela Universidade Santa Úrsula em 2008, e o Doutorado em Ciências (Biologia animal/evolução) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro em 2013 e Pós doutorado em 2017 pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É membro do Laboratório de Sistemática e Biogeografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, onde trabalha com a Biogeografia Histórica, e História da Zoologia no Brasil. É também capacitado em Manejo de animais selvagens com ênfase em Mamíferos. É professor da Universidade Santa Úrsula nas disciplinas de Cordados I e II, e de Ciências/Biologia na rede pública de ensino do Estado do Rio de Janeiro - Colégio Estadual Doutor Ignácio Bezerra de Menezes

Referências

BUCH, J.C L. Physicalische Beschreibung der Canarischen Inseln. 8 vols. 1825.

BUENO, A; LLORENTE J. Las sintesis biogeográfica de Charles Lyell. 295-319 In: LLORENTE, J.; RUIZ, R.; ZAMUDIO, G &

NOGUERA, R (Com). 2008. Fundamentos históricos de La Biología. Universidade Nacional Autónoma de México. 640p, 2008.

BUFFON, G. Storia Naturale di Buffon: Teoria della Terra. Tomo 1. Piaccenza: Torchi del Maino, 1812.

CANDOLLE, A. P. de 1820. Géographie botanique. In: Dictionnaire des Sciences Naturelles. Estrasburgoparis, F.G. Levrault, 13, pp. 359-422.

CARVALHO, C. J; ALMEIDA, E. Biogeografia da América do Sul. São Paulo, Editora Roca, 2011.

CARVALHO, D. Geographia do Brasil. Rio de Janeiro, Emp. Photo-Machanica do Brasil, 1913.

COX, C. From generalized tracks to ocean basins – How useful is Panbiogeography? Journal of Biogeography, 25: 813-828, 1998.

COX, C; MOORE, P. Biogeografia: uma abordagem ecológica e evolucionária. 7o edição. Editora Gen, LTC, Rio de Janeiro, 398p, 2009.

CRAW, R; GREHAN, J; HEADS, M. Panbiogeography: tracking the history of life. Oxford: Oxford University Press. 229p, 1999.

CROIZAT, L. 1958. Panbiogeography 3 Vols. Caracas: publicado pelo autor.

CROIZAT, L. Space, time and form: the biological synthesis.Caracas: Editado pelo autor, 1964

CROIZAT, L. Hennig (1966) entre Rosa (1918) y Lovtrup (1977): medio siglo de sistematica filogenetica. Boletiın de la Academia de Ciencias Fısicas, Matematicas y Naturales (Caracas), 38: 59–147, 1978.

CROIZAT, L. Vicariance/Vicariism, Panbiogeography, "Vicariance Biogeography," Etc.: A Clarification. Systematic Zoology, 31(3): 291-304, 1982

CROIZAT, L; NELSON, G; ROSEN, D. Centers of origin and related concepts. Systematic Zoology, 23(2): 265-287, 1974.

CRUZ, C. M. G. C. Leopold von Buch (1774-1853, las Islas Canarias y origen de La teoria de los Crateres de Elevacíon. ILUIL, 39(83):1-29,2016.

D’ORBIGNY, A. D. Paleontólogie Française. Description zoologique et géologique de tous les animaux mollusques et rayonnes fossiles de france. Paris, 400p, 1850.

DANA, J. D. Coral and Islands Coral. Dood Meady & Company, New York, 400p, 1879.

DARLINGTON, P. Zoogeography:the geographical distribution of animals. New York: J. Wiley and Sons, 1957.

EBACH, M; WILLIAMS, D. Dispersalism and neodispersalism. In: Williams, D., Schmitt, M. & Wheeler, Q. (eds.) The Future of Phylogenetic Systematics: The Legacy of Willi Hennig. P. 286-328. Cambridge University Press, 2016.

ECHEVERRY, A; MORRONE, J. J. Parsimony analysis of endemicity as a panbiogeographical tool: An analysis of Caribbean plant taxa. Biological Journal of the Linnean Society, 101: 961-976, 2010.

FERRARI, A; BARÃO, K; SIMÕES, F. Quantitative panbigoeography: was congruence problem solved? Systematics and Biodivertsity, 11, 285-302, 2013.

FIGUEIREDO, F. J; ABSOLON, B. A; GALLO, V. Emilio Joaquim da Silva Maia (1808-1859) e o seu ensaio sobre 'Geographia Zoológica'. Filosofia e História da Biologia, 12(2): 251-274, 2017.

FIGUEIRÓ, A. Biogeografia. Dinâmica transformacões e formações da natureza. Editora Oficina de textos, São Paulo, 2015.

GOOD, Ronald. The geography of the flowering plants. 3ed, 518p, 1964.

GREHAN, John. Evolution by law: CROIZAT's 'orthogeny' and DARWIN's 'laws of growth'. Tuatara 27: 14-19, 1984.

GREHAN Biogeography and evolution of the Galapagos: integration of the biological and geological evidence. Biological Journal of the Linnean Society, 74(3): 261-267, 2001.

HEADS, M. What is a node? Journal of Biogeography, 31, 1883-1891, 2004.

HENNIG, W. Elementos de una sistemática filogenética. Buenos Aires; EDUEBA. 353p. 1968.

HERNANDEZ, A; BOUSQUETS, J.L. El centro de origen en la Biogeografia: Historia de um concepto. pp. 1-33. In: BOUSQUETS, Jorge Llorente (Ed.) – Historia de la Biogeografia: Centros de Origen y vicarianza. Mexico: Universidad Autonoma de Mexico, 1991.

HOLT, B; LESSARD, J; BORREGARD, M; FRITZ, S; ARAÚJO, M; DIMITRO, D. An update of Wallace’s Zoogeographic regions of the World. Science, 339 (6115): 74-78, 2013.

HUMBOLDT, A. F. Von. Distributione geographica plantarum, 266p, 1817.

IHERING, H. von. The history of the Neotropical region. Science 12: 857-864, 1900.

IHERING, Rodolpho von. Atlas da fauna do Brasil. São Paulo: Melhoramentos, 1916.

LOSOS, J; RICKEFELS, R. E. The Theory of Island Biogeography Revisited. Princeton University Press, 250p, 2009.

MAcARTHUR, R; WILSON, E. The theory of island biogeography. New Jersey: Princeton University Press, 1967.

MATTHEW, W. D. Climate and evolution. Annals of the New York Academy of Sciences 24: 171-318, 1915.

MELLO LEITÃO, C. F. de. Zoogeographia do Brasil. Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1947.

MORRONE, J.J. Homología biogeográfica: Las coordenadas espaciales de la vida. México; UNAM. 199p, 2004.

MORRONE, J.J. Biogeogrpahical regionalisation of Neotropical region. Zootaxa, 3782 (1): 20-40, 2014.

MORRONE, J.J. Track analysis beyond panbiogeography. Journal of Biogeography, 42: 413-425, 2015.

MORRONE, J. J; CRISCI, J. Panbiogeografía y biogeografía cladística: paradigmas actuales de la biogeografía histórica. Ciencias, 6: 87-97, 1992.

NELSON, G; PLATNICK, N. Systematic and biogeography: cladistics and vicariance. New York: Columbia University Press, 1980.

PAGE, Roderic. Graphs and generalized tracks: Quantifying Croizat’s panbiogeography: Systematic Zoology 36: 1-17, 1987.

PARENTI, L; EBACH, M. Comparative Biogeography: Discovering and classifying biogeographical patterns of a dynamic Earth. Berkeley: University of California Press, 2009.

POSADAS, P; CRISCI, J; KATINAS, L. Historical Biogeography: A review of its basic concepts and critical issues. Journal of Arid Environments 66(2006): 389-403, 2006.

RONQUIST, F. Dispersal-Vicariance analysis a new approach to the quantification of Historical Biogeography. Systematic Biology, 46(1): 195-203, 1997.

ROSA, D. L’Ologénèse: nouvelle théorie de l’évolution et de la distribution géographique. Paris: Félix Alcan. 368p, 1931.

SCLATER, Philippe Louis. On the general geographical distribution of the members of the class Aves. J. Linn. Soc. (Zool.) 2: 130-145, 1858.

SCROCCHI, G. J; DOMINGUEZ, E. Introduccion a las Escuelas de Sistemática e Biogeografia. Opera Lilloana 40, Fundacion Miguel Lillo, Tucuman, 1992.

SILVA MAIA, E. J. da. Algumas ideias sobre Geographia Zoológica. Trabalhos da Sociedade Vellosiana, 1: 39-41, 1851.

SILVA MAIA, E. J. da. Esboço histórico do Museu Nacional, servindo de introducção a trabalhos sobre as principais espécies zoológicas do mesmo estabelecimento. Trabalhos da Sociedade Vellosiana, 2: 90-99, 1852 pp. 90-99.

SLOAN, P. The Buffon-Linnaeus controversy. 271-294. In; LLorente, Jorge; ZAMUDIO, Graciela, NOGUERA, Ricardo. Fundamentos históricos de La Biología. Universidade Nacional Autónoma de México. 640p, 2008.

SIMPSON, G. G. Mammals and land bridges. Journal of the Washington Academy of Sciences, 30(4): 137-163, 1940

SIMPSON, G. G. The geography of Evolution. Philadelphia-New York: Chilton Books, 1965.

SNIDER-PELLEGRINI, A. La création et ses mysteres dévoilés. Librarie Anne Franck, Paris, 538p, 1858.

SPELLEBERG, I; SAWYER. J. An introduction to applied biogeography. Cambridge: Cambridge University Press. 243p, 2000.

TOMECEK, S. Plate tectonics. Library of Congress cataloging, United States, 102p, 2009.

WAGNER, M. F. Der Kaucasus das londen der Kosaken. 400p, 1850.

WALLACE, A. R. The geographical distribution of animals. 2 vols. London: Macmillan, 1876.

WHITTAKER, R; FERNANDEZ-PALACIOS, J. de. Island Biogeography. Ecology, evolution and Conservation. 1ed. Oxford University Press, 383p, 2007.

WILLIAMS, D; EBACH, M. Fundations of Systematics and Biogeography. NewYork: Springer. 309p, 2008.

ZIMMERMANN, E. A. W. von. Specimen Zoologiae Geographicae, quadrupedum domicilia et migrations sistens. Lugni, Batavorum, Leiden, 736p, 1777.

Downloads

Publicado

03-08-2021

Como Citar

Gallo, V., Figueiredo, F. J. de, & Absolon, B. A. (2021). Uma Breve história da Biogeografia: De Linnaeus à Revolução Croizatiana. Revista Sustinere, 9(1), 297–322. https://doi.org/10.12957/sustinere.2021.56049

Edição

Seção

BIOGEOCIÊNCIAS