A REFORMA DA ESCOLA COM MANOEL BERGSTROM LOURENÇO FILHO E AS BASES DE UMA NOVA ESCOLA NO BRASIL

Autores

  • Selma Cotta Chauvet Coelho Colégio de Aplicação da UFRJ

Resumo

RESUMO Neste texto analisamos a doutrina de Manoel Bergstrom Lourenço Filho, um dos líderes de maior expressão do Movimento Escolanovista. Este movimento por uma nova escola, chega por volta de vinte anos após já ter se consolidado na Europa e nos países americanos, por uma nova escola para o Brasil. Em um momento marcado por novas ideias, novas práticas que modificassem a escola que até então apresentava-se como competitiva, baseada na memorização e na repetição, o Movimento da Escola Nova opunha-se a estas ideias, buscando o respeito à liberdade e à individualidade, com base nos avanços científicos da biologia e da psicologia aplicadas à educação. Neste percurso, nos interessa esclarecer se as práticas inovadoras, símbolo de uma educação em mudança, vieram realmente a transformar o cenário educacional, criando sentidos, dando novos significados e provocando as aprendizagens, ou se simplesmente ajudaram a reificar o sujeito cartesiano, revestindo-o de novas teorias? Assim, importa sabermos que sentidos tais mudanças trouxeram ao ensino ? De que forma isto se refletiu na escola que temos hoje? No Brasil, este período foi marcado pela escolha de um modelo econômico de uso do capital estrangeiro, concentrando lucros nas mãos de alguns e tornando a maioria da população excluída, apesar de seu protagonismo na produção da riqueza do país. Várias manifestações foram se formando e se intensificando à medida que o setor médio da população foi crescendo. Clamáva-se por mudanças. Atribui-se à educação a possibilidade de gerar o progresso, colocando o Brasil no caminho das grandes nações do mundo. Como educador Lourenço Filho procurou intervir na organização da sociedade brasileira, de modo a engajá-la nas mudanças sociais que acompanhavam os processos acelerados de modernização a partir da década de 1920, num cenário de recuperação econômica mundial. Neste momento discutia-se a nacionalidade como um organismo social doente a necessitar de remédio para sua cura. Com HOCHMAN( 1998) ampliamos o entendimento sobre a relação que se estabelece entre a falta de políticas públicas de saúde e saneamento básico, que levou à criação do movimento sanitarista, e a pretensão em recuperar e ou fundar a nacionalidade do povo brasileiro. Com Lourenço Filho, as preocupações se restrigiram ao âmbito das atividades de pesquisa, tratando da educação como integração nacional, questão da sua época, do ponto de vista biológico. Num cenário de modernização, Lourenço Filho propõe a reformulação da educação das elites e das camadas populares, diferenciando a educação para os trabalhadores, daquela destinada às camadas populares, e a seleção daqueles para serem educados nas escolas secundárias e nas instituições de ensino superior. Neste entendimento de uma nova escola, Lourenço Filho utilizou-se de procedimentos técnicos, baseados em estudos científicos, testes de verificação do potencial de aprendizagem e introduziu as atividades de laboratório no ensino de formação de professores, com o intuito de compreender os hábitos, temperamento e caráter do povo brasileiro, na crença de melhor controlar e corrigir o comportamento adulto da criança. Neste mesmo esforço de modernizar a nação, a igreja católica cria um projeto pedagógico, brasileiro- os Institutos de Educação ou Escolas Normais- que incorporam os laboratórios como uma prática científica moderna. Estes Institutos transformaram-se em locais de formação de professores, voltados para as conquistas da ciência do século XIX, nas areas da Biologia, Psicologia e Estatística aplicada à educação. Pretendia-se operar mudanças na visão pedagógica e na mentalidade do povo. Acontece que a utilização de novos métodos e processos educacionais baseados em conhecimentos científicos, passaram a se opor ao ideário que uma grande parcela dos alunos, suas famílias e os professores haviam construído sobre a escola, o que implicou no delineamento de padrões de comportamento científico a determinar os comportamentos e aprendizagens de alunos, pais e professores. Neste percurso cabe uma reflexão: em suas investigações sobre os sujeitos escolares o olhar preferencial de Lourenço Filho sempre esteve voltado para o sujeito da razão e não, para o sujeito social, cujas propriedades ainda precisam ser investigadas, pela escola e pela cultura científica. Palavras Chave: Escola Nova, formação de professor, identidade

Biografia do Autor

Selma Cotta Chauvet Coelho, Colégio de Aplicação da UFRJ

Professora do Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro- Setor Multidisciplinar- Ensino Fundamental

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Publicado

28-10-2014

Como Citar

Chauvet Coelho, S. C. (2014). A REFORMA DA ESCOLA COM MANOEL BERGSTROM LOURENÇO FILHO E AS BASES DE UMA NOVA ESCOLA NO BRASIL. Revista Teias, 15(38), 18–31. Recuperado de https://www.e-publicacoes.uerj.br/revistateias/article/view/24464