REFLEXÃO E CONFLITO NA POESIA DE ALBERTO CAEIRO

Autores

  • Vitor Henriques UFRJ

Resumo

Antes de adentrarmos no heterônimo Alberto Caeiro, cabeuma ressalva do que significa toda a especificidade da estética pessoana,pautada então pelo desdobramento do eu, ou melhor, peladespersonalização poética. Pessoa, em relação aos seus heterônimos,diz que “não há que buscar em quaisquer deles idéias ou sentimentosmeus, pois muitos deles exprimem idéias que não aceito, sentimentosque nunca tive” (Pessoa, 1974: 87). A expressão artística do poetapassa necessariamente pelo alheamento de si, como “[...] atitudes literárias,sentidas intensamente por instinto dramático, quer as assineÁlvaro de Campos quer as assine Fernando Pessoa” (Pessoa, 1974:65). No mesmo texto (trata-se de uma carta pessoal a um amigo) dizPessoa: “não sei ter pessimismo, nem olhar para trás. Que eu saibaou repare, só a falta de dinheiro (no próprio momento) ou um tempode trovoada (enquanto dura) são capazes de me deprimir”. Afirmativacrucial, pois revela que o homem Fernando Pessoa e suas característicaspessoais não devem ser levados em consideração para o entendimentode sua produção poética recheada de versos pessimistas,como pode ser visto em Álvaro de Campos e Bernardo Soares, seusheterônimos. Confirma-se, portanto, aquele seu “sinto crenças quenão tenho. Enlevam-me ânsias que repudio” (Pessoa, 1974: 81).

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Artigos Originais