O afastamento do humano: isolamento, imobilidade e a relação homem-máquina. Uma leitura de A Máquina de Joseph Walser.
DOI:
https://doi.org/10.12957/soletras.2016.22026Palavras-chave:
Desumanização, Literatura Portuguesa Contemporânea, Relação homem-máquinaResumo
Em A Máquina de Joseph Walser, de Gonçalo M. Tavares, observamos a construção de um personagem que emblematiza o afastamento do homem de sua própria humanidade. Joseph Walser, protagonista deste romance que compõe o segundo momento de uma tetralogia denominada pelo autor como “O Reino”, apresenta características como o isolamento, a imobilidade e a alienação. Segundo Hannah Arendt, tais características constituir-se-iam naquelas que originaram o espírito totalitário. A relação homem-máquina também é de fundamental importância neste texto ficcional tavariano, deixando evidente a transformação do trabalho em labor, fazendo com que a máquina/instrumento tome uma dimensão que transcende a meramente instrumental; passa a fazer parte do ciclo vital. O homem passa a se adequar às condições impostas pela máquina e não o contrário, o que contribui, mais uma vez, para que ocorra a desumanização do homem. Este, agora, apresenta-se como animal laborans. Em nossa análise recorremos, com frequência, a reflexões teóricas de Hannah Arendt em Origens do Totalitarismo; A Condição Humana e Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal. Além da filósofa, aludimos também a algumas reflexões críticas do próprio Gonçalo M. Tavares, em Atlas do Corpo e da Imaginação.
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