Diagnose laboratorial das hepatopatias: debate acerca das fronteiras do processo de aprendizagem no ensino médico

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/sustinere.2020.52478

Palavras-chave:

Educação médica, hepatologia, diagnóstico, currículo.

Resumo

O presente ensaio objetiva discutir o processo de ensino e aprendizagem do diagnóstico laboratorial das doenças hepáticas e seu redimensionamento, tendo por paradigma o pensamento complexo. Nessa perspectiva, a revisão bibliográfica foi realizada nas principais bases de dados, com análise dos trabalhos, cuja temática relacionava-se ao escopo do ensaio. O diagnóstico laboratorial em hepatologia é um processo fluído, que necessita ultrapassar os muros disciplinares impostos pela categorização das especialidades médicas. Outrossim, a complexidade inserida no ato de diagnosticar tem por base uma racionalidade que implica em prudência e atenção, e deve ser desvinculada da aparente relação dicotômica naturalizada pelo paradigma mecanicista. Repensar o modo como se ensina e como se aprende no processo de graduação em medicina é um aspecto prioritário, podendo impactar em mudanças de posturas necessárias à sociedade. Cabe frisar que tal proposição visa não apenas a assimilação do conteúdo, mas o desenvolvimento da competência médica para estabelecer interconexões com os demais campos do saber médico, bem como com os determinantes sociais, políticos, econômicos e culturais, atribuindo novos sentidos ao conhecimento. Assim, espera-se que esse debate acerca do diagnóstico hepático contribua com as discussões curriculares das escolas médicas, no intuito de promover a revisão de ementas, estratégias, metodologias e reflexões sobre o paradigma que subsidia os aspectos mencionados. Nessa lógica, a transversalidade pode estruturar mudanças no campo do conhecimento acerca do diagnóstico laboratorial das doenças hepáticas mais prevalentes, promovendo conhecimento mais pertinente, contextualizado, globalizado, complexo e capaz de refletir a pluralidade de saberes da sociedade contemporânea.

 

Biografia do Autor

Raniery Ávila de Oliveira, Centro Universitário de Volta Redonda-UNIFOA/RJ

Graduado em medicina.Titular em gastroenterologia (FBG/AMB).Pós graduado em Hepatologia. Preceptor do décimo primeiro módulo do curso de medicina UNIFOA.Diretor Médico Policlínica da Cidadania Bernardino de Souza (SMS/VR).Mestrando em Ensino em Ciências da Saúde e do Meio Ambiente.

Marcelo Paraíso Alves, Centro Universitário de Volta Redonda-UNIFOA/ RJ

Doutor em Educação (UFF). Estágio Pós Doutoral pela UERJ. Estágio pós doutoral em Educação Física na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Aluno da Especialização Internacional em Epistemologias do Sul (CLACSO) em EAD. Mestrado em Historia Social pela Universidade Severino Sombra, Pós-graduação Lato-sensu em Treinamento Desportivo pelo UniFOA, Pós-Graduação Lato-sensu em Educação Motora pelo UniFOA. Graduação em Educação Física pela Fundação Oswaldo Aranha (1989),. Estágio Pós Doutoral pela UERJ. Tem experiência na área de Educação Física, com ênfase em Educação Física Escolar, atuando principalmente nos seguintes temas: educação, educação física, formação profissional, esporte e história. É docente do Programa de Mestrado em Ensino em Ciências da Saúde e do Meio Ambiente (UNIFOA) e docente nos cursos de graduação e licenciatura em Educação Física (disciplinas de Corporeidade, Educação Física Aplicada a Educação Básica e Fundamentos Históricos da Educação Física).Desde fevereiro de 2009, está lotada no Instituto Federal do Rio de Janeiro campus Volta Redonda lecionando no Curso de Automação Industrial. Experiência em EAD junto ao Projeto SEEDUC Currículo Mínimo da Fundação CECIERJ e como Docente no Projeto SEEDUC Formação Continuada Nova EJA em Educação Física (EAD).

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Publicado

21-12-2020

Como Citar

de Oliveira, R. Ávila, & Alves, M. P. (2020). Diagnose laboratorial das hepatopatias: debate acerca das fronteiras do processo de aprendizagem no ensino médico. Revista Sustinere, 8(2), 581–591. https://doi.org/10.12957/sustinere.2020.52478