Diagnose laboratorial das hepatopatias: debate acerca das fronteiras do processo de aprendizagem no ensino médico

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/sustinere.2021.55947

Palavras-chave:

Saúde, Educação, Interdisciplinaridade

Resumo

O presente ensaio objetiva discutir o processo de ensino e aprendizagem do diagnóstico laboratorial das doenças hepáticas e seu redimensionamento, tendo por paradigma o pensamento complexo. Nessa perspectiva, a revisão bibliográfica foi realizada nas principais bases de dados, com análise dos trabalhos, cuja temática relacionava-se ao escopo do ensaio. O diagnóstico laboratorial em hepatologia é um processo fluído, que necessita ultrapassar os muros disciplinares impostos pela categorização das especialidades médicas. Outrossim, a complexidade inserida no ato de diagnosticar tem por base uma racionalidade que implica em prudência e atenção, e deve ser desvinculada da aparente relação dicotômica naturalizada pelo paradigma mecanicista. Repensar o modo como se ensina e como se aprende no processo de graduação em medicina é um aspecto prioritário, podendo impactar em mudanças de posturas necessárias à sociedade. Cabe frisar que tal proposição visa não apenas a assimilação do conteúdo, mas o desenvolvimento da competência médica para estabelecer interconexões com os demais campos do saber médico, bem como com os determinantes sociais, políticos, econômicos e culturais, atribuindo novos sentidos ao conhecimento. Assim, espera-se que esse debate acerca do diagnóstico hepático contribua com as discussões curriculares das escolas médicas, no intuito de promover a revisão de ementas, estratégias, metodologias e reflexões sobre o paradigma que subsidia os aspectos mencionados. Nessa lógica, a transversalidade pode estruturar mudanças no campo do conhecimento acerca do diagnóstico laboratorial das doenças hepáticas mais prevalentes, promovendo conhecimento mais pertinente, contextualizado, globalizado, complexo e capaz de refletir a pluralidade de saberes da sociedade contemporânea.

Biografia do Autor

Raniery Ávila de Oliveira, Centro Universitário de Volta Redonda-UNIFOA

Graduado em medicina.Titular em gastroenterologia (FBG/AMB).Pós graduado em Hepatologia. Preceptor do décimo primeiro módulo do curso de medicina UNIFOA.Diretor Médico Policlínica da Cidadania Bernardino de Souza (SMS/VR).Mestrando em Ensino em Ciências da Saúde e do Meio Ambiente.

Marcelo Paraíso Alves, UNIFOA-Centro Universitário de Volta Redonda

Doutor em Educação pela UFF/RJ. Mestre em História pela USS/RJ, Licenciatura plena ampliada em Educação Física. Docente no Mestrado em Ensino em Ciências da Saúde e do Meio Ambiente- UNIFOA

Referências

BARROS, N.F. O ensino das ciências sociais em saúde: entre o aplicado e o teórico. Ciência & Saúde Coletiva, n. 19, v. 4, p. 1.053-1.063, 2014.

D’ COSTA, M.P.; SWARNADAS, G.S. Students’ perceptions of effective clinical teaching and teacher behaviours on learning. Manipal Journal of Nursing and Health Sciences, v. 2, p. 1-8, 2016.

ESTRADA, A.A. Os fundamentos da teoria da complexidade em Edgar Morin. Akrópolis-Revista de Ciências Humanas da UNIPAR, n. 17, v. 2, p. 85-90, 2009.

FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 2013.

HIATT, M.D. Around the continent in 180 days: The controversial journey of Abraham Flexner. The Pharos Alpha Omega Alpha Honor Med. Soc., n. 62, v. 1, p. 18-24, 1999.

KEMP, A.; EDLER, F.C. A reforma médica no Brasil e nos Estados Unidos: uma comparação entre duas retóricas. Hist. cienc. saúde-Manguinhos, n. 11, v. 3, p. 569-58, 2004.

LERBERT, G. Transversalidade e Educação. In: MORIN, E. A Religação dos Saberes. O desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.

MATTOS, A.A.; DANTAS-CORRÊA, E.B. Tratado de Hepatologia. Rio de Janeiro: Rubio, 2010.

MEIRELES, M.A.C.; FERNANDES, P.C.C.; SILVA, L.S. Diretrizes Curriculares Nacionais e a Formação Médica: Expectativas dos Discentes do Primeiro Ano do Curso de Medicina de uma Instituição de Ensino Superior. Rev. bras. educ. med., n. 43, v. 2, p. 67-78, 2019.

MORETTI-PIRES, R.O.; BUENO, S.M.V. Freire e formação para o Sistema Único de Saúde: o enfermeiro, o médico e o odontólogo. Acta paul. enferm., n. 22, v. 4, p. 439-444, 2009.

MORIN, E. A Religação dos Saberes: O desafio do século XXI. 3. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.

MORIN, E. Ciência com consciência. 7. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.

MORIN, E. O método 2: a vida da vida. Porto Alegre: Sulina, 2001.

MORIN, E.; LE MOIGNE, J.L. A inteligência da complexidade. São Paulo: Petrópolis, 2000.

NAKASU, M.V.P. Em defesa de uma certa enfermidade: cuidados paliativos em debate. Revista Ciências em Saúde, n. 3, v. 4, p. 2-8, 2013.

PAGLIOSA, F.L.; DA ROS, M.A. O Relatório Flexner: Para o Bem e Para o Mal. Rev.bras. educ. méd., n. 32, v. 4, p. 492-499, 2008.

ROCHA, E.C.B.; LIMA, L.J.L.; ALMEIDA, M.V.G.; LOPES, M.R. Necessidade de gerenciamento dos gastos com exames laboratoriais no Brasil. Revista de Educação da Universidade Federal do Vale do São Francisco, n. 8, v. 15, p. 112-128, 2018.

SANTOS, B.S. Construindo as Epistemologias do Sul: Antologia Esencial. Volume I: Para um pensamento alternativo de alternativas. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: CLACSO, 2018.

SANTOS, R.N.L.C.; RIBEIRO, K.S.Q.S.; ANJOS, U.U.; FARIAS, D.N.; LUCENA, E.M.F. Integralidade e Interdisciplinaridade na formação de estudantes de medicina. Rev. bras. educ. méd., n. 39, v. 3, p. 378-387, 2015.

Downloads

Publicado

14-10-2021

Como Citar

de Oliveira, R. Ávila, & Alves, M. P. (2021). Diagnose laboratorial das hepatopatias: debate acerca das fronteiras do processo de aprendizagem no ensino médico. Revista Sustinere, 9, 444–454. https://doi.org/10.12957/sustinere.2021.55947